Fui assistir o Triangulo da Tristeza, do premiado diretor sueco Ruben Ostlund. No cinema, ainda bem. É o tipo de filme para ver na telona, sem direito a desligar. Por que dá vontade sim. Claro que você pode sair do cinema, mas...a película também cativa , você só precisa ter preparo para aguentar e conseguir ir até o final. Imagens que chegam a marear.
É um enredo sobre dinheiro e poder. Sem dúvida. Mas... antes da primeira cena em que se discute dinheiro abertamente: um casal de namorados: Yaya e Frank, empurra a responsabilidade da conta de um restaurante que parece caro, um para o outro- há uma outra cena.
O filme começa com a seleção de modelos para um trabalho. Atores enfileirados, dorsos expostos e sujeitos as gracinhas dos contratantes como meros objetos, disputam o lugar ao sol. Alguém da banca de "juizes" diz a um deles, o Frank, que precisa relaxar o "triângulo da tristeza". E assim ficamos sabendo que, esse triângulo que dá titulo ao filme, é um espaço entre os dois olhos e que costumamos franzir de preocupação. Em seguida ele deve, junto com outros concorrentes, fazer "cara de marca barata"- sorridente e alegre e "cara de marca cara"- malvado, cheio de empáfia.
Triangulo da Tristeza -Imagem de divulgaçãoAssim não é só dinheiro e poder que estão em jogo, mas semblantes. Sim, não se trata só de ter ou não ter, é fazer cara de. É o que faz todo o tempo Yaya- influencer- que se fotografa diante de cenários variados, nada necessariamente, que ver com a realidade dela. Como a cena do macarrão- repare. É a pose o que está valendo.
Triângulo da Tristeza é também um filme que fala de lei. E da falta de lei. Parte da trama se passa em um cruzeiro de luxo, em alto mar. Cujo capitão, a maior autoridade dentro de um navio, se recusa a exerce-la, preferindo beber até cair. É um navio sem lei. E a força do dinheiro entra ali buscando fazer uma suplência mal-dita: "eu sou o novo dono dessa embarcação" diz o milionário russo, que ficou rico " vendendo merda", repete ele com desdém a quem ouve.
O mais interessante é que não há comentário sobre cada situação que se apresenta. São as imagens na cara do espectador, As imagens de cada cena, sem muitas palavras, vão dando a pista, mas cada um pode colocar o texto que preferir. É cinema. Como nos sonhos, imagens atras de imagens.
A narrativa é separada por diferentes blocos. O próximo, terá lei: a do mais apto. E nem sempre o mais apto é aquilo que esperamos ver- o mais rico e poderoso, o mais bonito, ou o mais forte. Mas aquele capaz de rapidamente se adaptar e garantir a sobrevivência, diante das circunstancias.
Do começo ao fim o título de outro filme, rodopiava a minha cabeça " A classe operária vai ao paraiso", de Elio Petri, 1971. Como se também coubesse nesse filme. Deve ter uma porção de referencias a outros filmes, é claro. Nada de realmente novo em termos da farsesca vida ao redor do planeta. Ricos versos pobres. Ressalva para momentos em que são os pobres x ricos. Assista que vale a pipoca e seu tempo no cinema.
Fiquemos com as imagens das cidades do litoral norte de São Paulo. Que tragédia. 36 mortos ate agora. Muitos desaparecidos e muitos mil desalojados. A população se mantém ilhada. Alguns poucos que podem pagar, já se distanciaram, de helicóptero. Capitalismo é feito de desigualdade mesmo. Podiam estar providenciando medicamentos e comida para tantos desabrigados. Os helicopteros serviriam muito bem. Os "bacanas" são bacanas ( interrogação)
Vamos colaborar. Ja ja coloco aqui algum endereço para doação.
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