19 agosto 2014

O "amor" é lindo, na fila do super mercado de luxo. E o amor é lindo na fila da exposição dos Mayas, na Oca.

 Ando com os olhos voltados para as coisas do amor, das paqueras, das "ralações" e das "relações". Talvez por isso mesmo, esteja prestando muito mais atenção às cenas públicas que testemunhamos no cotidiano. Melhor observar e simplesmente registrar,  ou não. Julgar nem dá. Quem há de saber.

Outro dia estava no caixa de um desses supermercados chiques da cidade. Fui comprar umas coisas sem lactose, que só vendem lá. Aliás,  não sei por que esses supermercados de rede, caríssimos igualmente, tem um repertório tão curto em termos de produtos para quem tem determinadas alergias como leite e glúten? Será que é um acordo com a concorrência?  Quem há de saber...

Pois eu lá no caixa pagando e assistindo: um casal está pagando suas compras. Ele um homem bonitão, mas passadão, e ela uma senhora gorduchinha e tal, daquelas pessoas não muito ligadas em aparências. Pelo menos, aparentemente.  De longe,  uma outra mulher entre 40 ou 50,  toda bonitona, observava a cena, como eu. Mas por um  outro angulo. Ela havia acabado de empacotar suas compras. Recebeu um carrinho e antes de virar de costas, fez um biquinho com os lábios para o tal bonitão,  próximo ao caixa. Ele  olhou para ela.  Ela virou de costas, estava com uma calça comprida ( tipo "roupa para malhar" larga , mas de tecido tão fino, que pareceu  "roupa-de-paquerar-no-supermercado") A calcinha minúscula para dentro da bunda, arrebitada para o tal senhor. Que continuou olhando. E quando ela  ia descendo a rampa,  desistiu. Ficou ali como se estivesse esperando... Será que ela era a mulher do sujeito e eu estou  aqui entendendo tudo equivocadamente? Quem há de saber... O fato é que o homem pegou dois pacotes de não sei  o que, e   estava na dúvida se levava uma caixa ou outra. Perguntou alguma coisa a um  vendedor. A moça da calça de ginástica veio rapidamente... fez o maior charme... disse alguma coisa apontando o produto. E esse senhor fingiu que ela não existia. Não esboçou reação, não agradeceu. Ficou mudo. A tal mulher da calcinha... desceu a rampa finalmente. E esse homem-principalmente pelos dois tipo de reação-  estava sim acompanhado da tal senhora. Que continuou passando as compras como se nada tivesse acontecido. Realmente, ela estava certa, nada aconteceu. Eu é que sou uma admiradora do comportamento humano, só isso.

( Mas me lembrou uma cena de "Fanny e Alexander", quando um marido está  visivelmente  assediando  a "criada"( sic) e uma amiga pergunta à esposa,  que tudo assiste: "você não fica chateada?" Ela diz:"não, eu acho até bonito". Mais tarde dá um tapa na cara da mocinha e em seguida,  lhe oferece um presente de Natal. As ambiguidades humanas. Bergman não poupa ninguém...)

                                                            Até no supermercado?
Outra fila, essa de uma hora e meia para assistir a exposição gratuita da civilização maia ( "Mayas .Revelação de um Tempo Sem Fim")   na Oca, no Ibirapuera. Um casal de seus 20 e pouquinhos  anos conversa atrás de mim: a menina ( para mim, menina,  sim) fala sobre Tristão e Isolda e aquela relação tão especial. Explica que a noção de amor  é cultural, mas fala com doçura, não parece estar dando aula ao rapaz, mas apresentando suas qualidades, simplesmente. Depois ela passeia por diversos conceitos de antropologia, fala sobre os índios,  sobre tribos na Austrália, e a forma do homem ocidental considerar civilizado X e não Y grupos. Parece agradar e muito. O rapaz responde  e mostra que está entendendo.O diálogo flui e ele fala sobre alguns conceitos de Biologia. Os dois parecem ter uma formação universitária já concluída, por que além do vasto repertório, ela fala de seus "alunos", e das ideias que procura transmitir a eles.

O sol está escaldante em pleno inverno paulista e vamos ao primeiro sorvete  na  fila, logo em seguida mais um e uma garrafinha de água. Logo, a conversa do casalzinho fica entrecortada.

Mais tarde estão em outras conversas, já trocaram beijos. O rapaz está falando sobre jogos eletrônicos. Uma lista imensa deles, e isso não entendo bem. A moça escuta, apoia , pergunta. Eles se abraçam e -aos meus olhos e ouvidos- o rapaz está  visivelmente encantado . Ela também.  Ele diz: brincando:' se um dia você for lá em casa, se tiver coragem de ser apresentada a minha família,   vou te mostrar esses jogos"....
                 

                                                  É bonito ver um encontro acontecer.

Me deu vontade de virar para eles e dizer: "vocês são tão bacanas. Invistam nesse namoro que já está dando certo. Essa menina é tão culta, vocês dois, tão inteligentes".
Vai dizer que o mundo não vibra com a sensação de esperança, de alegria, de anos pela frente de um encontro bacana, que pode virar amor? Claro que sim.
Eu não sou diferente. Por mais que procure olhar com distanciamento, já que  estou observando a vida dos outros, a alegria alheia me deixa mais feliz. E assim seguimos cantando, como diria Mercedes Sosa.

 E se você gosta de histórias de amor, "contos de fada" verdadeiros, sensuais e muito bem contados, leia o livro "Mulheres Também Gostam de Contar".  que será lançado ,pela Editora Scortecci, dia 30 de agosto,  na Bienal de São Paulo.

Beijos,
E até mais.



Fotos:bocas sensual ( Sobralphotos) ,   e  mãos dadas:  (olhar43.net) referencias encontradas no Google.

4 comentários:

  1. Hoje em dia as pessoas não sabem mais valorizar os relacionamentos já reparou?
    Pretendo ir a Bienal do Livro, se eu conseguir ir no dia 30 quero te ver sim.
    Big beijos
    Lulu on the Sky

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    1. É as pessoas em geral estão meio sem saber que camiinho tomar ne? Que bom que você vai a Bienal. Vou estar no stand da Scortecci. E vou adorar conhecer esta celebridade blogueira você. Super coluna você tem. Bjoss querida.

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  2. As suas observações dos acontecimento cotidianos são de uma sensibilidade sem igual.

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    1. Grata Zany, as vezes a gente olha assim.... Nada é muito surpresa. Mas ainda me espanto num momento ou outro com a voracidade humana...... Bjos para você e para a tua Ana Luisa.

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