04 novembro 2024

A eutanásia da cachorra. O quarto ao lado. A morte nas cores de Almodóvar.

          Se teve uma situação que me comoveu muitíssimo, me entristeceu e também me tranquilizou, foi quando durante a pandemia, minha filha decidiu abreviar o sofrimento da cachorrinha "Xuxu da minha vida", que a acompanhou desde os três anos de idade. Xuxu agora estava com 17 anos e convulsionava sem parar na busca de fazer ainda alguma festa para a minha Anna. Ela estava consciente a bichinha. Mas não conseguia andar sem ter uma crise.. Pouca oxigenação, mesmo com o respirador. E tudo já tinha sido tentado na clínica que a internamos para que sofresse menos do que em casa, quando sua garganta parecia fechar e ela tossia para que a respiração fosse possível. 

    A veterinária falou dessa possibilidade. Nesse momento não me lembro exatamente se chamava eutanásia ou se deram outro nome. Era poder morrer, com menos agonia. Não sei com que forças Anna escolheu esse fim para a Xuxu. Uma opção de amor, certamente. E foram fortes, as duas. A medica nos explicou como seria. E não vou relatar aqui por uma questão muito ética. Quem quiser aprender, que estude Medicina. Ou pergunte a quem sabe dizer sobre isso. Anna segurou a sua cachorrinha que viveu muito até. Acho que viveu só pelo afeto da minha filha, para ter mais um tempo de dar e receber. Então, Anna segurou a Xuxu quase desfalecida já, enquanto a veterinária fazia o procedimento. Em menos de um minuto ela se foi. Tranquila, amparada por que mais amou nessa vida. Sua dona. Os papéis ali se inverteram. No passado, Xuxu com poucos anos, era adulta, e latia para alertar se Anna tivesse fazendo alguma estrepolia que parecesse estar em perigo. Agora era a jovem Anna, a  decidir o final de sua velhinha.

   Saímos dali meio anestesiadas. Já nem pensávamos no medo de pegar covid, que ainda nem vacinas tinha. Éramos só sentimento e pensamento.  Uma letargia. E a mim, especialmente, tranquilidade. Fizemos o que precisava ser feito. Não hei de negar de que também estava tomada pela serenidade de supor como pode ser simples uma eutanásia no humano. A lei brasileira não permite o suicídio assistido. Tema que deve ser tratado com o máximo de cuidado e a delicadeza que merece. Ainda mais nesse país onde as coisas costumam acontecer de um jeito meio sem controle, assustador. Mas logo me dei conta da lista de países na Europa e América Latina, onde é permitido. É um conforto diante do inevitável. Claro que é. 

   A atual decisão do maravilhoso poeta Antonio Cícero, que morreu na Suíça, mexeu com todos nós. Uma das maiores questões do humano- não a única- tem a ver com a finitude. Alias a falta de humildade de muitos poderosos tenta esconder essa verdade. Somos mortais. E alguns se pretendem imortais com sua força,  tão ilusória. Não foi o caso de Antônio Cícero. imortal por sua poesia, na Academia Brasileira de Letras. Mas poetamente sabedor de nossa tão efêmera existência. Ainda consciente preferiu ir-se com dignidade, ante a devastação inexorável provocada pelo Alzheimer, do qual ja descobriram o teste detector, mas não a cura. Melhor morrer. Com certeza melhor. Espero muito que tenha sido tão tranquila sua partida, quanto foi a da Xuxu.... Você até pode pensar- que estúpida, comparar a morte de um ser humano com a de um cachorro. Não me parece. Eu também preferiria partir como a Xuxu, se tivesse essa escolha diante do impossível de suportar.

   Vejo a mãe de uma amiga, que de repente, perdeu a consciência. Retira a fralda que precisa usar, se suja inteira. Nem sabe o que está fazendo, ou quem é. Precisa ser amarrada a cama para não cair. E minha amiga, perdendo também ela as forças do viver, por testemunhar esse final tão cruel. Certamente se fosse possível prever quando tudo aconteceria, talvez ela tivesse escolhido outro destino. Por isso dentre outras coisas, um testamento vital é importante.

  E assim, vamos para O QUARTO AO LADO, filme mais recente de Almodóvar. Nas cores de Almodóvar. No jeito Almodóvar de falar das coisas mais sórdidas com tanta humanidade. E crueza. E por que não,  o fim da própria vida, em um momento menos aterrorizante do que o final dos finais. Tilda Swinton e Julianne Moore fazem uma bela dupla. Mulheres maduras. Ainda em um momento em que a beleza não se transformou em decrepitude. Longe disso. A questão ali é um câncer nas vertebras, no qual experimentos fracassaram em detê-lo. O personagem de Tilda não quer, com toda razão ao meu ver, esperar que a medicina e a própria incidência da doença desumanize seus últimos instantes. Aluga uma casa de campo - um cenário lindo. E chama a personagem de Julianne para acompanha-la. A amizade vence o pânico e o horror da situação. 

  Eu pensei que fosse mais puxado, difícil de aguentar assistir. Mas não é . Almodóvar é um mestre do cinema mesmo. Se fosse um filme americano, teria muito sangue e cenas de sofrimento físico atroz- por que os americanos parecem não prescindir disso- seria pouca sensibilidade... talvez. Se fosse um "Bergman" como ouvi gente criticar: "detestei, Almodóvar sendo Bergman", que bobagem- teria diálogos existenciais infindáveis. Não é assim. É a crueza da vida, simples assim: a filha da Tilda, se importa pouco com a morte da mãe - "a escolha é sua" , sem mais. Não tem ferimentos na carne, vômitos, nada disso que justamente a personagem queria evitar. Almodóvar também. É uma morte que não vemos acontecer. Mas o cineasta nos faz acreditar que foi muito suave,  a julgar pela expressão da morta ao ser encontrada. Parecia dormindo. De batom vermelho e roupa de cor vibrante.

  Diante disso que acabei de narrar, gostaria muito que esse texto e esse dia terminasse com a frase de uma música de Chico Buarque: "o mundo compreendeu, e o dia amanheceu, em paz"...É isso. 

28 julho 2024

Todos os dias perdemos as olimpíadas, basta olhar no instagram

      Por comparação,  tem sempre alguém melhor do que você, do que eu, do que nós. Não se preocupe. Você não ganhará nem o primeiro lugar, nem nenhum outro no pódio ao se conectar com a internet. Parece que a coisa é feita para isso. Uma espécie de castigo: acorda e olha o instagram para testar. Ah você já ia olhar o instagram de qualquer jeito. Claro. Essa é a ideia. E tenho saudades de quando "estar conectado" não era uma obrigação, e nem um vicio.. como parece ser agora. 

     No mundo, poderíamos supor que tem sempre alguém mais bonito, mais capaz, mais saudável, mais tranquilo, mais organizado, mais jovem, mais abonado, mais mais, mais, mais e portanto MAIS FELIZ do que nós. Agora temos certeza. Buscando a felicidade na internet? O que? A infelicidade talvez. 

    Estou em São Paulo, 18 graus, com fortes rajadas de vento. Convidativo para ficar em casa. Tentar ler um livro. Pode ser. Olhar as olimpíadas, ah está todo mundo vendo.. vai ficar de fora? Ah vou sim. Até por que cancelei a televisão e isso me obrigaria olhar a internet.... procurar mais,  e mais. Dispersar, sim. Parece uma produção incessante de TDAH. Qual era o meu objetivo ao entrar,  agora? Olhar os novos cortes de cabelo, tendencia em 2025, estamos em julho, o ano já passou da metade.. é adiantando para não ficar para tras... O que? Olha os uniformes feito pelas bordadeiras....Olimpíadas. Era isso. Por que não posso ir a Paris para ver ao vivo? Quem está em Paris? Aquela atriz..... nossa por que não sou atriz de cinema, influencer....

    Se você se vê assim em algum momento, imagina as suas crianças ao meter a mão e a consciência em um celular. Como é que depois será possível prestar a atenção em uma sala de aula? Por favor não faça isso. Não dê,  nem empreste. Não deixe.... Ainda não estamos em Matrix. Ah nao sabe do que se trata? Assiste aquele filme velho vai, tem uns 25 anos já. Mas tem uma lógica... Ali o mundo já acabou. Então vamos ganhar agora por comparação: O NOSSO MUNDO AINDA NÃO ACABOU. Ainda tem florestas- devastadas- mares-poluidos, vidas - depressivas. Mas tem. E as nossas crianças, começando a jornada. A aposta é nelas. Claro. E quem sabe os velhos, sim esses mesmos, que você jogaria direto na lixeira, ultrapassados, serão grandes conselheiros de uma vida possível com um pouco mais de autenticidade. Pense ai. Só você pode ganhar as suas olimpiadas. Medalha de ouro. Você. Quem?! Você, você e você, sem comparações. O melhor de você. Sai dessa bolha e vai para o parque, vai.

19 julho 2024

Quando a filha de Virginia e Ze Felipe fala com o tio que já morreu, o que pode ser isso?

  Leio que Maria Alice, que fofinha, viu e falou com o cantor sertanejo Leandro, morto aos 36 anos, da dupla Leandro e Leonardo.  Trata-se de um fenômeno sobrenatural? Depende da crença de quem busca  uma resposta. A mãe da menina, segundo a reportagem, conta que outras vezes a pequena falou com Leandro. E que quando coloca um chapéu especifico diz que é "Liandro". Que amor.

  Isso me lembra cenas passadas com meus próprios filhos: JB com uns três anos,  e hoje adulto, pega a foto de Otavio, alguém que ele nunca viu e exclama: "Tio Otavio". Imediatamente a viúva dele, Tia Laurita se emociona e supõe que JB é a reencarnação de seu marido,  famoso maestro, e  seu grande amor. Será? Esses sentimentos estão no ar, essa amor, a perda mesmo que longínqua em tempo, é próxima de quem perdeu, a personalidade de um ente querido é mencionada, quantas e tantas vezes e nem notamos o que falamos. A criança sim, escuta tudo, grava como uma esponja que está ali. Antenas sempre ligadas. Ela simplesmente devolve as informações recebidas. E com seu pensamento mágico, busca recompensar a família, daquela ausência, procurando faze-la presente. 

  Minha filha AL conversava com sua "vovó Yvonne" ao telefone. Ela era bem pequena, e já falava tudo, Impressionava a qualidade de perguntas e respostas "recebidas", por Anna naquelas "ligações". E prestávamos atenção ao "fenômeno", não necessariamente sobrenatural. A criança tem uma permanente demanda de amor. Quer atenção. Então repete a cena que foi aprovada. No caso da Anna e sua avó, de onde ela retirava tanta informação? Certamente de nós mesmos. Daquilo que ela escutava em casa, de fotos,  de conversas de uns com outros, do amor que aquele nome  evocava em nós. E daquilo que é geracional e passa de inconsciente para inconsciente. Se a criança é sensível, capta. E atua, representa. Acredita, realiza.  Acontece que as vezes pode haver um exagero. Foi o caso da Anna. Talvez por necessitar tanto de amor e aprovação, as conversas com a vovó foram ficando cada vez mais frequentes. Cada vez mais profundas. E "reais". 

  Quando o exagero acontece, cabe aos cuidadores da criança, darem um basta nessa excitação, digamos assim.  Já sabemos que você pode falar com a vovó. Agora vamos nos despedir dela? Deixa-la descansar? E assim, as conversas cessaram. 

   Com certeza, os pais de Maria Alice saberão o melhor caminho, e se a brincadeira pode ou não continuar, dependendo da maneira que a menina leva essa história consigo. E tudo bem. A vida segue seu rumo. É muito bom falar de crianças. Só falta eu dizer: me segue para mais....Beijos

Pauline Fonseca ( não sou parente da Virginia, mãe da menina. É mera coincidência) 

24 março 2024

Até as princesas podem ter câncer. A vida não é um conto de fadas...

       Olá, que a vida não é um conto de fadas, você já sabia não é... Basta estarmos vivos para chegar a essa conclusão. A vida é dura desde o parto, quando aquela pele tão fininha precisa se acostumar com a densidade - que hoje nem sentimos- do oxigênio. A vida logo arde, o bebê aprende. Depois passa. Sim, passa. Esse primeiro mal-estar passa. Assim como a vida, passa.

      Depois da morte da rainha Elisabeth II, aos 96 anos, um ícone de perseverança e manutenção do lugar que lhe foi conferido, aquela pompa perdeu a graça. Sem tentar aqui fazer um razoável arrazoado do quanto me parece zoado falar de "realeza",  do nefasto imperialismo europeu e suas consequências para o resto do nosso mundo, digo que a rainha ali parecia mesmo uma figura notável. Manipuladora, mostrou aquela séria da netflix, exercendo sua soberania inclusive na familia,  como prova o atual rei Charles. Nada que ver com talentoso Ray cantor  apesar da homofonia, infelizmente, para o rei. Foi um péssimo marido no primeiro casamento, as cegas, mas também que vida triste. E agora finalmente podendo fazer um pouco mais o que gostaria, com a mulher que quis, mas antes não se autorizou a essa chance... li que ele hoje está com um câncer . Voltando a mãe do rei: além de manipuladora, parecia firme. E cumpridora do que tomou para si: manter de pé um desejo de coroa. Junto com aquela adoração popular, antes vista.

    É certo que o ser humano é mortal e de alguma coisa irá terminar seus dias. Comemos mal, dormimos mal, somos sedentários e nos estressamos bem. Só de dar uma rodada no instagram com tanto estimulo visual e auditivo, eu pergunto: me conta se você ainda tem concentração para ler bem um livro, sem achar que está com "TDAH", diagnostico de tudo aquilo que não se sabe direito o que é. Distração, alienação, falta de concentração. É tudo rima, mas não faz poesia não. 

  Aí vem a princesa e conta em um vídeo que o seu sumiço ( eu não havia notado) diz respeito a uma cirurgia no ventre, onde foi encontrado um tumor, "um câncer dos grandes" segundo suas palavras, apos uma foto manipulada - ate agora não entendi bem essa parte. Não sei o que ela fez na foto, será que foi plantada onde não estava- eita ponto de interrogação que parou de funcionar de novo- você que segue essa trilha real, certamente sabe disso que eu não sei. 

  O que me traz  motivo de comentar alguma coisa sobre essas celebridades que parecem menos fugazes do que as da tv, cinema ou streaming..,  é a possibilidade de, descontruirmos alguma expectativa de felicidade alheia, felicidade "Real," felicidade que exista fora de nós. Por que dentro de nós, sabemos que felicidade é um conceito bastante des- esperançoso. Um ideal inalcançável, como todo ideal. O conto de fadas é um conto do vigário. Só existe mesmo em contos de Grimm, assim mesmo como promessa, não vemos o resultado do " E viveram felizes para sempre"... Não sabemos, por que o conto termina justamente nessa frase. Sem continuidade.

   Posta a notícia: a princesa da Inglaterra está tratando de um câncer. E torço para que o tratamento seja bem sucedido. Como torço para toda a humanidade ser pelo menos, menos sofredora. Ao mesmo tempo em que essa noticia da doença da princesa circula, surge também - no universo paralelo dos casados- que fulana é amante do marido. Ai fica a  questão: mesmo os príncipes encantados padecem do mal- chismo de nas horas mais importantes, difíceis e desesperadoras, deixarem suas consortes ao léu! ( sem interrogação, vai exclamação mesmo). Tomara que seja uma fakenews. Senão é mais uma mulher que lutou tanto para chegar "lá" e descobriu que o "lá". não existe. Só a nota musical que vem depois do sol....Que depois do sol  e do "lá", venha então o si. Sim, o olhar para si....e que daí ela possa fazer uma boa composição. Sol, lá, si... dó.

   


10 setembro 2023

O que é que eu fiz da minha vida? " Rien... c'est bien mieux que tout."..

  Já parou para pensar? E para pesar, já parou? Já parou de pesar? O peso  da balança e o que vida tem?  Pesar por aquilo que não fez e não fará.. Pense no que ainda poderá fazer.
  Tenho estudado poesias,  que também são letras de música. Antigamente eu gostava muito de escrever letras. E já escrevia pensando no ritmo que iam ter.  E assim era. Em geral tinham um objetivo: peça de Teatro. Outras, publicidade. Sim, dava para ter letras bem poéticas na publicidade. E é a palavra em circulação. Está valendo.
   Alias, vale muito mesmo quem passou a vida criando música, letras. Tenho lido as letras, as poesias musicadas de Serge Gainsbourg. Sabe quem é? O marido de Jane Birkin. Aquela da bolsa Birkin, o casal " Je T`aime , moi non plus". A dupla erotique.  Mas isso foi de um tempo. O lindo tempo- parece- que viveram juntos. Li que foi bastante conturbado também. Embora criativo. Rico em letras e músicas. Deixaram uma marca interessante nos anos 60, que reverbera até hoje.
   Com isso, fui olhar as outras composições desse gênio. E descubro que algumas delas me acompanham desde a infância, mas eu não conhecia a autoria. Eram desse compositor. E fui lendo e fui lendo. E reaprendendo esse idioma que já falei tão bem, mas fui esquecendo. Tudo bem, relembrei. E assim posso gostar melhor também desse grande poeta, que me refiro aqui. Ele era bastante querido na França, pelo que constatei. Mas nem tanto quanto deveria. Havia uma veneração pelo seu jeito de pessoa que já descobriu que alguns valores da vida são ilusão, fachada. Nem aí para tudo isso.  Não acredito que fosse apenas uma imagem de "mau". Olha a densidade dessas letras. Da uma olhada.  Procura. Não vou dar a cola não. 
   O que eu fiz da minha vida? Ainda estou fazendo. Estamos. Que bom. 

02 julho 2023

"Casamento as Cegas", é só show ou tem alguma coisa de reality nisso?

   Quem assina jornais on line como Folha de São Paulo, O GLOBO já se deu conta faz tempo que, além das noticias diárias, vem pendurada uma penca de fofocas de pessoas que nunca vimos e nem sabemos quem são. E muito menos, tem importância em nossas vidas. Certo?

  Errado. Elas acabam entrando de alguma forma em nossas cabeças, mesmo que seja para uma reflexão sobre o mundo em que vivemos. Posso não saber nomes, mas me faço perguntas. Por exemplo: outro dia li sobre o arraiá de alguém no Maranhão. Essa pessoa convidou muitos ex-"bbbs" que pelo visto se tornou um grupo social, uma categoria. E tb, fulana, "ex- casamento as cegas" e hoje "only fans".... Ai é que me chama a atenção: Casamento as cegas não é por acaso aquele programa da netflix,  franquia do americano, "Love is Blind" e agora em sua versão nacional, com um belo casal de atores/ apresentadores- casado-  que recebe homens e mulheres hetero-normativos dispostos a encontrar alguém para casar? A ideia do programa é: um circuito de gente, em numero par- mesma quantidade de mulheres e homens. Que em entrevistas rápidas, vão se conhecer (?) durante alguns dias  e se escolher sem terem se visto até a hora em que um ou outro fizer o pedido de casamento...

   Sim e não. Talvez, quem sabe. Você sabe? Você viu? Você participou? Bom, diante do insosso Big Brother, descubro na contramão que "Casamento as Cegas" virou notícia. Então leio: os participantes recebem cachê.... Muito justo, estão participando de um show, confinados e apartados de seus empregos/ trabalhos e desempregos também.  Será que é justo mesmo?  Ou é aí que está um dos dramas da dinâmica?

   Após a pandemia o Brasil vive mais uma crise, dessa vez com alguma justificativa que não seja apenas a incompetência dos governantes. Digo apenas. Por que durante a pandemia foi aquele horror total, descaso com o ser humano e tal e tal, pelos governos e governantes em todas as suas instâncias. Milhares de jovens que deveriam ter ingressado no mercado de trabalho estão desempregados. Milhares de pessoas baixaram seu padrão de vida, por que o mundo virou de cabeça para baixo. 

   Para agravar a situação do reality que pode ser apenas um show, vem esse fenomeno, esse  boom das pessoas encontrarem saída para sua sobrevivência,  seu ganha pão e também para seu narcisismo estrutural, ao participar de um reality show. Quantos seguidores conquistarão e a partir daí , mais dinheiro na internet?

  E quem for a esse programa querendo casar de verdade, querendo arrumar um par? Como é que fica essa pessoa? Se muitos, vão ali para ganhar um cachê  e ou notoriedade? Será que esse sonho encantado de encontrar um cara metade, metade da laranja ou outra besteira, é apenas uma besteira mesmo? Será que se submeter a uma transa gravada é apenas exibicionismo consentido? O que mais vamos ter daqui para a frente?

  Me lembro ha anos atras uma noticia on line, de que uma jovem estaria "leiloando sua virgindade" para uma mostração ao vivo, enfim, tudo isso não cheira bem.  Aqui só uma associação de idéias. Meio bizarras.. 

 Qual a solução? E precisa de uma?

  Penso que a primeira coisa a fazer seria: não pagar cachê para os participantes desse show. Quem quiser casar, que faça um pé de meia, e arque com essa possibilidade de confinamento por uns dias.  É um jeito de barrar uma pessoa que queira utilizar a outra como uma coisa, um objeto, para ganhar um cachê apenas. Se manter no programa até o final- que é um casamento- para ganhar esse dinheirinho mensal. 

 A segunda coisa é fazer um contrato com aqueles que se aproximam do final, de que não participarão de redes sociais por uns seis meses, para se tornarem elegíveis ao sim ou  ao não.  Para salvar o possível outro lado do casal, o parceiro/ parceira,  também de ser um objeto de uso, trampolim para virar "celebridade". Expor o outro ao contrangimento apenas para fins pessoais.

  Do contrário, o programa brasileiro ficará desacreditado. Tanto na entrada de gente a fim de se comprometer com a canoa furada dessa formula de casamento, quanto em termos de audiência. Enfim, minha reflexão de domingo sobre esse assunto de menor importância. Mas que permeia a vida do ser humano, encontrar alguém para amar. Se não é nada disso, me perdoem a ignorância ao tema. Que sejam felizes todos no próximo arraiá que surgir, na próxima festinha grátis, pois tal e qual uma mordida de vampiro, você que passou por ali e ficou até o final, terá se tornado uma/ um pseudo- ninguém nessa  "terra de cego onde quem tem olho é rei".

 

28 junho 2023

Hoje o mundo inteiro comemora o Orgulho Gay. Você também pode comemorar. É uma conquista que diz - respeito- a nossa humanidade

      A  comunidade LGBTQIA+ comemora hoje o dia do Orgulho Gay, por que neste dia, em 1969, na cidade de Nova York uma grande conquista foi realizada no West Village, na  Christopher Street, no bar Stonewall, um lugar de acolhimento a população homossexual e transexual. Um "reduto", palavra dessa época, um ponto de encontro, mas principalmente um lugar um pouco mais seguro, onde uns podiam proteger aos outros das sucessivas investidas tão agressivas e cruéis, da polícia e de civis. Proteção muito importante e vital, em uma época em que ser gay era "ilegal, crime". Ser gay também era considerado "doença mental". Dava-se eletrochoques para "curar" a homossexualidade. Dá para ser crime e doença mental ao mesmo tempo? É a logica da segregação, onde qualquer motivo era e é suficiente para tentar uma espécie de extermínio, de cancelamento, de linchamento. E foi ali mesmo, naquele bar, na ilegalidade- era proibido também aos gays se reunirem e beberem alcool- que reunidos e com a força que a opressão contínua e a luta perseverada fornece a cada um, que conseguiram enfrentar uma grande batida da polícia, e dar um basta.  A partir daí as leis do Estado de Nova York e dos EUA- não todo o país- começaram a mudar. Ainda há muito para conquistar nos Estados Unidos da América, no Brasil, no mundo. Mas informe-se.

   A partir de um pequeno letramento sobre o assunto, você, como eu, poderá comemorar este dia. Mesmo que você não seja gay - tem certeza?- todos nós temos um inconsciente bem pouco mapeado em termos de sexualidade. Todos nós poderemos ser qualquer coisa nesse campo. Mas isso é outra questão. O mais importante aqui,  no dia de hoje é que, mesmo que você "não tenha nada a ver com isso", tem.  Cada vez que uma população tão bonita quanto essa, luta por seus direitos e conquista mais espaço, somos nós humanos- somos?-  que subimos um degrau na nossa humanidade. Nos tornamos mais gente. Gente boa. Não boazinha. Boa gente. Entendeu? Entendemos?

  Caso você se interesse em saber mais sobre o tema, sugiro o filme "Stonewall, quando orgulho começou". Tem no Globoplay. E tem no youtube, dublado. Nem precisa ler as letrinhas. Nas entrelinhas, sempre. Assista que faz bem. Não é nem de longe um documentário- esses trariam um tanto mais tragicamente toda a situação vergonhosa do preconceito, da ignorancia, da sordidez, para com o universo gay.  É um filme colorido, de 2017. Que dará a você a possibilidade de conhecer um pouco mais, alguma coisa de fundamental na nossa cultura. Os diferentes modos de ser nesse mundo. Experimente. O meio ambiente tem você no meio.

Hoje, dia 1 de julho de 2023 assisti o Lulu Santos, no quem Pode Pod. Vale a pena: https://www.youtube.com/watch?v=0erQFq86PvE&t=3103s

  No mais desejo um arco-iris de felicidade  a todos vocês amigos que tanto amo, a todos os parentes que tanto respeito, a todos os pacientes que já passaram por meu consultório,  com suas questões de gênero. Seus medos, suas rejeições de família, suas lutas internas e externas, suas conquistas, e sua esperança de um mundo melhor. Vocês são um lindo exemplo de amor a vida e suas inúmeras possibilidades. Parabéns para vocês querides!!! Viva!!! O mundo também é de vocês. 

18 junho 2023

Acho que a série Black Mirror queimou e a tela não acende mais.

     Sabe quando você liga seu celular e aparece apenas aquela tela escura e sem vida... é ele parou de funcionar. Está na hora de comprar um novo. A gente já percebeu como as novas tecnologias preparam seus produtos para terem vida curta e serem rapidamente substituídos. É o capitalismo cada vez mais selvagem, o consumo desenfreado e suas múltiplas consequências. O planeta é que o diga, com tanto lixo eletrônico descartado. E tanta natureza sucateada para que novos produtos sejam feitos. Nossos biomas em desequilíbrio. Quem leu sobre isso, ou  pelo menos se interessou, durante o confinamento na pandemia já se deu conta do quanto tudo está interligado e não apenas a internet: a própria vida, o meio ambiente, o fim da Terra. 

  Mas não são apenas nossos aparelhos que compramos para durar, que caem em desgraça. Assisti a nova temporada de Black Mirror. E parece que a criatividade que deu origem a uma das séries mais instigantes dos últimos tempos, está em extinção. 

 Do primeiro capítulo da  primeira temporada, quando a sanha de haters exigia que o primeiro ministro ingles transasse com uma porca- era violenta a coisa sim- em cadeia nacional para que a "rainha do facebook" fosse libertada de um suposto sequestro, dava o tom do que viria a seguir. Situações antes inimagináveis, onde o conhecimento de informática, robótica, comunicação, ciências de todos os naipes, comportamento do consumidor, deslizariam por roteiros ágeis, assustadores, surpreendentes e inteligentes em  mais algumas temporadas.

  Ai  sexta feira eu entro na rede e decido "maratonar" a sexta temporada. Começa o primeiro episódio: uma mulher tem sua vida copiada no streaming, ela vive aqui e aparece ali na tela quase em tempo real. Só que. Selma Hayek ( que eu adoro desde Frida) faz o papel da vítima clonada na ficção- ficção não, por que é a vida real dela, ok.  Mas está representada por essa atriz, que de fato não estaria interpretando a vivente de enredo copiado,  a imagem de Selma é recriada artificialmente, para contar a história de vida da vítima em questão. Das vítimas.

 Enrolado, mas nem tanto. Taí, a moral da história é a de que não costumamos prestar atenção no contrato que damos anuência- será que você já leu algum deles- pergunto- quando  resolvemos fazer parte de uma rede social ou contratar um streaming.  Sabe aquele boato que surge de vez em quando no velho e bom FB dizendo que "a partir de amanha  nossas fotos e fatos poderão ser usados como eles bem entenderem"... por ai. Somado ao fato de que -existe sim uma escuta- nos sistemas que ligam os celulares e, nossa vida pode estar sendo escutada e aproveitada em algum folhetim.. vai saber. Bom saber mesmo. Tá, boa. Meio arrastado o episódio, mas gostei. vamos continuar.

O segundo episódio fala de uma cidadezinha deserta, devastada no passado por notícias de assassinatos de um suposto torturador. Hum, assiste esse, você. O fato de ter filmadoras antigas e novas,  e máquinas fotográficas. não quer dizer nada. Esse episódio francamente já está fugindo muito da idéia inicial. 

 Terceiro, decido pular e assistir um que tem um nome de mulher. Ela vira lobisomem. Hein... embora a moral do enredo queira mostrar a morbidez e falta de ética do humano, via esses fotógrafos "paparazzi.".. não tem nada que ver diretamente com "Black Mirror". E o próximo episódio se chama "Demonio". Aí desisto. Não dei um spoiler. Só um sinal de alerta caso você como eu, sejá fã da série. Não me acendeu a imaginação, curiosidade, nem aquele frio na barriga de pensar no que a tecnologia é capaz. O lado bom disso: é possível que nossa capacidade de pensar seja muito maior do que as novas tecnologias que logo se tornam obsoletas. E portanto, a série teria ficado datada ou sem assunto. 

 O lado melhor ainda é que eu desliguei o computador e fui ler "O que é o racismo estrutural" de Silvio Almeida. Ali tem um enigma a ser desvendado- estrutural, por que a utilização dessa palavra. Vale a leitura, Melhor do que perder a cabeça com uma série de streaming, é mergulhar fundo nas questões mais importantes que nos faz menos humanos. O racismo é uma delas. Entenda como esse conceito foi construído especificamente para a manutenção de privilégios da branquitude, arrogante e vergonhosa em sua capacidade segregadora. Que essa temporada de horror, há mais de 500 anos no Brasil, finalmente termine.. 

16 abril 2023

Vida longa Rita Lee, imortal você já é.

     Amada Rita Lee. Que você permaneça por aqui mais o tempo que for possível, nos inspirando pela vida. Com tanta alegria, sabedoria e doçura revolucionária. Te amo. Te amamos. 

    Foi tão bacana essa homenagem hoje no Altas Horas. Eu não fazia ideia que você tinha inaugurado aquele programa. Agora o palco tem o seu nome. Quantas pessoas você ajudou carreira, impulsionou destinos. E alegra nossas vidas. Muito obrigada sempre. Realmente, "não dá pra ficar imune".  

17 março 2023

Salvador Dali bem aqui, na caixa do supermercado. E aí Brasil...

   Escuto assim: "chocolate derretido"...será que foi isso que ouvi....relógio derretido... Nossa... o que você está me perguntando... saio de minha distração a observar pessoas pagando nas diversas  caixas do supermercado. É a minha vez, passo os produtos e a moça sorridente do caixa fala comigo. Ela insiste na pergunta: é o relógio derretido do Salvador Dali? Olho para ela sem entender direito. Ela aponta para meu colar. 

  Começo a sorrir de alegria. E repondo: sim! É sim!  Claro! É isso mesmo. É o relógio derretido de Salvador Dali ! ( o pintor  surrealista espanhol  o repete em quadros. E está ali reproduzida em uma pequena bijuteria prateada no meu pescoço).  Por mais alguns segundos lembro do museu em Paris e do dia em que compramos essas pequenas jóias: eu,  minha filha e minha mãe. Que viagem linda e importante para nós, apesar do calor anormal que fazia, lá se vão 12 anos. 

    A moça continua animada com a conversa e  suponho, com a minha receptividade.. Eu pelo menos fiquei entusiasmada em escutar o que me dizia. Ela fala em Magritte. E aí diz: eu gosto dos surrealistas, mas  prefiro os impressionistas. Vai  discorrendo uma lista de comentários inteligentes, rápidos o suficiente  para manter a conversa, enquanto passo as compras e ela digita..Já não me lembro com que gancho, pergunta se gosto da Frida Kahlo. Sim! E se conheço uma pintora contemporânea dela: Remédios Varo. É mesmo? Não conheço, mas vou procurar saber. A moça me fala de um quadro com o céu que vai descendo pela tela...Você estuda Artes? Ela diz que não. Eu digo: ah sim, você gosta, aprecia as artes plásticas. Ela sorri. É isso.

   É isso e muito mais. Ou muito menos. La vou eu com minhas sacolas pensando: escola, universidade, oportunidades, futuro...

   Alguns dias depois volto ao super mercado. Reconheço a moça do caixa: foi você quem me falou do Salvador Dali? Ela confirma e pergunta: você já leu sobre a Remedios? Ainda não, respondo. Mas vou ler. Contei para todo mundo o que você disse sobre meu relógio derretido. Você foi a única pessoa até hoje que conseguiu associar a imagem dos quadros aquela bijou... É verdade.  Mais tarde penso: meu pequeno reconhecimento- um elogio, tentando tapar o buraco das imensas desigualdades desse país, ainda mais com a população negra, historicamente desprivilegiada, que tem dois muros pela frente: a pobreza e o preconceito racial. Talvez o sistema de cotas possa fazer alguma justiça. Mas, e o percurso até a universidade. É possível? Ou alguém com tanto interesse e entusiasmo pela vida, ha de estacionar no caixa de um supermercado? Nem adianta o auto- engano redentor de nossas consciências, não se trata de "meritocracia" . O futuro é desafiador, requer muita luta de um lado, e o abrir mão, de outro.

Torço por você moça do Dali. Que o mundo seja acessível ao seu usufruto, para além da sua caixa registradora.

04 março 2023

Mulheres sem prazo de validade. 10 anos depois, dou ainda mais valor a essa conversa.

   Dez não, são onze já. O livro  "Mulheres sem prazo de validade" foi lançado e fui chamada em todo lado para falar sobre isso: o prazo de validade que principalmente as mulheres, recebem e a maior parte aceita sem questionar, esse apagamento de suas faculdades mentais, sua capacidade de ser atraente como mulher, seu interesse como ser humano. Tornando esse cancelamento social, um verdadeiro algoz interno, no mais profundo desamparo de- não sei o que dizer ou o que fazer com isso. Ou contra isso. Ou ainda, ao seu, ao meu, ao nosso favor. 

   É claro que o assunto não toca só as mulheres. Outro dia li um comentário digno de esquecer- se não fosse o tema aqui-  da atriz Evangeline Lilly ( destaque em Lost)  para Michael Douglas : "você é um vovozinho que eu gostaria de transar". ( sic) Folha de São Paulo.  Em que pese a tradução ruim, pode ser, não vi a frase no idioma original...  não precisava dessa fala, mesmo que seja qualquer besteira para promover um filme da Marvel. É um "qualificar"- gostaria de transar- com você- vovozinho.  E no diminutivo ainda por cima, adjetiva um- você está datado- e ainda assim, eu tenho essa bizarrice. Eu Lilly me faço ainda mais jovem ao ressaltar essa boa distância. Pretenciosa você Lilly, ainda meio lost na vida, diante das evidencias: veja o percurso do  Michael como ator de muitas dimensões e o seu, bonita da série que já esqueci.  Será que a coisa está posta assim: você vale mais no mercado selvagem das trocas utilitárias, por ter alguns anos menos? Pois espere uma década dona moça. E os filmes que caem em seu colo agora, comecem a rarear. Bom,  torço  para que até lá, essa crueldade que você mesma está praticando, tenha sido erradicada. 

  Falo por mim: comecei a sentir mais  o peso da idade.  E não são as rugas que vão aumentando, a celulite, a flacidez aqui e ali.  É interna a coisa. Sim, ou será que você está pensando que a velhice anunciada é apenas uma questão de botox? 

 As alergias por exemplo. As intolerâncias. Não adianta mais ignorar. E eu fui bem advertida. Sabia que o nosso organismo vai se adaptando ao que comemos sem critério, até a hora que não consegue mais metabolizar , excretar. E ai inflama. Esperei a água bater no nariz, literalmente, para deixar a ficha cair. Além de outros objetos. 

Durante a pandemia eu tinha gripes sem fim. O que era isso?   Não sei, não sabia. Covid não deveria ser, ainda mais sem vacinas, eu teria morrido. Depois com as vacinas, continuei com as gripes, dores de cabeça e tal. Por que, também não sabia. Até a hora que baixei em um médico que me disse- isso parece ser sinusite.. Resumindo: fui ao otorrino, fiz tomografias. Era sinusite sim,  crônica. Que inicia com a alergia a alguma coisa. Alergia ao que ? . A tudo que eu tinha alergia antes e não prestava a atenção, não fazia sintoma.

  A coisa vai assim:  água sanitária, ou o nome que tenha em seu Estado. Aqui é Cândida. Em nada cândida: é um dos produtos que causam fortemente, alergias respiratórias. Utilizamos muito durante a pandemia. A ideia era,  eficaz sim, uma maneira de combater o  virus:  lavar tudo que chegava da rua, com o alvejante. Passávamos no chão também . Certamente o que causava as  minhas "gripes" sem fim. Até eu descobrir levou um tempo- até outro dia-  e muitas crises. Vejamos a intolerância a lactose: eu comia pizzas, sanduíches. E anda acreditava que a famosa "muçarela de búfala" era a resposta para a substituição ao leite de vaca. Não é não. O que se passa agora é meu organismo não aguenta  nem de longe, o cheiro de água sanitária. E nem um pedacinho de queijo de vaca ou de búfala. E se escrevo aqui é para alertar você também. Queijo de cabra, ok. Água com alcool para lavar chão, ok também.

    As suas fragilidades são para ser consideradas. Isso é a sua fortaleza. Saber de si, em um sentido mais amplo. Daquilo que é ingerido, o que faz bem e o que não faz. O  que cái mal,  é o  que faz ou fará  adoecer quando seu organismo não tiver mais tanta energia para gastar combatendo esses vilões.. O que preciso esquecer que existe... Açúcar por exemplo. Quem disse que isso é alimento? Pode ser um tipo de prazer- discutível. Mas nutrição é o que não é. Corrói a saúde. Experimente viver sem. 

   E os exercícios? Drauzio Varela disse outro dia que, 25 minutos por semana, já é um grande preventivo até contra o cancer. Uns minutinhos só. Só issozinho. Quanto maltrato não é  Daremos uma volta no quarteirão?  E pensaremos melhor antes de ter uma indulgencia compulsiva diante de um pratinho de venenos saborosos? 

  Lutemos contra essa ideia de "prazo de validade". Começando em casa, a deixar de ignorar nosso grande aliado: o corpo, no sentido literal, do organismo, que no conjunto da obra- nos faz viver. 

A eutanásia da cachorra. O quarto ao lado. A morte nas cores de Almodóvar.

          Se teve uma situação que me comoveu muitíssimo, me entristeceu e também me tranquilizou, foi quando durante a pandemia, minha fil...