16 fevereiro 2016

A prevenção de anomalias na vida psíquica fora do útero poderia começar no parto "sem violência". Ou antes..

       Há 30 anos atrás se falava muito no parto Leboyer.  Criado pelo medico Frederick Leboyer. Um parto sem violência em que a criança "já nasce sorrindo". Eu mesma adorava o tema. E tinha o livro sobre o parto e um outro, que ensinava as mães a praticarem a Shantala, uma massagem muito gostosa para o conforto do bebê. E mais que isso, a massagem tinha uma função ampla, e a principal,  estreitar o vínculo entre mãe e filho. A parte mais importante eram os dois se olhando, olhos nos olhos.
   

 Quando nasceu minha filha,, mais nova,,  e eu já me sentia mais madura e confortável, para praticar a Shantala, ,E realmente os efeitos são benéficos. Especialmente nessa parte do olhar, da comunicação, do sorriso .  A mãe senta com as pernas estiradas e deita bebê sobre elas. É um ângulo perfeito para os dois se olharem todo o tempo, enquanto a massagem vai sendo praticada. A mãe percorrre todo o corpinho, Massageando,  e dando pequenos apertinhos em cada parte do seu bebê. Lembro perfeitamente bem de cada dobrinha do corpo da minha filha. E do olhar dela,fixo em mim. Ao final, sempre cantava uma música, bem baixinho que ela parecia adorar "borboleta pequenina". .
..

E assim começavam as minhas manhãs antes de ir para o trabalho. Que maravilha de contato para uma mãe que precisa realmente sair e trabalhar o dia inteiro. Fica esse vínculo forte estabelecido e repetido todos os dias.

Tenho lido sobre a pesquisa IRDI,  criada por psicanalistas com o intuito de descobrir sinais precoces, em bebês e crianças pequenas,  de problemas psíquicos graves, como psicose e autismo. Essa pesquisa é tão importante e valiosa para as nossas crianças, que seu instrumento de validação,  se tornou um roteiro de avaliação que pode ser praticado como prevenção diagnóstica em instituições públicas de saúde., pelos pediatras. Quanto mais cedo se percebe alguma anomalia ou sofrimento, mais fácil de alcançar excelentes resultados e quem sabe, , a cura.

Hoje passei os  olhos nessas coisas "fantásticas" que vem como pequenas vinhetas no Yahoo.  E além de uma cobra venenosa capturada em um super mercado na África do Sul, notas sobre celebridades, havia também o ultrassom de um bebê se auto agredindo dentro do útero.("Bebê se Espanca dentro do Útero", é o titulo. ) Sua mãozinha fechada parece bater em seu rosto. Se aquilo ali não é uma imagem "fake" ou uma interpretação errônea( poderia ser um movimento de braço e não um "soco") ,enfim, supondo que seja verdadeiro, que um bebê possa se auto-mutilar ainda dentro do útero, dá para imaginar o nível de tensão dessa mãe, dessa gravidez, não é?

Então fico pensando: o que poderia ser feito antes do nascimento, para dar mais e mais conforto a gestante, e ao bebê que está ali  ainda no seu "casulo"?  Principalmente em um país como o nosso, que falta recursos na saúde pública, para todos. Que as desigualdades sociais são tão imensas. E que talvez uma mãe  em "construção" precise de muito mais amparo, carinho, atenção do que podemos imaginar...

Provavelmente na antiguidade, uma gestante teria o amparo da sua  pequena comunidade. Um momento especial para que tudo saísse bem, de forma natural. E nas cidades grandes onde o desamparo parece ser geral, o que então dizer desse momento tão delicado que é gerar um bebê.

Sera maravilhoso que a prevenção e o cuidado comece ainda no útero. E que os bebês ,todos, tenham direito a esse parto humanizado:pouca iluminação na hora de vir ao mundo, para não ferir os olhos que ainda não viram essa multidão de estímulos que estamos acostumados. Banho quentinho, que imite um pouco o calorzinho do utero materno. E deitar o bebê no colo da mãe para que ele continue a ouvir seus batimentos cardíacos. Para que essa quebra não seja tão brusca.

Voto no parto humanizado para que os bebês venham ao mundo em condições menos violentas.Sim, o que para nós é "natural" ( uma sala de cirurgia é natural? Ar condicionado, luz fria...) é realmente uma agressão para o corpinho do bebê. Desde os sentidos até a pele, ainda tão sensível, que deve arder em contato com o ar. Nascer pode ser gostoso. Quem viu o video daqueles gemeos que nem perceberam que tinham nascido, que lindo!

                        FAÇAMOS A NOSSA PARTE PARA UM MUNDO SAUDÁVEL..
                                             SORRIA PARA UMA GESTANTE..

Voto também em maios calor humano com todas as gestantes que encontrarmos pela frente. Sem dúvida a mulher fica instintivamente mais forte neste momento. Mas ao mesmo tempo, tão carente, tão emotiva, tão precisando de um sorriso de quem passa e nota que ali vai alguém com esperança. Colocar um filho no mundo, se não for por acidente, só pode ser esperança não é mesmo?

Fica ai esse recadinho. Um beijo em todas as mamães e em todos os bebês desse mundo. Muita saúde para todos.


Imagens: foto da capa do livro "Nascimento sem violencia" de Frederick Leboyer,  Capa do livro Shantala, de Frederick Leboyer. Foto de gestante do site Dicasonlinegratis. ( para gestantes)

4 comentários:

  1. Camille,

    Sua 2a. filha tem idade aproximada da minha. Naquela época se falava muito da pratica de Shantala, eu li e apliquei, era muito bom para ela. Percebia que a deixava calma.

    Uma curiosidade, estava com uns 6-7 meses e tomei um susto que me fez chorar muito. Até hoje eu me lembro disso pq tive a nítida impressão q ela tambem chorou.

    Bjs

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  2. Pois é Sissym, nunca ouço as pessoas que estão tendo filhos agora, falaram desse assunto. Andei procurando na internet, tem um grupo de pessoas ligadas ao tema "parto sem violencia". Que legal que você fez a massagem na sua filha também. Deve ter ajudado a ela ser essa fofa linda que ela é. Entao, é muito provavel que ela tenha sentido sim, esse teu choro. A ligação é total nesse momento não é? Muitos sorrisos para vocês duas pela vida afora. Bjosss

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    1. Camille, acho tudo muito diferente na ultima decada.

      Para mim a minha filha era uma bonequinha. Saudades de quando era pequenina e a colocava no colo, levava na escolinha, dava comida na boca, escolhia a roupinha (mas sempre aceitando as escolhas dela), sair carregando bonecas pelas ruas, carrinho de bonecas... e muito mais.

      Bjs

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  3. Tem razão querida, está tudo tão mudado que minha filha, meu bebê até outro dia-como a sua bonequinha me diz: "não sou da geraão Y. Quando eu nasci ainda tinha aqueles computadores, sabe com aquelas caixas enormes( CPUs) e as pessoas ainda ouviam CDs, não sou da geração da alta tecnologia". Sissym, o que é isso?!!! Hehehehe. Que mundo mais estranho é esse? Ano passado a única preocupação da minha filha era arrumar umas botas de camurça sei la como,por que a colega tinha. Brincou muito de bonecas sim. Muita Barbie nessa hora. Teve a fase dos bebês e carrinhos. E nos tivemos nossa fase de bebês e carrinhos não é? Fizemos tudo certo Amiga. Tudo certo. Quando alguma coisa sai meio do prumo, é mesmo por que a vida é perfeita. Quer dizer, se fosse tudo na perfeiçao estatica, não seria vida. Seria cenário, plastico, enfim..... Bjoss e excelente semapa que estpa começando, para nós.

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