02 dezembro 2012

Passar o dia cozinhando para a filha? Nada mal.

    UMA PEQUENA TROCA DE IDÉIAS ENTRE MÃES DE PRÉ-ADOLESCENTES.

 Cá estou eu esperando que a mãe da amiga venha buscar daqui a uma hora, por aí.
Vindo da sala, som de risadas de duas meninas que estão estudando" Inglês-para-a-prova-de-amanhã". Que bom... Vou brigar? Devia. Mas a mãe já vai chegar... Deixa pra lá. Mais tarde o estudo se intensificará.
 
   Quero assistir a peça da Louise Cardoso que estreou aqui em SP. O dia está bonito. Mas pouca probabilidade de arrumar ingresso em teatro tão pequeno quanto o Folha. Pouca vontade de parar de estudar o que ando lendo. Cinco livros novos chegaram pelo correio. Dá para largar? Deveria.

   Uma amiga me avisa por FB, que "não é bom ficar tão ligada nos filhos"... E eu não sei? Lembro perfeitamente de quando o meu  mais velho fez 12, 13 anos. Foi algo como um tchau mãe, cresci. E mudou completamente, como num passe de mágica. Me dava até aflição  dar um abraço nele: ao invés de se aconchegar, ficava tenso. E mesmo entendendo o significado de tudo aquilo, senti uma tristeza,  tipo "síndrome do ninho vazio".
                                               "Gilmore Girls", imagem encontrada no Google.

   Ah claro que isso existe, mesmo com o filho presente  ele pode estar ausente-pensou que  só acontecesse  com  pais e mães? Então.. o filho lá longe, .envolto em seus pensamentos. Só que... a gente é que vê assim, cheguei a conclusão. Eles estão presentérrimos e esperando que adivinhemos seu novo jeito de ser, e o que fazer para agradá-los.  Acho que não era muito boa nisso não. Difícil....

   Agora com a filha que chegou aos 12 anos,  tento me aperfeiçoar. Mas quem disse que é tranquilo? Não é mole não.

  Enquanto sabemos que a adolescência é um conceito construído. Que no passado, com essa idade, homens já iam para guerra e mulheres casavam, desesperadas as vezes, mas casavam. E a História se fez mesmo assim.  Hoje aos doze,  temos aqui uma híbrida de adolescente contestadora, bebê da mamãe, e menina fashion querendo fazer luzes californianas. Tudo junto reunido no mesmo ser. Que prefere ver novamente a saga dos vampiros- ontem- do que o lindo filme de Del Toro( diretor de Labirinto do Fauno, filme maravilhoso), "A Origem dos Guardiães". Só por que este é animação. Não era eu que não tinha muita paciência para ver desenho animado outro dia mesmo? Agora chega um realmente bom, mas a pequena- pequena?- sou eu, que estou ficando baixinha perto do meu "bebê"- não pode ver não, "não assiste desenhos". Sei. Por que a amiga está por aqui... e elas estão -naquela- fase,  do conceito construído pela família burguesa...Até anteontem nem se sabia o que era criança, passam uns quatro, cinco séculos e o novo conceito- adolescen....- está tão bem sedimentado. Impressionante.

  O "findi" teen começou ontem. Como não? Festa na escola, um teatro muito do  mal trabalhado- vamos falar a verdade. Por mais que a gente babe pelos filhos, tem certas horas que seria preferível a brincadeira ficar só num nível de hora de recreio. Mas.. você conhece alguma escola que não" marqueteie" no final do ano para chamar novos alunos? Então os pais são reunidos, que linda comunidade. Linda mesmo, não tem ironia  nisso. E acabam espalhando mais uma vez, nesse dia- vou na escola da minha filha, de manhã, ver a peça que ela criou com as amigas.  E assim mais umas doze pessoas ficam sabendo que a escola X tem teatro, tem circo... Os professores trabalham na base da transdisciplinaridade... Opa, propaganda de quem vive e reconhece o lance, ali,  de verdade. É bom sim. Mas peça mequetrefe no sábado de manhã? Não dá para dar um sossego? Ninguém tinha ensaiado nada, não sabiam o que fazer, por que a gente teve  que ir lá? Ah foi legal. Estava quente pra valer, mas valeu. Muita criatividade reunida. Eles são geniais. Quem? Nossos filhos, claro.

   Daqui a pouquinho, mas pouquinho mesmo, vou ser dispensada de fazer o que quer que seja com minha filha. Então é hora de aproveitar esses momentinhos finais do segundo tempo. Depois vai ser namorado, viajar com a amiga, estudar no exterior, e o que mais? Não tenho ideia. E isso é o mais estranho: não tenho a mínima ideia. O mundo está mudando tão mais rápido que, mesmo a adolescência sendo extremamente previsível,  o que se faz com ela,  no novíssimo e mutante cenário, não é. Só essa coisa de estarem conectados todo o tempo com um celular, uma internet e conversarem a qualquer hora do dia, com um monte de amigos de uma vez, já é completamente diferente do que vivi. E peraí, nem precisa me achar uma matrona caída na fossa. Bom, vai ver que eu sou, e nem notei. Sou nada. Meu filho mais velho não viveu essa coisa eletrônica com a intensidade maluca desse momento menos sublime, em que a competitividade do mundo parece ter chegado ao extremo dos extremos. Quem não tem competência e todo um arsenal de engenhocas comunicantes, que não se estabeleça. É isso? Não. É bem pior. O que é modernézimo para mim hoje, será obsoleto daqui uns cinco anos, talvez menos. Todos os conceitos terão mudado completamente.
 
  Assim, deixa eu abrir meu adorado André Green ou meu Pontalis,  cada um dos dois dizendo que Freud, Lacan ou Melaine Klein não são bem assim.... E viva D. Winnicott, que pelo menos na prática, chegou mais perto. De quem? Dos nossos filhos, claro. De onde mesmo que comecei? Ah,  hoje cozinhei bastante. Café da manhã, almoço, lanche.. já? É. E agora os gritinhos e risadas  vem lá de baixo, estão correndo com a cachorra.

  Vida, minha vida.  E quando crescer essa moça, terei ainda mais um tanto de vida para inventar novidades dominicais. O que é que tem um domingo ou outro com o  umbigo no fogão? Muita coisa. Mais tarde vou dar uma voltinha que seja, arejar. Dois dias inteirinhos só vendo crianças-quase-grandes brincarem, e de vez em quando darem um chilique- que agora faz parrrrte-  é muita coisa. Saibam mães: reclamar um pouco do tal do "paraíso", não é e nem nunca foi pecado.

9 comentários:

  1. eu passei vendo duas peças de teatro. beijos, pedrita

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  2. Ah que legal. Que peças voce assistiu?
    Bjos

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  3. Querida amiga, tem um certo tempo que minha filha ficou muito mais agarrada a mim.
    Ela me ligar diariamente para dizer que me ama, etc etc etc.
    Eu adoro. Mas sei que um dia ela vai voar. E é a unica filha.
    O negocio é ir lendo voces, amigas, e compartilhar as experiencias.

    Eu e ela fomos assistir Amanhecer , puxa, não tem mais medo e suspirou tanto...
    aquele Taylor... rssss

    Beijos

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  4. Ah amiga, aquele Taylor... Anna Luiza tb prefere o lobo do que o vampiro. Vamos ver se a gente se encontra nessas ferias com nossas filhas!!!! E no mais é isso, vamos aproveitar nossas filhotas crescendo, crescendo. E nos torcendo por elas.

    Beijos e muito carinho,
    Cam

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  5. Não dá para adiar o crescimento, amadurecimento...
    Então, se no passado crianças iam para a guerra e casavam... e a guerra era perigosa, não tão perigosa quando atualmente. Ah, a moça mudava de casa quando se casava e o marido se sentia responsável, a sociedade cobrava se ele fizesse errado ou se ela fizesse errado - existia uma torcida para o casamento dar certo. Atualmente me meia hora sai um divórcio e as pessoas andam tão imaturas... Camille, tivemos muita sorte de ter os filhos que temos! Ou melhor, fomos agraciadas quando olhamos o panorama para fora de nossas janelas. Beijus,

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    1. Com certeza querida, fomos agraciadas!!!!
      Super beijos e saúde e felicidades para todos!!!

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    2. Anônimo06:39

      Cheguei ao seu blog na busca do google por uma foto de mãe e filha. Hoje minha sobrinha faz 18 anos.... Menina difícil e muuuuuito amada pela mãe. Acabei me interessando pela frase que aparece associada a essa foto. Gostei muito da sua postagem! É isso mesmo.... Você descreve o que muitas mães vivem na rotina, mas não encontram palavras para expressar num desabafo. Que Deus abençoe nossas famílias, nossos filhos, a juventude... e as gerações que serão filhos dessas crianças e adolescentes de hoje. Só quem educa e AMA pode entender o coração de uma mãe (ou dos seus pais) Felicidades! Jeane.

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  6. A parte mais difícil para uma mãe, é aceitar que cria os filhos para o mundo.
    Big Beijos

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    1. É mesmo Lulu, na prática, sofrido e ao mesmo tempo comemorado. Bjao querida!!!

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