Faz muito
tempo, eu não sei, eu não vi. Mas eu lembro... A noite quase escura, e nas
agitadas ondas do oceano Atlântico partia uma nau fantasmagórica. Até hoje
aquelas vozes que nem sei se existiram estão em meus ouvidos: Mariariariariaria!!!! Mescladas com o barulho das águas do mar que
chacoalhavam no casco da suposta embarcação. Pois dizem que ela existiu, saiu
do porto de Olinda levando o dono da capitania hereditária de Pernambuco, de
volta a Portugal. Não sei, alguém sabe? Se chegou ao seu destino : era a Nau Catarineta.
O tira o
leu, leu leu
Tira o Léu
da Marieta,
Nos somos os
marinheiros,
Dessa nau
Catarineta....
Muitos anos passados, meu pai queria me levar a uma igreja de um colégio, para assistir uma “Louvação”. Se eu fosse uma
adolescente de agora, daquelas bem contestadoras diria de uma vez: “o que????
Cheirou, bebeu, fumou?” Mas eu não era tão rebelde assim e disse: não vou nisso não. Ele precisou me convencer de que era um espetáculo
teatral que ia ser encenado naquela igreja e que diziam, era muito, muito
bonito. Fui. Amei. E fiquei conhecendo artistas brilhantes: Cecília Conde,
Fernando Lebeis, Lourenço Baeta e Caique Botkay. Esse me deu uma vela acesa para eu segurar durante
aquela celebração e eu fiquei ainda mais feliz. Não era missa, era mesmo uma louvação,
toda cantada com as lindas vozes daquelas pessoas. Alguma coisa definitivamente
tinha se acrescentado ao meu destino.
Tempos
depois o mesmo grupo estreava uma peça no Teatro da Lagoa, que acho que nem
existe mais. A “Nau Catarineta”. E seus tripulantes, quase os mesmos
da “Louvação,” com o acréscimo de um: David Tygel.
Quase todos
eles, ou talvez todos eles vinham da Musicoterapia. E a encenação daqueles
versos de tradição oral do folclore, era concebida com a mesma diversidade de instrumentos
alternativos, de pesquisa musical, que a Musicoterapia convidava a
experimentar.
Cada ator tinha um aquário com água, de onde em muitos momentos mergulhavam as mãos e faziam, aparecer o som do mar. E a iluminação
do palco? Era feita por lampiões. Como talvez fosse a iluminação de uma nau em
1500 e tanto no Brasil ou em Portugal.
Um trabalho artezanal, cuidadoso, original, moderno. Uma beleza sem fim que assisti um tanto de vezes. E adoraria ver novamente. Se houver um registro,
uma filmagem.
Nos anos
seguintes tive mais contato com algumas dessas pessoas. Fui estudar Musicoterapia
e um horizonte de conhecimentos novos se abriu para mim. Um dia eu conto, por que
tudo isso é parte linda da minha história.
Por agora,
mando um abraço apertado aos tripulantes da Nau Catarineta. Em especial para
Cecília Conde que vou amar rever algum dia.
Como aprendi
com essa pessoas maravilhosas. Me emociona que o Brasil tenha essas criaturas
tão especiais. E quem tiver inteligência que aproveite e não deixe passar.
Fica aqui a homenagem, da minha lembrança- "e quando o mar balança o barco, eu tenho recordação"... Uma letra que decorei e cantei muito, adolescencia afora, com meu violão:
"Vamos ver a
barca nova
Que vem do
céu
Caiu no mar
E Nossa
Senhora vem junto
Olerelere,
Com os
Anjinhos a remar...
São José
seja o piloto
E São
Joaquim seja o capitão
E Maria que
é Mae da Gloria
Que é a mãe da
consoloção
Nos embarcava
na prancha
E o povo em
terra
Chorando
Adeus
Adeus ADEUS
Barra da
França....
A-Deus"
E uma boa dica: levem seus pimpolhos ao Teatro, aos museus, pesquisem os livros do folclore brasileiro e de outros países. Tudo isso é vida, é estímulo para a inteligência. Tudo isso é amar e é EDUCAR.
Espero que eu esteja conseguindo dar para minha filha que ainda é uma guria, tantas coisas boas que recebi na vida. E venho me esforçando. No próximo "capítulo" vocês serão apresentados ao Ilo Krugli, se é que já não o conhecem, esse Mago, fabuloso fazedor de sonhos.
Dedico essa postagem aos Portugueses que todos os dias vem aqui prestigiar o que escrevo. Muito obrigada amigos.
Dedico essa postagem aos Portugueses que todos os dias vem aqui prestigiar o que escrevo. Muito obrigada amigos.
Ah teatro é tão gostoso. Adoro. Infelizmente não são todas as peças boas que tem preços acessíveis.
ResponderExcluirCam, coloquei uma enquete no blog sobre o galã cinquentão para o próximo domingo. Dá uma olhada e vote.
Big Beijos
Oi, Cam...
ResponderExcluirÉ uma dádiva esse dom da arte, da cultura. Representar, cantar, compor, escrever... tudo muito útil pra gente!
Coisas tão simples em nossa juventude e que marcam tanto. Tem coisas que mesmo que passem anos e anos, ainda me lembro de tudo, de cada vírgula.
Isso sim é importante pra gente.
Vamos aguardar a outra lembrança sua, então.
Beijossss
Cam, adoro teatro e qdo dá levo as criancas. As ecolas daqui levam as criancas ao menos uma vez no ano.
ResponderExcluirVamos lá as tuas perguntas:
Christian e eu: Peixes
Daniel Cancer
Viviane Leao na Europa, Virgem no Brasil.
Como?
Pois é pela diferenca de horário, ela na Alemanha é leao, último dia.
23.08 no Brasil ela é virgem.
Bjao
Camille, mais tarde volto com calma para ler voce. Mas queria, rapidinho, agradecer seu comentario.
ResponderExcluirNossa... nem havia pensando naquela possibilidade. Será?! rsss O negocio, se arrasei com ele (the heart), nem sei direito como ele é.... kkkkk
BEIJOS
Cam,
ResponderExcluirO que eu acho é que quando o jovem se abre para aceitar coisas novas, diferentes daquilo que convive sempre com o mesmo grupo e idade, quando vão assim, levados pelas mãos de pais, tios ou amigos e descobrem o mundo, ficam mais seguros e abertos às novidades. E o resultado é isso, ou seja, pessoas que crescem culturalmente.
Tomara que sua filha aproveite toda essa dádiva que tem através de você.
beijinhos cariocas