10 setembro 2023

O que é que eu fiz da minha vida? " Rien... c'est bien mieux que tout."..

  Já parou para pensar? E para pesar, já parou? Já parou de pesar? O peso  da balança e o que vida tem?  Pesar por aquilo que não fez e não fará.. Pense no que ainda poderá fazer.
  Tenho estudado poesias,  que também são letras de música. Antigamente eu gostava muito de escrever letras. E já escrevia pensando no ritmo que iam ter.  E assim era. Em geral tinham um objetivo: peça de Teatro. Outras, publicidade. Sim, dava para ter letras bem poéticas na publicidade. E é a palavra em circulação. Está valendo.
   Alias, vale muito mesmo quem passou a vida criando música, letras. Tenho lido as letras, as poesias musicadas de Serge Gainsbourg. Sabe quem é? O marido de Jane Birkin. Aquela da bolsa Birkin, o casal " Je T`aime , moi non plus". A dupla erotique.  Mas isso foi de um tempo. O lindo tempo- parece- que viveram juntos. Li que foi bastante conturbado também. Embora criativo. Rico em letras e músicas. Deixaram uma marca interessante nos anos 60, que reverbera até hoje.
   Com isso, fui olhar as outras composições desse gênio. E descubro que algumas delas me acompanham desde a infância, mas eu não conhecia a autoria. Eram desse compositor. E fui lendo e fui lendo. E reaprendendo esse idioma que já falei tão bem, mas fui esquecendo. Tudo bem, relembrei. E assim posso gostar melhor também desse grande poeta, que me refiro aqui. Ele era bastante querido na França, pelo que constatei. Mas nem tanto quanto deveria. Havia uma veneração pelo seu jeito de pessoa que já descobriu que alguns valores da vida são ilusão, fachada. Nem aí para tudo isso.  Não acredito que fosse apenas uma imagem de "mau". Olha a densidade dessas letras. Da uma olhada.  Procura. Não vou dar a cola não. 
   O que eu fiz da minha vida? Ainda estou fazendo. Estamos. Que bom. 

02 julho 2023

"Casamento as Cegas", é só show ou tem alguma coisa de reality nisso?

   Quem assina jornais on line como Folha de São Paulo, O GLOBO já se deu conta faz tempo que, além das noticias diárias, vem pendurada uma penca de fofocas de pessoas que nunca vimos e nem sabemos quem são. E muito menos, tem importância em nossas vidas. Certo?

  Errado. Elas acabam entrando de alguma forma em nossas cabeças, mesmo que seja para uma reflexão sobre o mundo em que vivemos. Posso não saber nomes, mas me faço perguntas. Por exemplo: outro dia li sobre o arraiá de alguém no Maranhão. Essa pessoa convidou muitos ex-"bbbs" que pelo visto se tornou um grupo social, uma categoria. E tb, fulana, "ex- casamento as cegas" e hoje "only fans".... Ai é que me chama a atenção: Casamento as cegas não é por acaso aquele programa da netflix,  franquia do americano, "Love is Blind" e agora em sua versão nacional, com um belo casal de atores/ apresentadores- casado-  que recebe homens e mulheres hetero-normativos dispostos a encontrar alguém para casar? A ideia do programa é: um circuito de gente, em numero par- mesma quantidade de mulheres e homens. Que em entrevistas rápidas, vão se conhecer (?) durante alguns dias  e se escolher sem terem se visto até a hora em que um ou outro fizer o pedido de casamento...

   Sim e não. Talvez, quem sabe. Você sabe? Você viu? Você participou? Bom, diante do insosso Big Brother, descubro na contramão que "Casamento as Cegas" virou notícia. Então leio: os participantes recebem cachê.... Muito justo, estão participando de um show, confinados e apartados de seus empregos/ trabalhos e desempregos também.  Será que é justo mesmo?  Ou é aí que está um dos dramas da dinâmica?

   Após a pandemia o Brasil vive mais uma crise, dessa vez com alguma justificativa que não seja apenas a incompetência dos governantes. Digo apenas. Por que durante a pandemia foi aquele horror total, descaso com o ser humano e tal e tal, pelos governos e governantes em todas as suas instâncias. Milhares de jovens que deveriam ter ingressado no mercado de trabalho estão desempregados. Milhares de pessoas baixaram seu padrão de vida, por que o mundo virou de cabeça para baixo. 

   Para agravar a situação do reality que pode ser apenas um show, vem esse fenomeno, esse  boom das pessoas encontrarem saída para sua sobrevivência,  seu ganha pão e também para seu narcisismo estrutural, ao participar de um reality show. Quantos seguidores conquistarão e a partir daí , mais dinheiro na internet?

  E quem for a esse programa querendo casar de verdade, querendo arrumar um par? Como é que fica essa pessoa? Se muitos, vão ali para ganhar um cachê  e ou notoriedade? Será que esse sonho encantado de encontrar um cara metade, metade da laranja ou outra besteira, é apenas uma besteira mesmo? Será que se submeter a uma transa gravada é apenas exibicionismo consentido? O que mais vamos ter daqui para a frente?

  Me lembro ha anos atras uma noticia on line, de que uma jovem estaria "leiloando sua virgindade" para uma mostração ao vivo, enfim, tudo isso não cheira bem.  Aqui só uma associação de idéias. Meio bizarras.. 

 Qual a solução? E precisa de uma?

  Penso que a primeira coisa a fazer seria: não pagar cachê para os participantes desse show. Quem quiser casar, que faça um pé de meia, e arque com essa possibilidade de confinamento por uns dias.  É um jeito de barrar uma pessoa que queira utilizar a outra como uma coisa, um objeto, para ganhar um cachê apenas. Se manter no programa até o final- que é um casamento- para ganhar esse dinheirinho mensal. 

 A segunda coisa é fazer um contrato com aqueles que se aproximam do final, de que não participarão de redes sociais por uns seis meses, para se tornarem elegíveis ao sim ou  ao não.  Para salvar o possível outro lado do casal, o parceiro/ parceira,  também de ser um objeto de uso, trampolim para virar "celebridade". Expor o outro ao contrangimento apenas para fins pessoais.

  Do contrário, o programa brasileiro ficará desacreditado. Tanto na entrada de gente a fim de se comprometer com a canoa furada dessa formula de casamento, quanto em termos de audiência. Enfim, minha reflexão de domingo sobre esse assunto de menor importância. Mas que permeia a vida do ser humano, encontrar alguém para amar. Se não é nada disso, me perdoem a ignorância ao tema. Que sejam felizes todos no próximo arraiá que surgir, na próxima festinha grátis, pois tal e qual uma mordida de vampiro, você que passou por ali e ficou até o final, terá se tornado uma/ um pseudo- ninguém nessa  "terra de cego onde quem tem olho é rei".

 

28 junho 2023

Hoje o mundo inteiro comemora o Orgulho Gay. Você também pode comemorar. É uma conquista que diz - respeito- a nossa humanidade

      A  comunidade LGBTQIA+ comemora hoje o dia do Orgulho Gay, por que neste dia, em 1969, na cidade de Nova York uma grande conquista foi realizada no West Village, na  Christopher Street, no bar Stonewall, um lugar de acolhimento a população homossexual e transexual. Um "reduto", palavra dessa época, um ponto de encontro, mas principalmente um lugar um pouco mais seguro, onde uns podiam proteger aos outros das sucessivas investidas tão agressivas e cruéis, da polícia e de civis. Proteção muito importante e vital, em uma época em que ser gay era "ilegal, crime". Ser gay também era considerado "doença mental". Dava-se eletrochoques para "curar" a homossexualidade. Dá para ser crime e doença mental ao mesmo tempo? É a logica da segregação, onde qualquer motivo era e é suficiente para tentar uma espécie de extermínio, de cancelamento, de linchamento. E foi ali mesmo, naquele bar, na ilegalidade- era proibido também aos gays se reunirem e beberem alcool- que reunidos e com a força que a opressão contínua e a luta perseverada fornece a cada um, que conseguiram enfrentar uma grande batida da polícia, e dar um basta.  A partir daí as leis do Estado de Nova York e dos EUA- não todo o país- começaram a mudar. Ainda há muito para conquistar nos Estados Unidos da América, no Brasil, no mundo. Mas informe-se.

   A partir de um pequeno letramento sobre o assunto, você, como eu, poderá comemorar este dia. Mesmo que você não seja gay - tem certeza?- todos nós temos um inconsciente bem pouco mapeado em termos de sexualidade. Todos nós poderemos ser qualquer coisa nesse campo. Mas isso é outra questão. O mais importante aqui,  no dia de hoje é que, mesmo que você "não tenha nada a ver com isso", tem.  Cada vez que uma população tão bonita quanto essa, luta por seus direitos e conquista mais espaço, somos nós humanos- somos?-  que subimos um degrau na nossa humanidade. Nos tornamos mais gente. Gente boa. Não boazinha. Boa gente. Entendeu? Entendemos?

  Caso você se interesse em saber mais sobre o tema, sugiro o filme "Stonewall, quando orgulho começou". Tem no Globoplay. E tem no youtube, dublado. Nem precisa ler as letrinhas. Nas entrelinhas, sempre. Assista que faz bem. Não é nem de longe um documentário- esses trariam um tanto mais tragicamente toda a situação vergonhosa do preconceito, da ignorancia, da sordidez, para com o universo gay.  É um filme colorido, de 2017. Que dará a você a possibilidade de conhecer um pouco mais, alguma coisa de fundamental na nossa cultura. Os diferentes modos de ser nesse mundo. Experimente. O meio ambiente tem você no meio.

Hoje, dia 1 de julho de 2023 assisti o Lulu Santos, no quem Pode Pod. Vale a pena: https://www.youtube.com/watch?v=0erQFq86PvE&t=3103s

  No mais desejo um arco-iris de felicidade  a todos vocês amigos que tanto amo, a todos os parentes que tanto respeito, a todos os pacientes que já passaram por meu consultório,  com suas questões de gênero. Seus medos, suas rejeições de família, suas lutas internas e externas, suas conquistas, e sua esperança de um mundo melhor. Vocês são um lindo exemplo de amor a vida e suas inúmeras possibilidades. Parabéns para vocês querides!!! Viva!!! O mundo também é de vocês. 

18 junho 2023

Acho que a série Black Mirror queimou e a tela não acende mais.

     Sabe quando você liga seu celular e aparece apenas aquela tela escura e sem vida... é ele parou de funcionar. Está na hora de comprar um novo. A gente já percebeu como as novas tecnologias preparam seus produtos para terem vida curta e serem rapidamente substituídos. É o capitalismo cada vez mais selvagem, o consumo desenfreado e suas múltiplas consequências. O planeta é que o diga, com tanto lixo eletrônico descartado. E tanta natureza sucateada para que novos produtos sejam feitos. Nossos biomas em desequilíbrio. Quem leu sobre isso, ou  pelo menos se interessou, durante o confinamento na pandemia já se deu conta do quanto tudo está interligado e não apenas a internet: a própria vida, o meio ambiente, o fim da Terra. 

  Mas não são apenas nossos aparelhos que compramos para durar, que caem em desgraça. Assisti a nova temporada de Black Mirror. E parece que a criatividade que deu origem a uma das séries mais instigantes dos últimos tempos, está em extinção. 

 Do primeiro capítulo da  primeira temporada, quando a sanha de haters exigia que o primeiro ministro ingles transasse com uma porca- era violenta a coisa sim- em cadeia nacional para que a "rainha do facebook" fosse libertada de um suposto sequestro, dava o tom do que viria a seguir. Situações antes inimagináveis, onde o conhecimento de informática, robótica, comunicação, ciências de todos os naipes, comportamento do consumidor, deslizariam por roteiros ágeis, assustadores, surpreendentes e inteligentes em  mais algumas temporadas.

  Ai  sexta feira eu entro na rede e decido "maratonar" a sexta temporada. Começa o primeiro episódio: uma mulher tem sua vida copiada no streaming, ela vive aqui e aparece ali na tela quase em tempo real. Só que. Selma Hayek ( que eu adoro desde Frida) faz o papel da vítima clonada na ficção- ficção não, por que é a vida real dela, ok.  Mas está representada por essa atriz, que de fato não estaria interpretando a vivente de enredo copiado,  a imagem de Selma é recriada artificialmente, para contar a história de vida da vítima em questão. Das vítimas.

 Enrolado, mas nem tanto. Taí, a moral da história é a de que não costumamos prestar atenção no contrato que damos anuência- será que você já leu algum deles- pergunto- quando  resolvemos fazer parte de uma rede social ou contratar um streaming.  Sabe aquele boato que surge de vez em quando no velho e bom FB dizendo que "a partir de amanha  nossas fotos e fatos poderão ser usados como eles bem entenderem"... por ai. Somado ao fato de que -existe sim uma escuta- nos sistemas que ligam os celulares e, nossa vida pode estar sendo escutada e aproveitada em algum folhetim.. vai saber. Bom saber mesmo. Tá, boa. Meio arrastado o episódio, mas gostei. vamos continuar.

O segundo episódio fala de uma cidadezinha deserta, devastada no passado por notícias de assassinatos de um suposto torturador. Hum, assiste esse, você. O fato de ter filmadoras antigas e novas,  e máquinas fotográficas. não quer dizer nada. Esse episódio francamente já está fugindo muito da idéia inicial. 

 Terceiro, decido pular e assistir um que tem um nome de mulher. Ela vira lobisomem. Hein... embora a moral do enredo queira mostrar a morbidez e falta de ética do humano, via esses fotógrafos "paparazzi.".. não tem nada que ver diretamente com "Black Mirror". E o próximo episódio se chama "Demonio". Aí desisto. Não dei um spoiler. Só um sinal de alerta caso você como eu, sejá fã da série. Não me acendeu a imaginação, curiosidade, nem aquele frio na barriga de pensar no que a tecnologia é capaz. O lado bom disso: é possível que nossa capacidade de pensar seja muito maior do que as novas tecnologias que logo se tornam obsoletas. E portanto, a série teria ficado datada ou sem assunto. 

 O lado melhor ainda é que eu desliguei o computador e fui ler "O que é o racismo estrutural" de Silvio Almeida. Ali tem um enigma a ser desvendado- estrutural, por que a utilização dessa palavra. Vale a leitura, Melhor do que perder a cabeça com uma série de streaming, é mergulhar fundo nas questões mais importantes que nos faz menos humanos. O racismo é uma delas. Entenda como esse conceito foi construído especificamente para a manutenção de privilégios da branquitude, arrogante e vergonhosa em sua capacidade segregadora. Que essa temporada de horror, há mais de 500 anos no Brasil, finalmente termine.. 

16 abril 2023

Vida longa Rita Lee, imortal você já é.

     Amada Rita Lee. Que você permaneça por aqui mais o tempo que for possível, nos inspirando pela vida. Com tanta alegria, sabedoria e doçura revolucionária. Te amo. Te amamos. 

    Foi tão bacana essa homenagem hoje no Altas Horas. Eu não fazia ideia que você tinha inaugurado aquele programa. Agora o palco tem o seu nome. Quantas pessoas você ajudou carreira, impulsionou destinos. E alegra nossas vidas. Muito obrigada sempre. Realmente, "não dá pra ficar imune".  

17 março 2023

Salvador Dali bem aqui, na caixa do supermercado. E aí Brasil...

   Escuto assim: "chocolate derretido"...será que foi isso que ouvi....relógio derretido... Nossa... o que você está me perguntando... saio de minha distração a observar pessoas pagando nas diversas  caixas do supermercado. É a minha vez, passo os produtos e a moça sorridente do caixa fala comigo. Ela insiste na pergunta: é o relógio derretido do Salvador Dali? Olho para ela sem entender direito. Ela aponta para meu colar. 

  Começo a sorrir de alegria. E repondo: sim! É sim!  Claro! É isso mesmo. É o relógio derretido de Salvador Dali ! ( o pintor  surrealista espanhol  o repete em quadros. E está ali reproduzida em uma pequena bijuteria prateada no meu pescoço).  Por mais alguns segundos lembro do museu em Paris e do dia em que compramos essas pequenas jóias: eu,  minha filha e minha mãe. Que viagem linda e importante para nós, apesar do calor anormal que fazia, lá se vão 12 anos. 

    A moça continua animada com a conversa e  suponho, com a minha receptividade.. Eu pelo menos fiquei entusiasmada em escutar o que me dizia. Ela fala em Magritte. E aí diz: eu gosto dos surrealistas, mas  prefiro os impressionistas. Vai  discorrendo uma lista de comentários inteligentes, rápidos o suficiente  para manter a conversa, enquanto passo as compras e ela digita..Já não me lembro com que gancho, pergunta se gosto da Frida Kahlo. Sim! E se conheço uma pintora contemporânea dela: Remédios Varo. É mesmo? Não conheço, mas vou procurar saber. A moça me fala de um quadro com o céu que vai descendo pela tela...Você estuda Artes? Ela diz que não. Eu digo: ah sim, você gosta, aprecia as artes plásticas. Ela sorri. É isso.

   É isso e muito mais. Ou muito menos. La vou eu com minhas sacolas pensando: escola, universidade, oportunidades, futuro...

   Alguns dias depois volto ao super mercado. Reconheço a moça do caixa: foi você quem me falou do Salvador Dali? Ela confirma e pergunta: você já leu sobre a Remedios? Ainda não, respondo. Mas vou ler. Contei para todo mundo o que você disse sobre meu relógio derretido. Você foi a única pessoa até hoje que conseguiu associar a imagem dos quadros aquela bijou... É verdade.  Mais tarde penso: meu pequeno reconhecimento- um elogio, tentando tapar o buraco das imensas desigualdades desse país, ainda mais com a população negra, historicamente desprivilegiada, que tem dois muros pela frente: a pobreza e o preconceito racial. Talvez o sistema de cotas possa fazer alguma justiça. Mas, e o percurso até a universidade. É possível? Ou alguém com tanto interesse e entusiasmo pela vida, ha de estacionar no caixa de um supermercado? Nem adianta o auto- engano redentor de nossas consciências, não se trata de "meritocracia" . O futuro é desafiador, requer muita luta de um lado, e o abrir mão, de outro.

Torço por você moça do Dali. Que o mundo seja acessível ao seu usufruto, para além da sua caixa registradora.

04 março 2023

Mulheres sem prazo de validade. 10 anos depois, dou ainda mais valor a essa conversa.

   Dez não, são onze já. O livro  "Mulheres sem prazo de validade" foi lançado e fui chamada em todo lado para falar sobre isso: o prazo de validade que principalmente as mulheres, recebem e a maior parte aceita sem questionar, esse apagamento de suas faculdades mentais, sua capacidade de ser atraente como mulher, seu interesse como ser humano. Tornando esse cancelamento social, um verdadeiro algoz interno, no mais profundo desamparo de- não sei o que dizer ou o que fazer com isso. Ou contra isso. Ou ainda, ao seu, ao meu, ao nosso favor. 

   É claro que o assunto não toca só as mulheres. Outro dia li um comentário digno de esquecer- se não fosse o tema aqui-  da atriz Evangeline Lilly ( destaque em Lost)  para Michael Douglas : "você é um vovozinho que eu gostaria de transar". ( sic) Folha de São Paulo.  Em que pese a tradução ruim, pode ser, não vi a frase no idioma original...  não precisava dessa fala, mesmo que seja qualquer besteira para promover um filme da Marvel. É um "qualificar"- gostaria de transar- com você- vovozinho.  E no diminutivo ainda por cima, adjetiva um- você está datado- e ainda assim, eu tenho essa bizarrice. Eu Lilly me faço ainda mais jovem ao ressaltar essa boa distância. Pretenciosa você Lilly, ainda meio lost na vida, diante das evidencias: veja o percurso do  Michael como ator de muitas dimensões e o seu, bonita da série que já esqueci.  Será que a coisa está posta assim: você vale mais no mercado selvagem das trocas utilitárias, por ter alguns anos menos? Pois espere uma década dona moça. E os filmes que caem em seu colo agora, comecem a rarear. Bom,  torço  para que até lá, essa crueldade que você mesma está praticando, tenha sido erradicada. 

  Falo por mim: comecei a sentir mais  o peso da idade.  E não são as rugas que vão aumentando, a celulite, a flacidez aqui e ali.  É interna a coisa. Sim, ou será que você está pensando que a velhice anunciada é apenas uma questão de botox? 

 As alergias por exemplo. As intolerâncias. Não adianta mais ignorar. E eu fui bem advertida. Sabia que o nosso organismo vai se adaptando ao que comemos sem critério, até a hora que não consegue mais metabolizar , excretar. E ai inflama. Esperei a água bater no nariz, literalmente, para deixar a ficha cair. Além de outros objetos. 

Durante a pandemia eu tinha gripes sem fim. O que era isso?   Não sei, não sabia. Covid não deveria ser, ainda mais sem vacinas, eu teria morrido. Depois com as vacinas, continuei com as gripes, dores de cabeça e tal. Por que, também não sabia. Até a hora que baixei em um médico que me disse- isso parece ser sinusite.. Resumindo: fui ao otorrino, fiz tomografias. Era sinusite sim,  crônica. Que inicia com a alergia a alguma coisa. Alergia ao que ? . A tudo que eu tinha alergia antes e não prestava a atenção, não fazia sintoma.

  A coisa vai assim:  água sanitária, ou o nome que tenha em seu Estado. Aqui é Cândida. Em nada cândida: é um dos produtos que causam fortemente, alergias respiratórias. Utilizamos muito durante a pandemia. A ideia era,  eficaz sim, uma maneira de combater o  virus:  lavar tudo que chegava da rua, com o alvejante. Passávamos no chão também . Certamente o que causava as  minhas "gripes" sem fim. Até eu descobrir levou um tempo- até outro dia-  e muitas crises. Vejamos a intolerância a lactose: eu comia pizzas, sanduíches. E anda acreditava que a famosa "muçarela de búfala" era a resposta para a substituição ao leite de vaca. Não é não. O que se passa agora é meu organismo não aguenta  nem de longe, o cheiro de água sanitária. E nem um pedacinho de queijo de vaca ou de búfala. E se escrevo aqui é para alertar você também. Queijo de cabra, ok. Água com alcool para lavar chão, ok também.

    As suas fragilidades são para ser consideradas. Isso é a sua fortaleza. Saber de si, em um sentido mais amplo. Daquilo que é ingerido, o que faz bem e o que não faz. O  que cái mal,  é o  que faz ou fará  adoecer quando seu organismo não tiver mais tanta energia para gastar combatendo esses vilões.. O que preciso esquecer que existe... Açúcar por exemplo. Quem disse que isso é alimento? Pode ser um tipo de prazer- discutível. Mas nutrição é o que não é. Corrói a saúde. Experimente viver sem. 

   E os exercícios? Drauzio Varela disse outro dia que, 25 minutos por semana, já é um grande preventivo até contra o cancer. Uns minutinhos só. Só issozinho. Quanto maltrato não é  Daremos uma volta no quarteirão?  E pensaremos melhor antes de ter uma indulgencia compulsiva diante de um pratinho de venenos saborosos? 

  Lutemos contra essa ideia de "prazo de validade". Começando em casa, a deixar de ignorar nosso grande aliado: o corpo, no sentido literal, do organismo, que no conjunto da obra- nos faz viver. 

22 fevereiro 2023

O carnaval terminou: 2023 por favor, ao trabalho. Ou: será que estamos negando a mudança climática da mesma forma que algumas pessoas negaram a existencia da epidemia de Covid?

   Hoje é quarta feira de cinzas. Quantas cinzas.. Ah que bom, "todo mundo" brincou. Será? Foi uma alegria só. Será?  Foi uma comemoração após a pandemia... pode ser, para alguns sim, uma retomada. Ok.

 Todo mundo se resume ao Brasil. O único país que parece parar completamente nos dias de carnaval. Que são longos. Tem a pre´folia, alguns dias antes, quando começa a bagunça. 

  Tive a ideia serena de desistir, na última hora,  de uma viagem: praia.  Alguma coisa me disse que não seria uma boa ideia. Pouca coisa parece uma boa ideia no meio da "folia". A possibilidade de pegar uma estrada e ter motoristas imprudentes e bêbados é grande. Mas não é proporcional ao que se abateu sobre e sob São Sebastião, a cidade mais afetada com as chuvas.

  A mudança climática está ai, dando a sua cara, sem máscaras, nem fantasia. É isso. Alguém anda se perguntando por que tivemos um "inverno" até quase dezembro aqui na cidade de São Paulo? Por que estava apenas fresquinho na França até boa parte do inverno?  Por que as calotas polares estão derretendo? Com a possibilidade de sucumbir países com grandes áreas costeiras?  A matéria prima para alimentação tende a acabar no planeta,  e provavelmente haverá fome generalizada. Vai ser agora? Não. Daqui uns 30 anos. E daí então? Daqui a um tempão.  Vamos viver o AGORA. Sério? Como dizia meu pediatra: "o humano vive do ontem para o depois de amanhã". Se conseguirmos ficar no agora por 1 minuto- 60 segundos por dia, já será um grande lucro.

  Então que agora é esse? É o imediatismo inconsequente que estamos vivendo como população mundial. E local: só poderíamos nos dar ao luxo de parar por 5, 10 dias para o carnaval que "se tem direito", se depois desses dias o país acelerasse para cobrir o prejuízo do ano inteiro. Dos últimos quatro anos sim. E de muito mais ainda.  Do nosso desperdício de cada dia,  por que não tivemos educação voltada ao meio ambiente. Que aliás nos tem no meio. .

"Para tudo se acabar na quarta feira", é a letra da música que começa assim: "tristeza não tem fim, felicidade sim"....Pareço uma pessoa amargurada? Devo estar mesmo. Esse é o nome dos realistas, diante dos alienados de todo.  Foi dificil passar esse monte de feriados por aqui. Tudo fecha, como se fosse um direito. A cidade vira um marasmo. Como se tivéssemos em reclusão social. Até bom que estejamos. O que resta "funcionando", meio capenga. Minha filha pegou covid nesses feriados. Foi atendida em uma emergêncial: 5 horas para ser atendida, em hospital particular. Falta de pessoal. Falta de respeito ao próximo.

Ah o covid acabou. Nada como um bloquinho com milhões de pessoas, bailes, para que volte tudo. E daí não é? E daí? "Todos tem o direito a diversão". Será que todos? E quem não pode nem comprar comida? Tem? Quem não tem dinheiro para a condução? Tem? 

O país precisa de reconstrução, em sua imensa miserabilidade. A Terra precisa de cuidado e respeito. E nós, se quisermos uma vida prolongada por alguma qualidade, cuidemos.

Nesse momento, pessoas estão soterradas em São Sebastião. Algumas, turistas que foram curtir os feriados.  Uma garrafa de um litro de água vendida a RS 93,00, diz o jornal. É a lei da oferta e da procura? É o capitalismo selvagem?   É a vingança da desigualdade social?  É a humanidade. De novo a música: "é pau, é pedra, é o fim do caminho"? 

20 fevereiro 2023

Triângulo da Tristeza, o filme, retrata a realidade humana em todo canto. Inclusive a de hoje: enquanto o litoral norte de São Paulo desmorona com as chuvas neste fim de semana, os ricos salvam a pele de helicóptero.

       Fui assistir o Triangulo da Tristeza, do premiado diretor sueco Ruben Ostlund. No cinema, ainda bem. É o tipo de filme para ver na telona, sem direito a desligar. Por que dá vontade sim. Claro que você pode sair do cinema, mas...a película também cativa ,  você só precisa ter preparo para aguentar e conseguir ir até o final. Imagens que chegam a marear. 

    É um enredo sobre dinheiro e poder. Sem dúvida. Mas... antes da primeira cena em que se discute dinheiro abertamente: um casal de namorados: Yaya e Frank,   empurra a responsabilidade da conta de um restaurante que parece caro,  um para o outro- há uma outra cena. 

O filme começa com a seleção de modelos para um trabalho.  Atores enfileirados, dorsos expostos e sujeitos as gracinhas dos contratantes como meros objetos, disputam o lugar ao sol. Alguém da banca de "juizes" diz a um deles,  o Frank, que precisa relaxar o "triângulo da tristeza". E assim ficamos sabendo que, esse triângulo que dá titulo ao filme, é um espaço entre os dois olhos e que costumamos franzir de preocupação. Em seguida ele deve, junto com outros concorrentes, fazer "cara de marca barata"- sorridente e alegre e "cara de marca cara"- malvado, cheio de empáfia. 

                                           Triangulo da Tristeza -Imagem de divulgação 
                                                       encontrada no Google


   Assim não é só dinheiro e poder que estão em jogo, mas semblantes. Sim, não se trata só  de ter ou não ter, é fazer cara de. É o que faz todo o tempo Yaya- influencer- que se fotografa diante de cenários variados, nada necessariamente, que ver com a realidade dela. Como a cena do macarrão- repare.  É a pose o que está valendo. 

  Triângulo da Tristeza é  também um filme que fala de lei.  E da falta de lei. Parte da trama se passa em um cruzeiro de luxo, em alto mar. Cujo capitão, a maior autoridade dentro de um navio, se recusa a exerce-la, preferindo beber até cair. É um navio sem lei. E a força do dinheiro entra ali buscando fazer uma suplência mal-dita: "eu sou o novo dono dessa embarcação" diz o milionário russo, que ficou rico " vendendo merda", repete ele com desdém a quem ouve. 

  O mais interessante é que não há  comentário sobre cada situação que se apresenta. São as imagens na cara do espectador,  As imagens de cada cena, sem muitas palavras, vão dando a pista, mas cada um pode colocar o texto que preferir. É cinema. Como nos sonhos, imagens atras de imagens.

  A narrativa é separada por diferentes blocos. O próximo, terá lei: a do mais apto. E nem sempre o mais apto é aquilo que esperamos ver- o mais rico e poderoso, o mais bonito, ou o mais forte. Mas aquele capaz de rapidamente se adaptar e garantir a sobrevivência, diante das circunstancias. 

 Do começo ao fim o título de outro filme, rodopiava a minha cabeça " A classe operária vai ao paraiso", de Elio Petri, 1971. Como se também coubesse nesse filme. Deve ter uma porção de referencias a outros filmes, é claro.  Nada de realmente novo em termos da farsesca vida ao redor do planeta. Ricos versos pobres. Ressalva para momentos em que são os pobres x ricos. Assista que vale a pipoca e seu tempo no cinema. 

 Fiquemos com as imagens das cidades do litoral norte de São Paulo. Que tragédia. 36 mortos ate agora. Muitos desaparecidos e muitos mil desalojados. A população se mantém ilhada.  Alguns poucos que podem pagar, já se distanciaram, de helicóptero.  Capitalismo é feito de desigualdade mesmo.  Podiam estar providenciando medicamentos e comida para tantos desabrigados. Os helicopteros serviriam muito bem. Os "bacanas" são bacanas ( interrogação)

Vamos colaborar. Ja ja coloco aqui algum endereço para doação. 

12 fevereiro 2023

Assisto Destemida, sobre a velejadora Jessica Watson. E penso também nas nossas destemidas: Maya Gabeira e Tamara Klink

  Inspiradora a história de Jessica Watson, velejadora australiana, que em 2010 aos 16 anos,  retorna de uma volta ao mundo solitária, em seu barco, o Pink.   Ao atravessar grandes tempestades, com uma enorme bravura, chega a afundar, e voltar a superfície para prosseguir. Todo o seu planejamento e treino, somados a sua determinação, a fez vitoriosa em seu projeto. Ela diz: não sou uma heroína, mas uma pessoa comum. Toda pessoa pode realizar seus sonhos: é a vontade e muito trabalho, completa. 

                                                           Jessica Watson ( foto encontrada no Google)

  O navegador  brasileiro, Amyr Klink também nega o título de herói.  Em 1984, pioneiro ao  cruzar o Atlântico em um barco a remo- o Paraty- , ele afirmou que não fez uma "aventura".  Seu êxito se deveu a um minucioso planejamento. 


                                                      Tamara Klink ( foto da revista Glamour)


 Tamara Klink, filha de Amyr, segue a favor da correnteza.  Realizou duas travessias solitárias: em 2020 da Noruega a França e em 2021, da França ao Brasil,  quando enfrentou 17 dias em alto mar, a bordo do seu Sardinha. Um  pequeno veleiro de 8 metros.  "Sardinha é um peixe que não se dá nada por ele, mas é capaz de percorrer longas distâncias", ela diz. E diz mais ainda com seus lindos textos, em posts no Instagram ( siga a Tamara, você vai gostar) e alguns livros já publicados: "Crescer e Partir", "Um Mundo em Poucas Linhas" e "Mil Milhas" Se ela aprendeu desde pequena a velejar, com seus pais,  fez viagens a Antártica com a família, e recebeu esse conhecimento- do mar- de forma privilegiada, precisou conquistar ela mesma os recursos para ter o próprio barco. Sem esforço não há crescimento. 


                                                       Maya Gabeira ( foto do Instagram)

  Outro exemplo de imensa coragem é a surfista Maya Gabeira. Ainda adolescente começa a enfrentar os medos e desafios do mar. Hoje ela está no Guiness Book, como a primeira mulher a surfar a maior onda do mundo: 20,72m.  E se torna ainda mais conhecida, por sua admirável capacidade de superação, quando após um acidente em uma onda gigante, que quase tirou sua vida, na cidade de Nazaré, em Portugal,  se recupera e volta a surfar. Filha da estilista Yamê Reis e do jornalista Fernando Gabeira, Maya faz jus a educação que recebeu:  é também uma defensora do meio ambiente. Publicou o livro "Maya and the Beast", para crianças e não só: é um incentivo a perseverança em qualquer idade. E assina uma marca de protetor solar, a Blue Aya,  produção totalmente ecológica, até na embalagem.

 Elas são lindas, inteligentes,  destemidas, empreendedoras. Exemplos importantes para uma juventude tão desmotivada e movida a redes sociais como vemos hoje. Muita saúde e felicidade para essas moças, cidadãs do mundo. Cheias de cultura e amor a vida. 


(Este blog não tem fins lucrativos. Peguei essas fotos emprestadas. Caso sejam suas, colocarei aqui a autoria que não encontrei , ao selecioná-las. Muito obrigada.)

11 fevereiro 2023

"Só dez por cento é mentira", documentário sobre e com o poeta Manoel de Barros. Imperdível até para quem não gosta de poesia.

        Assisti essa semana o documentário "Só dez por cento é mentira", do diretor Pedro Cezar, em um streaming.  Manoel de Barros nasceu em Cuiabá, Mato Grosso, e viveu no Mato Grosso do Sul. Um poeta pantaneiro e cheio de inspiração universal. No filme vemos desde sua vida cotidiana, sua casa, depoimento de filhos, amigos e profissionais,  e o poeta contando todo pimpão que sua esposa ainda tinha ciúmes dele. Manoel morreu em 2014, aos 97 anos. E o documentário é de 2010 ( foi lançado agora). Ele diz sorrindo: "sou muito assediado". Que amor. 

      "Assédio" cheio de motivo. Manoel de Barros é  um poeta genial. Capaz de atingir com suas palavras, a quem leia. Claro que ler, gostar, entender, depende do percurso de cada um. Mas quero dizer que, você não precisa de gostar de poesia - aquele monte de estrofes, com versos -a poesia obrigação escolar- para gostar daquilo que o Manoel diz e coloca no papel- e sempre. Dizia ele ser um "vagabundo", viver de poesia. Ao herdar terras em seu Estado, ele pode se dedicar exclusivamente a esse oficio de "vidente", como classifica os poetas.

   "Passei anos me procurando em lugar nenhuns, até que não me achei - e fui salvo" . Essa frase, parte de uma poesia, abre o filme, cujo título também é parte de uma poesia: "Só dez por cento é mentira". Mentira, verdade, invenção. Manoel de Barros diferencia muito bem, uma coisa da outra. Diz ele, mais ou menos assim  no documentário: "se eu disser a você que fui a padaria, é uma mentira. Eu estou aqui. A invenção é outra coisa. Amplia o mundo". 

 E vai Manoel nos mostrando do que consiste a poesia:

O TEMPO SÓ ANDA DE IDA

 A GENTE NASCE CRESCE AMADURECE ENVELHECE E MORRE.

PRA NÃO MORRER TEM QUE AMARRAR O TEMPO NO POSTE.

EIS A CIÊNCIA DA POESIA: 

AMARRAR O TEMPO NO POSTE.

Pois então, esse documentário, na narrativa do  diretor, foi realizado com muita insistência. Manoel de Barros não queria.  E ali mesmo ele diz, tranquilo e amistoso: "pergunte o que quiser, se me interessar eu respondo". Chega uma hora, o sujeito não está mais ai para firulas. Não precisa mais agradar ninguém. No entanto, se reconhece amado. É uma lindeza de pessoa e um dos nossos maiores poetas.

Uma oportunidade para quem gosta de poesia e do Manoel de Barros, se deliciar com o trabalho. E para quem não tem tanta intimidade assim, ver como a utilização da linguagem pode ser rica, singular, abrir caminhos para a reflexão, desconstruir imagens rígidas, embelezar o mundo e como diz ele,  amplia-lo.

Assista. Está na Netflix. E não sei quanto tempo vai ficar. Em geral esses filmes super especiais duram pouco nos streamings. 



O que é que eu fiz da minha vida? " Rien... c'est bien mieux que tout."..

  Já parou para pensar? E para pesar, já parou? Já parou de pesar? O peso  da balança e o que vida tem?  Pesar por aquilo que não fez e não ...