Ela estava ali falando, próxima ao caixa do super-mercadinho de bairro, quando eu entrei. Comprei o que precisava e fui para a fila. Não tinha. Era só eu. E ela, falando com o moço do caixa. Reparo que não está em frente, mas de lado. Dou um passo. O rapaz diz: pode vir nessa aqui. E vou.
Ele fala para a senhora: fique a vontade. Enquanto eu pago, vejo que ela retira objetos da bolsa, está procurando alguma coisa. E começa, ou continua: "eu estava com isso aqui dentro, fui lá tomar um Johrei.".... Olho e me dou conta de que é uma mulher de origem asiática e muito idosa. Dessas que vão ficando magrinhas conforme o tempo passa. Como que murchando. E dá mais um recado: "eu não queria ser dessas velhinhas que ficam conversando na fila, atrapalhando quem quer pagar. Antigamente pensava mesmo nisso. Velhinhos gostam de conversar...." O moço diz solidário: que isso, a senhora somos nós amanhã. A frase parece meio tosca, mas é tão verdadeira, que não ofende.
Enquanto atravesso a rua penso: a senhora não é velhinha, é humana. Somos sozinhos, todos nós. Querendo conversar na fila. Ver gente. A pandemia apressou as coisas.
Repara.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
COMENTE, DÊ A SUA OPINIÃO. Você é a pessoa mais importante para quem escreve um blog: aquela que lê, que gosta ou não gosta, e DIALOGA.
Bem vindas. Bem vindos. Você pode comentar, escrever seu nome e para facilitar, clicar na opção "anonimo", ou pode se inscrever e comentar. Acho a opção, que se coloca o nome e uma forma de contato, + a opçao anonimo, VALIDA. Grata e aguardo seu comentário.