Receita para tornar o Rio de Janeiro uma cidade mais gostosa?

A criançada está no club, aniversário da nossa priminha mais nova: sete anos. Enquanto isso, calmamente folheio as páginas de O GLOBO, jornal que eu não lia quando morava aqui. Mas agora parece que tornou-se de vez o diário da cidade.
Daqui da varanda de umas dessas ruas que vão dar no canal do Leblon, sinto a brisa do mar, e sei que a poucos passos encontro a praia. E com tanta abundância de beleza sem igual, me dou ao direito de alguma momentos sozinha, para pensar, ficar em silêncio.

                                                         

De alguma janela ouço Miúcha cantando Chico Buarque De outra, Tom Jobim e sua bela voz ao piano. E nessa fusão de melodias, leio as manchetes. Uma delas:" receita para tornar essa cidade ainda mais gostosa". Existe? Já está tão bom. A matéria é sobre um festival de gastronomia que vai acontecer em cerca de 500 restaurantes da cidade. Parece ótimo.

Na revista de domingo, que acompanha o jornal, fala-se de uma dieta que virou moda por aqui: "ayuvédica", com sabor forte, tempero picante, e ainda assim, com a capacidade de  eliminar toxinas, manter o esquilibrio do organismo, emagrecer. Isso sim me parece delicioso: é que além da beleza, aqui cultua-se a saúde. As pessoas são coradas- as vezes um pouco queimadas demais- tem corpos firmes e provavelmente um organismo que funciona muito bem.

                                                

Eu mesma quando chego na cidade, estabeleço  uma rotina: tomar café da manhã no BB Lanches, como premissa para qualquer outro programa. Seja trabalho ou lazer, tudo começa com um suco de frutas batido com água de côco e um sanduba meio natureba e super gostoso e tradicional, dessa lanchote que existe desde que eu me entendo por gente- expressão que carioca gosta de falar.  Hoje experimentei abacaxi com melancia. Já tomou? Dos deuses. Bem geladinho, um suco que refresca e pouco engorda. Enquanto seguia o rumo da praia,  com minha filha.

Andar pela orla no domingo é de lei. A rua é fechada aos automóveis,  para privilegiar pedestres e ciclistas.  E a paisagem linda salta aos olhos. Vastidão de mar,  morro Dois Irmãos, e aquela vegetação em todo lado, que na maior parte das cidades grandes a gente só vê em revista. Portanto,  o metro quadrado mais caro do mundo, merece ser o metro quadrado mais caro do mundo. É verdade que a especulação imobiliária chegou a um patamar louco, animada pela Copa, Olimpíadas e outros jogos. Mesmo assim a procura por um lugar ao sol nesse pedaço de céu, não pára. E quem não quer?

Para ser poeta basta viver no Rio de Janeiro. Tudo ajuda e inspira. Mas tem uma coisa que o carioca não dispõe, uma preciosidade que só nós que vivemos em outro lugar podemos ter: a capacidade de ver essa cidade-e aqui estou eu até amanhã- com o deslumbramento de um turista. Ah esse nosso olhar para essa cidade maravilhosa. É só de quem não a tem.