20 julho 2011

Miuccia Prada e Patrizio Bertelli: uma obra-prima feita a quatro mãos

















Dizem que casamento é feito de conveniência: "bom para os dois". Pode ser. Mas tem que ser mais do que isso. É preciso um pouco de passione para que a vida seja mais vívida e menos dolorosa do que os tributos que a convivência diária teima em impor não quase sempre. Sempre.



Miuccia e Patrizio parecem ser tudo isso e muito mais. Os dois construíram um império:a marca Prada do jeito que é percebida hoje- grandiosa, criativa, cheia de estilo, tradição e modernidade. Também constituiram de forma bem bonita, uma família italiana, claro: dois filhos, meninos que já são homens feitos. E uma porção de amigos de longa data, além da imensa galeria de admiradores. Não é para qualquer um. É para dois: formam um casal interessante, pelo menos para mim, sim.


Estou lendo sobre eles no livro "Vita PRADA. Personagens, histórias e bastidores de um fenômeno da moda". Escrito por Gian Luigi Paracchini , traduzido por Riccardo Tegagni, editora SEOMAN. Ok. Parecia uma leitura de avião. Pelo menos comprei no aeroporto. Mas não é só isso não. O autor é redator, portanto sabe conduzir o leitor para onde bem entender. Transformar aquilo que é marketing em uma bela história de amor? Ou o que for. O tradutor também tem uma boa pegada e dá para perceber através dele, o pensamento do escritor. E eu, sou boa leitora, de todo e qualquer texto. Treinei para isso. De uma ampla maneira- pela publicidade, pela psicanálise, pela direção de criação tanto na propaganda quanto no marketing direto. Adoorooo ler os textos bem escritos nas linhas e nas entrelinhas, as histórias interessantes e vibro quando encontro as duas coisas juntas na blogosfera, em livros. revistas, novelas. A palavra me fascina. E a vida, muito mais.


Nas linhas, Miuccia, uma bella -e talentosa- ragazza graduada em Ciências Políticas, herda uma marca de malas e bolsas de seus avós, a Prada. Anos mais tarde, numa feira de negócios, decide procurar por uma outra marca que aparentemente está copiando as suas bolsas. Ao encontrar o dono, dá de cara com aquele que virá a ser seu marido e parceiro de negócios por muitas décadas: Patrizio. Um garotão de trinta anos, ágil nos negócios, ex-estudande de Engenharia, curioso com cada detalhe que a vida tem para oferecer. Você sabe como despela os tomates que vem num molho enlatado? Ele sabe. Corre atrás de cada coisinha que lhe interessa.


Nas entrelinhas: uma dupla fascinada por esse mundo do haver. Criativos e produtivos, sem inibições neuróticas. São vencedores sim, vem sendo. Construiram um império que continua a crescer. Por que estão sempre inventando, inovando, abrindo novas frentes para alimentar sua curiosidade, sua vontade de saber mais. Criaram uma fundação. A Fondazione Prada. Onde são expostos trabalhos de artistas plásticos de vanguarda. Que segundo um crítico- quem já nem sei o nome- por que não tem toda essa competencia- são artistas tão efêmeros quanto a moda.


Só que a moda não é efêmera seu crítico. A moda é uma necessidade de pertença que faz parte da nossa espécie. A moda se reinventa todo o tempo, e logo, é mais permanente do que muita ciência que acredita que já descobriu toda a "verdade". Por que esta sempre será derrubada por uma nova verdade ou uma nova versão dessa verdade, mais atualizada. E da mesma forma que, Miuccia e Patrizio já estão de braços dados com a arte efêmera no dizer do crítico, por que aquela arte sem a consistencia do artista, sem o conjunto da obra, para dar respaldo a essa pessoa que cria- no dizer desse senhor-"so para chocar". Miuccia e Patrizio já já chegam, com a competência que lhes é peculiar, nos verdadeiros artistas de vanguarda, que assim como eles vieram para ficar e fazer história.

Taí. Quero ver o encontro da artista plástica Sonia von Brusky, 40 anos de carreira, esse fenômeno permanente de ebulição criativa, um cérebro que não pára de sonhar, de amar , de produzir emoção e técnica, com o casal obra-prima, Prada- Bertelli. Essa oportunidade tem tudo para gerar sucesso de público, mídia, crítica consistente e prosperidade. Quem tiver olhos há de enxergar.

Assim como as bolsas Prada são ícones vivos, os fósseis urbanos de Sonia, criados com canos de descarga de carros destruídos, também são ícones da nossa cultura. Apontam para um outro lado da natureza humana- a vontade de se exterminar. Nas mãos da artista o que era para ser apenas sucata, se transforma em fóssil, criativo e belissimo por sinal. No dizer do critico Francês Pierre Restany, "um alerta planetário". Bem no tom da Fondazzione.

Que Miuccia, Patrizio e Sonia vivam por pelo menos 120 anos e se encontrem. O mundo do futuro precisa de gente assim. Agora, já.

2 comentários:

  1. Bacana este panorama que nos deu sobre o livro em questão e a vida desse casal criativo e empreendedor.
    Tem gente que nasceu um pro outro e o mais legal é quando eles se encontram nesta mesma vida.
    beijinhos cariocas

    ResponderExcluir
  2. Fiquei com vontade de ler o livro, mostrado com maestria por você.

    Girassóis nos seus dias.

    Beijos

    ResponderExcluir


COMENTE, DÊ A SUA OPINIÃO. Você é a pessoa mais importante para quem escreve um blog: aquela que lê, que gosta ou não gosta, e DIALOGA.
Bem vindas. Bem vindos. Você pode comentar, escrever seu nome e para facilitar, clicar na opção "anonimo", ou pode se inscrever e comentar. Acho a opção, que se coloca o nome e uma forma de contato, + a opçao anonimo, VALIDA. Grata e aguardo seu comentário.

A eutanásia da cachorra. O quarto ao lado. A morte nas cores de Almodóvar.

          Se teve uma situação que me comoveu muitíssimo, me entristeceu e também me tranquilizou, foi quando durante a pandemia, minha fil...