19 abril 2020

Qual a diferença entre um avião em chamas e as mortes pelo coronavirus que são mais do que um avião em chamas, por dia?

             Hoje eu li no facebook a postagem de um amigo, fazendo-se essa pergunta. Por que as pessoas se comoveram tanto com o avião da TAM que pegou fogo há anos atrás aqui em São Paulo, e não se comovem  diariamente com o equivalente em mortes por corona vírus,  a esse avião? 
             
    A pergunta é forte, a resposta parece simples: por que no caso do avião, as pessoas se comoveram por que não estavam dentro. Esse distanciamento necessário nos livrava do panico e nos permitia sentir , imaginar , nos aproximar do sofrimento do outro. Agora, não sabemos mais quem é o outro, o morto.  O  morto, pode ser qualquer um de nós. Estamos no meio disso. Chacoalhando entre o medo, a fé na vida, necessária para hoje e amanhã, a aposta em um futuro que há de vir.  A advir. Duro? Duro. Se sobrevivermos a isso, é possível que esse momento seja um marco na história da nossa humanidade. Como disse uma amiga, a terceira guerra mundial. E por estar nela, mudaremos. 
     
     Nada mais foi como antes, com o advento da internet. Parece que não podemos prescindir  dessa ferramenta que nos coloca em contato com o mundo. Não podemos. É por esse contato que nos situamos. Somos alguma coisa em relação a X realidade que não é a nossa. Podemos procurar verdades, e nos esconder, através dela, de forma que parecia radical. Mas não podemos fugir de alguma coisa que está fora dessa matrix,  que nos expele da virtualidade. Não estamos tão dentro desse fora de nós, como talvez  gostássemos  de imaginar: o vírus, covid 19, que devasta populações desse planeta chega para nos lembrar que nosso corpo existe, e não tem avatar que conteste.   A internet nos tirou do nosso comodo não querer saber.  Conectados somos bem informados, por outro lado,   alcançáveis ,  controláveis,   controladores.  Já o  covid está ai para lembrar que somos alcançáveis e controlados por uma outra maneira: somos mortais,  não estamos livres do perigo de ir embora a qualquer momento. 
    
   Esse vírus, que se espalha com uma rapidez  antes desconhecida,  nos despe de toda a segurança  que pensávamos ter com relação a vida. A segurança baseada no esquecimento, por montes de subterfúgios que quem sabe  já utilizamos para nos imaginar imortais. Importantes, alguns poderosos até , acima da finitude. Não há essa possibilidade. Vamos morrer. Pode não ser hoje, e nem de corona virus. Mas vamos. Pode ser de velhice, mas vamos. O corona nos coloca em contato com a possibilidade do fim da existência. Que dificuldade. Não é? 

  Olha lá o avião em chamas!!! Coitados, que dor, que horror, que tragédia. Agora olha lá na televisão, o homem com o respirador. Olha as UTIs ocupadas, lotadas alias,  que estão transmitindo ao vivo. Olha la, o médico cobrindo a face uma pessoa que deixou de viver, e agora é um corpo a mais nessa contabilidade. Um ente querido de alguém.  Dificil de ver? Para o brasileiro parece ser impossível.. Então uns fecham os olhos.. Buzinam, protestam.

Negar o presidente já nega. Para ele também deve ser dificil. Como capitão do exército deveria estar preparado para a guerra. Não está. E esperneia.

Façamos então a nossa parte. Cuidemo-nos. Nos alimentando bem, procurando dormir bem. E não minimizando a situação. É vida ou morte. Não saia de casa. Mas se for extremamente necessário, use luvas, mascara, prenda o cabelo se for comprido, para não ter eventualmente que tocar no rosto, por que a luva vai estar exposta de toda maneira. Ao voltar para casa, lave suas roupas. E tente encarar. Se você pode ficar em casa, o mundo não vai acabar.  É uma crise. Vai passar. 

 Aproveite e se aprimore como ser humano . Você tem a sua vida. Que sorte a sua, a nossa. Não estávamos naquele avião....E seus vizinhos, vão bem?

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