05 janeiro 2013

Impressões sobre o Rio de Janeiro no começo de 2013.

      Carioca eu sou.  E adoro isso.  Faz tempo que saí da cidade que amo, e hoje apareço de turista.  Mas  ganhei um presentão: a possibilidade de passar duas semanas como  uma verdadeira moradora.   Com casa, carro e atividades cotidianas-deliciosas- como rever amigos queridos. Mas com isso,  transitar pela cidade como antigamente, como qualquer morador.
     
   Transitar como antigamente é um pouco modo de dizer: as obras do metrô no período de Natal e Ano Novo,  considerei um tanto sem sentido. Complicado para os comerciantes, e conheço alguns, E bastante enjoado para "novas" moradoras como eu. Para quem já não lembra direito de todas as ruas,  é estranho ver a Ataulfo de Paiva toda  recortada.  E a cada  trecho arrumar uma saída de escape, com alguns dos guardas de trânsito, respondendo sobre onde fica a rua tal: "não sei não, sou novo aqui, pergunta para o fulano ali na frente". Fulano ali na frente também é novo," não sabe não, começou ontem.."..
   
  Cadê  o treinamento até na forma de falar com quem pergunta? Cadê o mapinha na mão ou a mínima noção do que se está fazendo? Se não se sabe nada, obviamente, foram colocados ali, com  uniformes reluzentes para dar uma satisfação visual a quem passa. Mas não para efetivamente resolver um problema.
   Justiça seja feita:  no dia antes de ir embora, para chegar a Afrânio de Melo Franco, perguntei a dois, três desses rapazes, e já  sabiam informar corretamente.
                                foto encontrada em busca de imagens google, site "Portal do Leblon"

    Outra coisa que me chamou a atenção de um jeito bemmm constrangedor: fui almoçar com minha filha e uma amiga, em um restaurante em Ipanema. Minha pequena come bem, e tem horas que decreta: estou com fome!!!! Uma graça, praia- e que praia boa- dá fome sim.  Mas então: não há vagas para estacionar o tal carro que o filhão emprestou. Portanto, vamos  de "valet." Reparo que me dão um ticket que não passou por nenhuma máquina registradora de entrada do veículo.  Tudo manual. E se roubarem o carro que não é meu? Fico preocupada.  Na volta do almoço e da sobremesa numa sorveteria ao lado,  questiono:  por que meu carro está demorando tando?  Ah por que colocaram láaaaa longe, "difícil arrumar vaga por aqui". Ou seja, como em muitos lugares dessa vida, estacionam na rua, como se fosse um" flanelinha" qualquer. Mas cobram  RS 15,00 por um serviço sem seguro. ( Deveria haver um seguro para avarias ou mesmo roubo do carro, não é verdade?) Não tem. Somente uma anotaçãozinha da entrada. A funcionária me diz que estou certa, Que eles agem errado mesmo.  Imagino se  aquele bloco com aquele numerário,  sem nenhuma garantia, pode ser  simplesmente um caixa dois do dono do "negócio". Ela confirma a possibilidade. E diz:" já me demiti três vezes e meu patrão não me dá a demissão". Com  a demora do carro, já estamos ali conversando sobre a "vida toda." Até por que carioca é comunicativo e gosta de conversar. Digo que diante da situação o patrão não deve estar dando a  demissão dela, por que não está pagando as obrigações da carteira de trabalho...ela me interrompe : "não tenho carteira assinada!". É isso, é essa segurança que se tem ao entregar seu carro a um serviço de "valet". Os restaurantes então que não sejam omissos e coloquem seus próprios serviços, como alguns tem. É o mínimo que se pode fazer numa cidade ... maravilhosa, onde o consumo  nessa época do ano é de sorrir de orelha a orelha..

 E por que conto isso aqui?  Por que sou a primeira a elogiar tudo.  E uma das cronicas mais lidas nesse blog, foi a respeito do quanto o Rio é maravilhoso, com tudo impecável. Não é bem assim.

 Quanto a segurança:  não vi com meus próprios olhos, nada acontecer.  Mas estava de carro,  carro alto, daqueles que impõem respeito. Daqueles que ( costumava brincar) maridos que amam suas mulheres e seus filhos costumam comprar para as esposas. São muito mais seguros... Dor de cotovelo de quem jamais ganhou um carro de ninguém...Mas  já doou o próprio para uma causa particular.  Já   emprestou ...e  as multas.....Não ligue para esse desabafo.  Em todo caso, essa dor ( de cotovelo)  tem raízes no   Rio de Janeiro. (Assunto meio machista, mas mesmo quem pode comprar o seu, adora receber o  carinho e o cuidado de um companheiro.)
                                                  busca Google: encontrada no site Djdnik.com

No mais foi tudo de bom.  Muito cinema, pipoca e praia.  Amigos meus, amigas de minha filha que estavam em férias.  Muita alegria, acolhimento, carinho. Por que o carioca continua o mesmo, pelo menos o carioca que eu conheço: receptivo, amigo para sempre, e o "passa lá em casa" é hospitalidade mesmo, não é um eufemismo para:  "não passa não". Vamos acabar com esse mito também. Os cariocas são sólidos em suas amizades.

  E mesmo com o transito maluco e a insegurança dos valets,  saímos da cidade com uma boa imagem. Uma linda imagem, por que nossa, que cidade linda.  Prefeito,  o taxista que me levou ao aeroporto disse que são 600 milhões por mês para resolver problemas de trânsito. É isso mesmo? Então fiscaliza. E capricha. A cidade e seus moradores merecem. Os turistas também.

( sei perfeitamente que o Rio de Janeiro tem problemas crônicos, graves, e resultado em grande parte das desigualdades sociais do país, mas estou aqui falando apenas sobre minhas impressões superficiais de "moradora" -de zona sul- por duas semanas)

                                           Rio, terra de Tom Jobim, nosso Maestro brasileiro.
                                               Olha a responsabilidade aí , autoridades.

11 comentários:

  1. Querida Camille, primeiramente um lindo e feliz 2013 pra você e sua querida filhinha.
    É isso aí, o Rio é lindo inegavelmente, mas uma loucura, uma desordem urbana e pública de meter medo aos que chegam por aqui. Estive agora em Orlando até Key West e vi o que é conforto, ruas cheias de carros, mas largas e organizadas, estacionamentos também generosos nos shoppings e tudo funciona, tudo anda.
    Eu não aguento mais esta cidade, meu sonho é ir embora daqui, mas quando tudo fica muito pesado, subo a montanha e me recolho no meu refúgio, na minha bat caverna, mas quem não tem esta pequena saída, sofre e muito para curtir tudo de lindo que esta cidade tem.
    Você traçou um panorama de turista consciente, tudo muito certo o que falou e assino em baixo, pois o Rio pra ser maravilhoso tem muita coisa pra ser feita, muita educação para o povo que agora está se inserindo à nova sociedade, muita obra para alargar e fazer funcionar esta cidade.
    Eu só penso em Key West, na beleza e limpeza do lugar, em Orlando, grande e cheia de turistas, mas com tudo funcionando e tranquila para se fazer qualquer coisa.
    A verdade é esta e dói quando a gente verbaliza, porque esperamos muito que tanto dinheiro rolando aqui dentro, fosse para o bem dos cidadãos, mas o que vemos é a boa vida que os políticos com mandatos renovados levam e não é só aqui dentro que eles se esbaldam, é em Paris, em Veneza, no melhor do que há no mundo. Que ódio e nojo dessa gente!
    beijos, cariocas da serra


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    1. Oi querida, feliz 2013 para você também. Entendo a sua comparação, os EUA não desperdiçam um milimetro de suas paisagens, de suas belezas e de suas atrações, para que tudo esteja perfeito. O perfeito gera prosperidade. O Brasil ainda é terra do mau-feito em tantos sentidos. Da impunidade pública e privada, do deixa disso, da sem-vergonheira. Mesmo a cidade bonita tem um lado de melancolia gigantesco, pintada de malandragem. Mas não é isso. Ainda é um pouco aquela coisa de tudo virar samba. "É preciso um pouco de tristeza, senão não se faz um samba não" ja dizia o poetinha( poetaço) Vinicius.
      A politicagem descarada além de ser a maior provocadora das desigualdades, o Estado define e portanto...é uma vergonha que a gente sente. Uma vergonha genuíno (a) não é? Ainda assim, é preciso fazer do limão uma limonada num passeio. Ah, deixei de falar de uma questao que vi na Cobal. Vou reescrever o texto, tenho que denunciar isso. No todo é isso ai Beth amiga, quem cala consente, e estou cansada de consentir, na corrupção deslavada que vejo dentro de casa. Bjos e obrigada por seu comentario tão valioso.

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  2. Feliz 2013 Camille! Deve ser engraçado, voltar a sua cidade natal e observar a cidade com olhos de turista. A gente aprende ter maior consciência do que é fundamental. Graças a Deus nunca me aconteceu nada qdo fui ao Rio, estava com as minhas amigas.
    Bom fds!
    Big Beijos

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  3. É engraçado e bom. Tem uns contratempos. "Isso aqui oioiô, tem um pouquinho de Brasil aiaia..." A gente tem que ter consciência o tempo todo, você tem razão. Também não me aconteceu nada. Só estou alertando ao que pode acontecer. No mais foi só uma poça, poderia ter sido uma perna quebrada, mas fui cuidadosa e atenta, ao me equilibrar a tirar meu pé com cuidado... Bjão Lulu. Feliz 2013!!!!

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  4. Que bom Alexandre, quero ver voce em 2013 forte, saudável e quem sabe, morando no Rio. Eu se pudesse tb moraria no Rio, fui tirada da cidade a "forceps", hehehehe, duas vezes. Hoje tenho tantos amigos lá ( por que deixei de ve-los por anos) que adoro o Rio novamente. Minhas questões com a cidade, o nao voltar tem a ver com trabalho, e outras coisas pessoais. Prefiro o Rio a São Paulo em uma porção de coisas, principalmente na beleza sem igual Amo o Rio e quero ve-lo melhor, mais bonito. Por isso reclamo, tenho certeza de os politicos da situação e da oposição leem essas coisas. Entao se a gente reclama aqui e ali, ha uma esperança de melhora. Bjao querido, feliz ano novo!!!

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  5. Ola Camelia, obrigada por sua visita ao meu blog desabafo. Ainda bem que nele eu posso dizer o que eu quiser, o que sentir.
    Eu li suas impressõs do RJ, sempre vou nesta cidade, pois tenho dois filhos morando nela que não querem sair do Rio por nada. A minha filha inclusive mora na Afranio de Melo Franco do lado da praia. Adoro passear no Leblon de manhã bem cedinho e no final da tarde. Fiz belas imagens lá. Quanto aos serviços, creio que o Brasil quase todo está nivelado por baixo:se vocẽ vier a Salvador saberá do que eu estou falando. Recentemente fui a Maringá , Paraná e vi a mesma coisa.
    Tudo de bom
    Fatima Pombo

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  6. Concordo com voce e tb faço meus desabafos. Hoje pensei nesse assunto, de forma profunda. Fiquei pensando no controle do FB, modificando o comportamento das pessoas. Como ja disse antes, nao precisamos mais de SN0-serviço nacional de informação- ja temos o FB, as pessoas ofendidas que reclamam das outras. Troço besta, boa forma de comunicação. Tem que saber usar ao seu favor. Ou nao usar de forma alguma. Dane-se aquilo.
    Bjos

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  7. Eu praticamente fugi do Rio quando a cidade começou a ficar violenta, mas vez ou outra tenho que pisar na cidade por causa do trabalho. Gosto bastante do Rio, porém a essa altura, com tantas obras, a cidade não é para passeios. A alma carioca é descompromissada e talvez por isso a falta do cumprimento da burocracia pelos cidadãos. Ou seria uma forma de protesto por exisitir no Rio funcionalismo público em excesso com todas as chateações que somos submetidos quando necessitamos de algum orgão publico?
    Bom fim de semana!! Beijus,

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    1. Voce tem razão amiga,
      Nao deve ser fácil lidar com a bucrocracia excessiva, para um povo tão relax!
      Tambem amo o Rio de Janeiro, nossa cidade. Mas gosto muito tb de voltar para minha casa. Que não é mais lá. Mas é a minha casa. Nada como o nosso lar, nao é?
      Beijos!!!

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  8. Camille,

    Eu trabalho perto da Afranio e com a obra do metrô o transito ficou uma loucura.
    Muito tumultuado. Alem de que os pobres pedestres ou ficam no sol torrencial ou na chuva com vento lá na calçada da praia!

    Sobre atendimento em geral, eu acho que cada vez piora mais, falta qualidade, treinamento e interesse.

    Beijos

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    1. Que delicia trabalhar perto da Afranio!!! Privilegio trabalhar no Leblon, mesmo em momentos caoticos. Depois me diz o que voce faz , onde trabalha. Esse mundo é tao pequeno, que vai que voce trabalha com outros amigos meus? Aí vamos comemorar a coincidencia!!!!
      Super beijos!!!

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