No ambulatório do Oswaldo Cruz tive algumas vezes com crise de sinusite, dor de cabeça insuportável e também fui muito bem atendida por gente competente e simpática.
Mas, ontem foi a primeira vez que levei minha filha precisando de socorros. Dor de cabeça como jamais teve. Queixa assustadora vinda de uma menina de 11 anos. E vômito em jato, seguidamente. Sobre ela mesma, sem tempo sequer de levantar da cama.
Corri para o Paraíso como quem está de ambulância. Com aquela sensação de torpor que me dá quando o susto é bem grande. Mas sabia que Anna iria estar em boas mãos.
Chegada:cadê o ambulatório? Sinalização confusa, pais nervosos. Demoramos para encontrar. Ah a recepção. Funcionária de pouca empatia exige um documento de identidade de minha filha. Além da carteira do seguro saúde e do meu RG, apresentados. Não estou entendendo. Isso é uma emergencia digo a recepcionista. Minha filha está vomitando. "Mas o procedimento é esse". Olha só moça, eu não trouxe um documento de minha filha. Ela só tem um passaporte,uma carteira de clube e uma da escola e não estão aqui. . Mas você fica então com os meus documentos, faz o que quiser, ela precisa ser atendida. Sabe o que a ela ainda teve coragem de dizer? "Ah mas até sua filha receber alta a Sra vai ter que trazer aqui um documento dela, senão ela não sai. "Acho que ela não fez uma leitura do meu rosto que nessas alturas já devia estampar desespero:"fala lá com enfermeira, depois a Sra volta aqui....."
Entrei por uma porta daquelas que tem vigia e só passa quem tem a sua anuencia. Ele abriu passagem, sem titubeios. Lá dentro, perguntei: quem é enfermeira ai? Me ajuda que minha filha esta vomitando e a moça da recepção não quer deixa-la entrar sem documentos. Alguém se apresentou prontamente: "eu sou enfermeira". Sabe, aquilo me deu uma emoção de ver:. um misto de orgulho com convicção:"eu sou enfermeira".A jovem enfermeira foi à recepção tentar entender. Deixou a recepcionista falando sozinha e numa salinha minúsucula ao lado, foi "triar "a minha filha. Nunca tinha ouvido essa palavra. Não sabia que há um verbo para triagem.Vai ver é gíria de hospital.
Tira a temperatura e me acalma: "se fosse meningite estava com pescoço duro", diz ela fazendo minha filha colocar a cabeça para frente e para tras. Depois me assusta de novo:"quando a criança é muito pequena, os sintomas aparecem rápido.Na idade da sua filha não. Eles vão aparecendo no decorrer, até formar o quadro".... Já não quero mais escutar e procuro novamente aquela porta do guarda. A enfermeira me olha nos olhos e diz: "estou aqui ha dois dias, sou estagiária. E sua filha está bem". Anna tinha parado de vomitar. E tive plena convicção que sim. Que não seria nada grave. Mas a dor de cabeça continuava muito forte. E ficamos sentadas a espera de uma chamada de um médico. Anna a única criança ali. Pouca gente esperando. E nada de um médico. Minha filha começou a se enrolar na cadeira, como se não aguentasse mais sentir dor.Peguei-a pela mão , passei pela porta do guarda. Por favor, um médico para minha filha.
Alguma hora estamos nas mãos dos médicos
Uma outra pessoa da enfermagem olha no computador e diz:a ficha dela ainda não está pronta.
Conto o que aconteceu. Nisso já tinha se passado mais de uma hora da nossa chegada. Ela diz que o hospital "hoje está meio"...não completa a frase.Não sei se meio cheio de gente, meio vazio de médicos, meio com cara de sábado e fim de semana não é dia para se ficar doente...
Eu sei é que chegamos 12.30h e saimos as 16.00h. Anna tomou 20 minutos de soro. Foi atendida finalmente por uma moça, baixinha, bonita e decidida que depois de não encontrar que estivesse "preparando" o soro da minha filha esse tempo todo, ela mesma pegou a medicação,aplicou e colocou para correr lentamente.. Agradeci muito. Anna dormiu. Os 20 minutos se passaram, o soro acabou.
Pergunto pelo médico, rodo todo o interior do ambulatório. Uma hora e meia depois, de muito procurar, pedir, dizer o nome. Implorar e só ouvir que "ela tem que receber alta do Dr X". Digo: são quase quatro da tarde, o doutor X deve estar muito ocupado. Minha filha não se alimentou até agora." Não, só o doutor X, para dar alta". E eu pensando: Anna está bem, estou vendo que estã bem, ainda bem. Mas está cansada, é natural que queira ir para casa.
Ninguém na paisagem para tirar aquele fio duro, que fica como agulha, espetado no braço da minha filha. Cansei. Aperto aquele botão vermelho de emergencia.
Vem uma moça loura, uniforme vermelho e pergunta o que está acontecendo. Digo que estou há mais de uma hora esperando que tirem a agulha do soro do braço de minha filha. Ela olha para mim com aquela cara de Grey´s Anatomy.E peço:você pode tirar? Ela começa: "o médico"...Sim, o médico é o Dr X, ninguém consegue encontra-lo .Ele diagnosticou enxaqueca. O soro acabou e a dor de cabeça também. Por favor, me ajude a retirar esssa agulha do braço de minha filha. Ela então retira, com todo cuidado. "Pronto". Digo:agora filha, ja podemos ir embora. A enfermeira ou médica, de vermelho me interrompe: "mas o doutor X precisa dar alta."
Sim, já ouvi isso diversas vezes. Como ouvi que o soro estava sendo "preparado", como ouvi que precisava "esperar porque o hospital está meio", como ouvi que sem um documento minha filha não seria atendida. Definitivamente não é o que eu esperava do Oswaldo Cruz. Um certo desleixo, um certo descaso. Por que?
Vamos embora cansados.Mas aliviados: Anna está bem, foi só um susto. Estamos a caminho da Paulista. De repente escuto uma voz do além, " deve estar no carro prateado, cambio ". É na entrada, na estada e também na saída: o manobrista esqueceu o radio dentro do carro. Tivemos que voltar para devolver.
Por que Oswaldo Cruz? Sexta feira foi festa e todo mundo ainda estava de ressaca? Onde está o nível de excelencia que faz pessoas do Rio de Janeiro tomarem um avião para virem se tratar aqui, aí? Foi grave o descaso? Não. Mas foi estressante. E para o hospital, fez com que uma antiga cliente, comece a desconfiar de que ali talvez não seja o melhor lugar.
Reclamar é o melhor que pode acontecer numa situação dessas. É dar o beneficio da dúvida ao invés
de fechar questão. É dar a chance de ouvir explicação ou um pedido de desculpas. É procurar entender o que já foi bom. E assim termino esse post. Sem nenhuma conclusão e com uma queixa. Serviço médico é trabalho em ato. Hospital é o lugar sagrado onde esperamos que a autoridade máxima-o médico, nos salvará. Por isso Oswaldo Cruz, mexa-se. E bem. Serviço como o desse sábado tem cara de estagnação.Cara de:cansamos de evoluir e agora vamos decair. Não façam isso. Vocês sempre foram bons. Quero acreditar em vocês, sem qualquer suspeita de que um pequeno descaso no futuro, coloque em risco a algum de nós. Portando Oswaldo Cruz, pense e responda: o que está acontecendo?
fotos encontradas em busca no Google. Se forem suas, coloco os creditos.
espero que a sua filha esteja melhor. o brasil se acostumou a precariedade em tudo e todo mundo acha estranho qd alguém se coloca exigindo o que é certo. bom saber que esse hospital está tão precário, não vou me dirigir a ele qd precisar. e isso de placas é outro mal costume brasileiro. qd ligo exigindo placas, acessibilidade, as respostas são sempre esquisitas. há vagas para cadeirantes, mas para pagar o estacionamento o cadeirante precisa subir uma escada rolante e portanto precisa ou ser abandonado e o acompanhante subir ou ser obrigado a ir sem acompanhante. o cadeirante tem todo o direito de ir sem acompanhante. tudo aqui é precário. triste. beijos, pedrita
ResponderExcluirGrata Pedrita, minha filha está bem. Quando o médico deu atenção ao caso,o atendmento
ResponderExcluirfoi eficiente. A questao foi a demora numa emergencia.Demora em cada momento:para ser aceita,para ser atendida,para receber alta. E com algumas pessoas esquisitas. Outras tão bacanas, como a estagiaria. E até nisso a gente vê um sintoma: por que sera que a estagiaria foi a figura mais prestativa do lugar? Por que talvez nao esteja viciada a um atendimento "descançado". Enfim, pensei mmuito antes de escrever este post e procurei ser justa. Nao foi um terror de graves consequencias.Foi um descaso em varios momentos. Quase todas as etapas. E vale a pena a gente reclamar. Alem de ser um direito, é tambem uma demosntraçao de confiança.Te conheço, ja foi bom, por que agora esta assim? Foi so nesse sabado ou virou conduta? Bjos pra voce. E boa semana! ( quanto a sinalizaçao, sempre foi confusa)
Infelizmente o mundo médico ficou pior no Brasil além de outras coisas.
ResponderExcluirEspero que tua filha esteja bem.
O Daniel tem constatnte dores de cabeca. Tendência a enxaqueca como a mae.
Tenho sempre em casa paracetamol líquido que dou a ele qdo a dor de cabeca chega. Vejo na bula a medida para o peso dele e dai a pouco ele nao tem mais.
Ah, e o cartao médico é sempre na bolsa. Numa emergência tenho sempre tudo comigo. Porque aqui tb é uma chatice se nao tenho os cartoes de saúde comigo.
Dê noticas e um beijo na filhota.
Bjao
Ah teu menino tb tem.Pois é.Eu tb, minha mae idem...Mas nunca tive uma crise de vomitar. Eu estava com o cartão do seguro saude,tb ando com aquilo na carteira. A mulher queria uma identidade dela.Coisa burocratica existe,mas nao nahora do panico total, me pegou desprevenida.
ResponderExcluirObrigada pela preocupaçao amiga. Bjao.E para teus filhotes tb.
Cam, essas coisas acontecem. Pode ser que os hormônios dela estejam mudando, ela está entrando na puberdade. meninas comecam aos 8 anos de idade. Foi duro ouvir isso da pediatra da Viviane.
ResponderExcluirOlha, acabei de postar sobre doacao de órgao e sei que a tua opiniao sobre o assunto deve ser forte.
Passe por lá.
Bjao
Nessas horas de desepespero ainda ter que lembrar de documento e depender dele pra ser atendida é a última coisa que pensamos. Mas ainda bem que sua Anna está bem.
ResponderExcluirBjks e boa semana!
Ainda bem.
ExcluirObrigada amiga.
Beijos!