Meu computador voltou a não digitar o ponto de interrogação. O titulo acima era para ser uma pergunta: você ja desapegou da pandemia( ponto de interrogação) Eu não.
Olho assim e fico pensando se algum dia voltaremos ao "normal". E vejo que é um pensamento tosco, uma vez que "normal" é um conceito meio vago... Depois dessa coisa toda, já não somos tão inocentes, tão crédulos, tão alienados quanto a finitude. Claro que me refiro a quem não entrou em um estado da mais completa negação- " é uma gripezinha". Não era gripezinha, como continua não sendo. Agora mesmo com as vacinas, minha médica por exemplo, recentemente e com todos os recursos possíveis, quase morreu com covid. E me alertou muito a respeito. Então sou daquelas pessoas que ainda usa máscara para sair na rua. Uso sim. Aqui no prédio me olham meio torto. Tudo bem. Cada um se veste como quer, e eu, visto máscara. Beleza ( ponto de interrogação)
Minha sensação é a de que fiquei um pouco mais árida, digamos. Mais dura. Mais realista. Será que mais paranoica( pergunto) . Nem preciso ir longe, ou aprofundar muito a questão. Basta olhar para alguns textos aqui do blog. Como eu era mais leve, mais solta, mais alegre até. Mais criativa, talvez.
Você chegou a ver o Memorial do Agora @memorialdoagora4754 ( interroga....) . Um canal do Youtube que criei naquele período brabo de reclusão. Depoimentos de mulheres no momento em que nada sabíamos do que poderia acontecer. Como cada uma estava se virando, se entendendo, olhando a vida, concluindo do inconclusivo. Vale a pena, dá uma olhada. Digo isso, por que ali tem pessoas que como eu, ficaram profundamente tocadas e tem consciência do peso da coisa. Escuta-las, me deu um certo alivio, na pior época. Vou experimentar ouvir de novo. Ou quem sabe, perguntar como estão agora. Se conseguiram se desapegar desse medo. De verdade, de verdade, nada sabemos sobre o dia de amanhã. Sem previsão, sem garantia. Fingimos que está tudo certo, para aguentar essa estranheza que é ser humano. Mas ali era fatal a coisa, escancaradamente.
"Agora era fatal, que o faz de conta terminasse assim". Em uma frase o poeta- Chico Buarque- em outro contexto, resume tudo. Um dizer da infância e também do fim da infância- como tão bem já descreveu Arthur Clark- amo- em um livro com este título. Chegamos ao fim da infância, como humanidade. Chegamos todos, alguns notaram. Outros, colocaram antolhos e viseira para dormir, e aproveitaram para endeusar o sujeito que tinha Messias no nome. Já parou para pensar o quanto isso, o nome, influenciou uns e outros ( ponto de..)
Vamos ver como é que fica. São quase 4h da manhã e perdi o sono, perdi a graça também. Já já ela volta. Não igual a antes. Não mesmo. Os europeus não são mais os mesmos depois das duas grandes guerras, do holocausto- vergonha suprema- amostragem do que o semelhante é capaz. Não , não, não, não posso ser dessa raça. É o fundo do poço. É o fim do caminho. Mas somos sim. Só que podemos aprimorar, e nos distanciar do horror por ética, por honra, por amor a vida, por esperança ser a ultima que morre. Podemos.
Boa noite. E que quando eu dormir e acordar daqui umas horinhas, seja um novo dia. Com a bagagem que carregamos, fazer o que ( perg...) Viver.
Eu falo pra você, fiquei mais ansiosa e nervosa após a pandemia. Complicado viu.
ResponderExcluirBig Beijos
www.luluonthesky.com
Oi Lulu, que bom que voce pode falar sobre isso. Tem gente que ja recalcou isso, como que esqueceu, de tal forma, que é como se não tivesse acontecido. O que é grave para a pessoa. E para a população em geral tb. Sexta feira estive em um hospital. E lotado de covid, estava. Ainda temos a doença espalhada pelas cidades. É preciso cuidado, prudencia. E tb cuidar daquilo que restou em nós quanto a esse medo gigante que se espalhou pelo mundo. Esse desamparo que passamos a sentir. Se precisar de alguma coisa, estou por aqui. Um beijo grande, vou te visitar ali no blog.
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