07 janeiro 2022

O homem ideal. Existe? E o filho ideal? Filmes sobre inteligência artificial. Assista. Quem sabe você os encontra.

     Assisti "O Homem Ideal" de Maria Schrader. Não esperava muita coisa, por que dessa vez li a sinopse. E o mundo agora anda cheíssimo de filmes sobre IA, IT, etc. Robos de todo jeito, décadas depois do escritor mais talentoso do genero: Isaac Azimov ter escrito seu primeiro livro voltado ao tema, em 1950. 

    O que mais me agrada nos filmes sobre robôs, androides e tal, são suas tentativas de se tornarem a imagem e semelhança de seus criadores: os seres humanos. As vezes sem mesmo terem controle sobre essas semelhanças: como o robô Hal, que controla a nave e seus tripulantes adormecidos,  e  em uma psicose,  aborta a missão de" 2001 , Odisséia no espaço", filme sempre novo. Belo. Possível de ver mais uma vez. Obra prima, esse sim.

   Em 1995, "O homem bicentenário,' texto lindo de Azimov, vira o filme sensacional, de mesmo título, estrelado por Robin Willians. Ali ele vive com uma família,  para fazer serviços domésticos. Inclusive o de babá das crianças. O robô era "diferente" de outros do mesmo tipo, e cada vez mais humanizado por aquela convivência, decide se tornar humano e ter inclusive o direito de morrer. Ao viver por tantos anos, ele testemunha toda aquela familia ir embora, e se apaixona, casa, e vê envelhecer a filha caçula daquele clã. É muito bonita a trama e cheia de motivos para reflexão. Vale a pena buscar por ai, quem sabe no Youtube? Ou em algum lugar que alugue filmes on-line ( não temos mais diskets nem fitas cassetes, são as máquinas evoluindo...) E viva a internet.

Em junho de 2001,  estreou  "I.A. Inteligência Artificial." Uma obra de arte cinematográfica sem igual. Que poucas pessoas deram o valor que de fato tem. Esse vale a pena ter, para assistir quando quiser, outra vez e nova-mente. O enredo é o seguinte: estamos em um momento de grande evolução dos robôs. Eles agora tem sentimentos como os humanos. E já é possível, ao dizer uma senha X ,  que o  robô passe a amar seu comprador, incondicionalmente. Existe isso? Para robôs da ficção do grande Spielberg, sim. Acontece que uma mãe de familia vive um profundo luto, por que seu filho único,  de uns 10 anos,  está em coma, sem esperança de recuperação.  Desesperada pelo amor de uma criança ( vai entender uma atitude assim não é?) , ela compra um robô igualzinho a um menino de verdade. O ator  Haley Joel Osment ( o mesmo de Sexto Sentido) , e sua maravilhosa atuação, dá mais veracidade ao personagem robô que logo é capturado pela tal "senha" do amor incondicional e passa a viver para  amar e possivelmente ser amado por aquela mãe. 

O inesperado acontece: o filho que está em coma recupera-se. E passa a ter um enorme ciúmes do robozinho quase humano. Em um momento de dúvida, a mãe da razão a sua criança biológica e manda o robô embora. Que desespero. O menino máquina fica inconsolável. E vai em busca da fada que poderia transforma-lo em um menino "de verdade", como no conto de Pinóquio, o menino de madeira, feito pelo carpinteiro e pai Gepetto, que mágicamente se torna um menino em carne e osso. É claro que essa fada não existe no filme de Spielberg. Só na memória do cativante robô menino.

Vemos uma passagem de tempo. A Terra, para variar, completamente destruída. Esse destino parece inevitável. Previsto por quem tiver olhos.... O menino robô no entanto, sobrevive, dentro de uma espécie de nave, no fundo do mar. Parece que ficou desligado por todo esse tempo. Chegam então uns ETs. E para descobrirem o que havia na Terra, eles exploram a inteligência artificial, que compõe esse menino. E... reconstroem o cenário em que ele vivia, ou pelo menos, almejava.  Vemos a imagem da mãe cuidando dele.  Colocando-o para dormir.  E...quando finalmente adormece,  pela primeira vez, sonha. Ou seja, ele se torna  um menino de verdade.

Sim estou dando spoiler aqui. Mas penso que o spoiler é chato quando um filme estreou. E não quando estamos dizendo: reconheça que você ainda pode ver esse filme espetacular de 20 e tantos anos atras. E que é mais atual do que nunca. O que está em jogo ali é: pode uma máquina se tornar humana? O que é ser humano? Aquilo que tanto queremos: amor, pode ser sentido por uma máquina? Correspondido por uma máquina? Podemos fazer uma máquina sofrer como um humano sofre, por suas perdas, seus desejos não satisfeitos, seu amor sem proporção? Até onde vai a máquina e entra o humano? Vamos nos ver diante da necessidade dessas respostas em futuro breve. Assista I. A. Inteligencia Artificial.

Já  O homem ideal, é outra coisa. Ou a mesma coisa, por um outro ponto de vista. Um robô é construído, um homem lindo, aos moldes dos possíveis desejos e aspirações de uma cientista, antropóloga, linguista, que precisa de fundos para sua própria pesquisa. Assim ela se submete a esse experimento do homem máquina, por alguns dias, convivendo com o robô e descrevendo suas próprias sensações.

Aqui o foco não é mais: será que o robô sente? Ele não enrola: é um robô, construído para satisfazer a mulher e ponto final. Não tem aspiração de ser gente. O que interessa é  o que a mulher pode sentir em relação ao robô. É o terceiro filme que assisto sobre o mesmíssimo tema. A diferença é a personagem desse. Ela é muito bem delineada: crítica, questionadora... e são suas próprias sensações que dão uma direção ao enredo. Em determinado momento, depois de uma transa que talvez tenha sido tão perfeita como nenhuma outra,  ela diz: "cobri você , mesmo sabendo que você não sente frio. Fiz seu café da manhã caprichado mesmo sabendo que você não precisa comer". Ela tem a justa medida de que, está  se relacionando com ela mesma. Que está sozinha, acompanhada apenas por sua fantasia. É o que a personagem verbaliza. E eis a questão: estamos acompanhadas do que, quando nos apaixonamos? Temos uma acuidade espetacular para ver o outro, ou estamos lidando com nossa fantasia? Por outro lado ainda, tantas pessoas tentam se mascarar para se parecerem o ideal do seu par não é mesmo?

Vale a pena assistir O homem ideal. Talvez não seja apenas mais um filme de robô. Já  I. A. Inteligência Artificial,  de Spielberg é imperdível. Assista os dois. E me conta depois. Beijos

4 comentários:

  1. Só assisti I.A do Spielberg, fiquei curiosa em ver esse filme.
    Estou com uma pesquisa de público no blog, se puder responder, ficarei feliz.

    Big Beijos,

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  2. Oi Lulu, esses todos vale a pena assistir. O do Spielberg para o meu gosto é o melhor. Voce ja tinha me falado dessa pesquisa outro, estive no seu blog e vi uma postagem sobre outra coisa que nao era uma pesquisa, deixei um comentario. Vou olhar novamente. Boa semana! Bjos

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  3. Anônimo11:18

    Ideal é bem pessoal, né? Já há algum tempo ouvi uma estória em que uma mulher procurou a vida inteira o homem ideal... e quando o encontrou foi descartada porque ele também procurava a mulher ideal...

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  4. Concordo que é pessoal. E tb que não existe. É bem isso, um desencontro. O ideal é inatingivel, por isso é ideal. Mesmo no filme do "robo ideal", isso é bem mostrado: você pode ser um pouco menos perfeito para mim -ela perguntA. Se frustrar um pouco, aprender a conviver com as diferenças é tao importante. Quem quiser o ideal deve casar-se com o espelho:-) Que tb nao vai ser o ideal com certeza.

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