26 janeiro 2012

A Outra Terra.


Estou, como todo carioca, chocada com esse desabamento dos três edifícios no Rio de Janeiro. Os jornais falam de "problema estrutural", o que eu entendo que seja problema na base da construção dos prédios. Cálculos feitos errado, essas coisas. O fato é que 20 pessoas ainda estão desaparecidas, e dizem que é "improvável que ainda estejam vivas". Ainda assim, torço para que continuem as buscas. Casos incríveis de sobrevivência acontecem em tragédias como terremotos e tsunamis, o que colocam por terra toda e qualquer noção de tempoX capacidade do ser humano de suportar o que quer que seja para se manter vivo. O humano ainda surpreende no bom sentido.

Ontem assisti a um filme lindo:" A Outra Terra", que ganhou o festival Sundance ( de filmes independentes) que acontece uma vez por ano em Utah, nos Estados Unidos. O enredo trata do aparecimento de um outro planeta azul atrás do Sol. E descobre-se que ali há água, há vida, há humanos. Há um duplo de cada um de nós sobrevivendo do outro lado .

Claro que essas ficções são todas metáforas- e nesse filme em especial, muito bem articuladas- da vida. Não faz o menor sentido ter tudo repetido igualzinho. Mas faz todo sentido quando um filme propõe: sabemos quem somos nós? Se víssemos um "outro" como cada um de nós, o que teríamos a dizer e a ouvir dessa pessoa? Como os outros nos vêem? Será que você gostaria de si, vendo-se de "fora"?

O ser humano vive a maior parte do tempo lidando com seu imaginário. Sua própria figura, seus reais sentimentos, seu julgamento da realidade, sua capacidade de discernimento fica muito pequenininha. A "versão dos fatos" de cada pessoa, está sempre exposta ao sabor de qualquer vento, maré, ou companheiro de bordo nessa aventura da vida. Assim o filme ao mesmo tempo em que nos aponta para um planeta lá longe, nos chama para perto dessa reflexão bem aqui.

Certamente que não precisamos de uma outra Terra para descobrirmos quem somos nós. Basta um pouco de serenidade. Um pouco de quietude interna. Ausência de tantos estímulos externos, para começar a nos ver. Por isso é tão benéfica a Yoga e a meditação. Um encontro de nós com nosso próprio eu , sem necessidade de voar em nenhuma espaçonave para isso. Um outro caminho que considero árduo, mas "enxuto" é a Psicanálise. Um jeito do ser humano se encarar. De preferência sem parcerias, além do seu analista, para observar a si e ao mundo. Pronto, já temos uma "outra" Terra, que está aqui mesmo.

Sejamos astronautas de nossa própria humanidade. Conscientes de nossos erros e acertos. Capazes de nos entender com profundidade, sem medo de sermos verdadeiramente inteiros, indiferenciados. E quem sabe, felizes. Boa viagem para você.

Hoje faz mais um ano da morte de minha avó Paula. Embora eu não seja boa com datas, quando se trata dela, lembro. Minha avó querida.


(foto de divulgação do filme encontrada no Google)

5 comentários:

  1. acho q todos nós estamos chocados. ouvi uma entrevista de um profissional do rj q comentou q nessa época do prédio, vários foram construídos com uma tecnologia alemã q logo depois parou de ser usada pq não condizia com o brasil q precisava de técnicas mais seguras pelo tipo do solo, clima, etc. anotado sobre esse filme. beijos, pedrita

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  2. Cam, teu post está o máximo, pois mesmo diante da tragédia do desabamento do Rio, este filme que nos fala passa a sensação de que existe lá neste outro planeta, outros de nós e quem sabe, em melhores condições de vida.
    Vou querer ver este também, gostei da dica.
    beijos, hots cariocas

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  3. Camille, deixo as minhas sinceras estimas por ti que tem saudades de sua avó!

    Sobre o outro mundo, é como falar sobre outras dimensões. Eu creio que o ser humano sonhe com essas coisas pois já se sente saturado de tantos erros cometidos aqui e muitos deles parecem não ter mais como fazer a reparação.

    E sobre mim: Camille, querida, obrigada... eu sou feita de 50% de sentimentos, 25% de razão, 20% de sorrisos e 5% de lágrimas de chuvas.

    Beijos

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  4. Horrível o que aconteceu no Rio, horrível quando coisas assim acontecem em qualquer lugar do mundo...
    Saudades de vc minha querida!
    Beijos, Jan

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  5. Cam, que belo e profundo texto.

    Se nós amássemos o próximo como a nós mesmos acredito que muitas das nossas atitudes seria diferente.

    Esse filme deve ser muuuuuuuuuito bom.

    Assisti dia desses no you tube um filme com Richard Gere que achou um cachorro que nao o abandonei, adorei a historia e gostei mais ainda de saber que essa historia era verdadeira.

    O filme se chama: Sempre a seu lado.

    Deixo o link aqui se vc quiser ver o filme:

    http://www.youtube.com/watch?v=2Z1qrhC4-Bg&feature=related


    Bom fim de semana


    Bjao

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