Quando é
preciso partir por que
não é possível sonhar no lugar em que se está.
Para colocar em pouquíssimas palavras, a Faixa de Gaza, é um
território de 365 km, disputado
historicamente entre israelenses e palestinos. É uma faixa de terra que se localiza na costa
oriental do Mar Mediterrâneo e faz fronteira com o Egito. Dizer alguma coisa a mais é mexer em casa de
marimbondo. Melhor não levantar poeira daquele conflito ali especificamente, e abrir –se
a pensar no ser humano e suas ambiguidades, seus temores , sua busca de verdades, seu s amores, seus
desejos, seus sonhos , sua vontade de viver. Sua busca, de verdade.
Pois é disso que se trata no filme “Uma Garrafa no Mar de Gaza”, de Thierry Binisti. A história começa um pouco antes de 2008 quando os conflitos políticos tem um acirramento. Este é o cenário. Mas certamente, naquele enredo, os personagens são muito mais importantes do que o cenário.
Tal de Jerusalém: por que tudo é desse jeito?
Um jovem muito linda, Tal, recém chegada de Paris com sua família, instala-se em Jerusalém. E assim ganhamos um olhar de alguém que veio de fora, e que a tudo pode enxergar com surpresa, questionamento e busca de sentido.
Ela acaba de presenciar a explosão de um café, num atentado kamikase , onde, além de um palestino cheio de dinamite, morrem uma moça que se casaria no dia seguinte, e seu pai, israelenses. E Tal se pergunta: “como as pessoas agüentam viver assim? Tem gente que diz que atentado é como acidente. Se você estava ali na hora, foi um acidente”.
É com muita simplicidade, de quem olha e vê, que escreve uma carta aos palestinos, perguntando se não se sentem mal em cometer tais atos . Acrescenta seu endereço de e-mail e arruma um jeito da garrafa chegar ao mar, torcendo para que alguém de Gaza leia seu recado.
Pois é assim que o filme começa: rapazes encontrando a tal garrafa e a carta. Um deles, Naim, começa a se corresponder com a mocinha pela internet. Primeiro com muita desconfiança e ironia. E com o tempo, cedendo ao diálogo dessa garota tão franca e sem ranço algum. Ela apenas quer entender seu novo mundo cheio de ódio e violência e seus por quês. Sem julgamentos de um lado ou outro.
Naim de Gaza: quer ir além.
Aos poucos esse lindo e sensível garoto de Gaza, o “Gazaman” e essa linda mocinha de Jerusalém se tornam amigos de internet. As confidencias vão se aprofundando. Ela conta que é francesa e que chegou ha pouco tempo. Essa revelação: "Paris", traz a Naim, horizontes que nunca teve, sonhos. Porta de saída salvadora para quem se sente prisioneiro de uma realidade aparentemente sem perspectivas e sem solução. Assim, ele começa a se aprofundar no idioma Francês, e ir a França se torna sua g grande motivação. Em um ano está pronto para partir, com uma bolsa de estudos, para se tornar professor de Francês. E vai.
cartaz de divulgação do filme
Na estrada eles se cruzam brevemente, pois o carro de “Gazaman” não tem permissão de parar em território israelense. E como se os dois estivessem numa grande sintonia, frases são ditas pelas duas vozes:
“Nada é simples entre nós, o que não significa que seja
impossível” . “ Podemos tomar um café em
Paris e ficar em paz”. Paz mesmo, o ser humano nunca alcança, sempre disposto a
lutar consigo mesmo. Mas diante daquele estado permanente de tensão Jerusalém/Gaza, dá para entender
perfeitamente o que estão dizendo:
Viver, simplesmente, tomar um café e ficar de papo pro ar, sem preocupações com os destinos da humanidade, por alguns momentos. Esses momentos que nós aqui, privilegiados temos de sobra, mas gastamos com nossos conflitos internos. E tudo bem, faz parte. Enquanto pudermos sonhar, ter possibilidades de realização, nos sentirmos livres, está ok.
“Ate breve” é o que dizem. Como adolescentes comuns que estão começando a descobrir a vida. E ao mesmo tempo, já sabendo que o mundo é um lugar meio doido e destituído de um sentido que dê conta de uma guerra permanente, onde se morre num bar por acidente de bomba. E por outro lado, vive-se numa escassez de recursos tão grande, que as vezes é preciso partir, dizer adeus aos seus, pois já não é possível sonhar do lugar em que se está.
Que Tal e Naim possam se encontrar para um café e discutir as grandes filosofias do mundo, bem como a moda das ruas, a chuva que caiu agora mesmo, as primeiras flores da primavera , a última exposição do Pompidou, seus sentimentos sobre tudo e cada coisinha que seja.. Pois torço por todas as meninas Tal e todos os meninos Naim desse planeta, sejam eles da Faixa de Gaza , ou de qualquer outro lugar.
Um mundo novo há de vir por ai. Cuidemos dos nossos meninos.
(fotos e cartaz de divulgação do filme encontrados no Google. )
fiquei com vontade de ver. não li em detalhes pra não perder a surpresa. leio depois. beijos, pedrita
ResponderExcluirAh voce vai gostar Pedrita, tem teu tipo esse, politica, cultura, historia, e enredo bonitinho. Bjos!
ResponderExcluirAmiga, respondendo seu comentário, no blog tem a opção de vc comentar via facebook e via blogger. Do lado direito da opção facebook, tem via blogger. Qualquer dúvida me fala.
ResponderExcluirBig Beijos
Oi Camille!
ResponderExcluirGostei do enredo, deve ser mesmo interessante. Vou procurar para assistir. Você continua sendo a minha "Personal Film Indicator" certo ? rs rs
beijo grande e bom feriado!