03 novembro 2009

Morre Claude Levi Strauss, o Antropologo do Estruturalismo.

Levi Strauss foi um dos primeiros nomes que tomei contato como estudante de Sociologia. E passei a reverencia-lo. As matérias de Antropologia eram sem dÚvida muito mais interessantes para mim do que as de Ciências Políticas, mesmo que essas fossem dadas por grandes nomes do Marxismo, em geral recém-chegados do exterior, na PUC-RJ, um curso que aliás não existe mais., infelizmente.

Mas alguns poucos professores, dedicados a pesquisa qualitativa e de campo, uns abençoados, quase voluntários, ensinavam para a gente os fundamentos das teorias de Levi Strauss, que inclusive passou uma temporada no Brasil estudando os índios brasileiros. Ele estudava tribos primitivas em todas as partes do mundo, sabe por que? Para entender o que é da estrutura do ser humano e o que é fabricado, adulterado, plastificado pela cultura de cada lugar. Claro que a cultura foi criada por nada mais nada menos, que nós mesmos. Mas sabe aquela história de quem conta um conto aumenta um ponto? Também isso acontece na vida, a toda hora, no que se pensa, escreve, faz. Então Levi Strauss se perguntava o que era original no ser humano e no que tinha sido fabricado, induzido, ensinado.

Assim, de um tribo primitiva a outra, por observação, comparação, e muito estudo, era possível se ter alguma idéia do que era nosso, de nossa estrutura original. Esse assunto é muito importante, fundamental, para qualquer área. Para a Psicanálise, a Psicologia, para Filosofia, Direito, até para Marketing. para tudo. Saber o que foi você e o que se tornou você é bem interessante não é? Saber que por tras de uma capa, de uma máscara cultural: roupa, maquiagem, comportamento, jeito de falar, de casar, de se relacionar com qualquer pessoa, de entender a vida, e até de pensar, existe uma estrutura, que é igual a todos, que pertence a espécie humana. Alguma coisa que nos iguala, na nossa originalidade. Bonito? Muito.

Lamento a morte de Levi Strauss. Mesmo. Primeiro por que não sabia que ainda estava vivo. Depois por que se estava vivo, sua produção intelectual espetacular nunca deve ter cessado. E portanto agora, cessou. Na matéria do UOL onde li sobre a sua morte tinha um trechinho de sua fala assim, a respeito do 170 Premio Internacional da Catalunha, que recebeu aos 97 anos:

"Fico emocionado porque estou na idade em que não se recebem nem se dão prêmios, pois sou muito velho para fazer parte de um corpo de jurados. Meu único desejo é um pouco mais de respeito para o mundo, que começou sem o ser humano e vai terminar sem ele - isso é algo que sempre deveríamos ter presente".

Depois disso, só mesmo um minuto de silêncio, quem sabe a gente, o mundo, consegue refletir sobre o assunto?

3 comentários:

  1. que comentário forte, achei triste também que uma pessoa desta qualidade, no final da vida, manifeste tanta descrença em relação à humanidade, com toda a razão é claro.
    respondi às perguntas lá no blog, qq dúvida podes mandar um e-mail.
    Beijos

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  2. O Camille.
    É mais um dos gigantes do pensamento que se vai. Tristes, os trópicos agradecem as revelações do pensador. Cumpriu com honra e glória sua missão.

    Um beijo.

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  3. Voltei, Camille, pra te indicar uma entrevista onde Levi Strauss fala da saudade de um mundo que não existe mais.
    Está aqui:

    http://diariogauche.blogspot.com/

    Beijo.

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