15 dezembro 2006

No meio da noite a obrigação fica mais estranha ( li o blog da Clarinha)

Fui dormir cedo, acordei agora, no meio da noite. Então naquela solidão tipica de quem acorda no silencio total( ai que bom, na outra casa nao tinha silencio total) abro o blog e vejo o comentáriomais recente. É o da Clarinha. Vou lá e dou uma lida. É um desabafo. Ela se diz cansada de viver essas obrigações de datas, cheias de valores arcaicos e crenças que a gente tem- é a minha leitura- e passo a pensar nisso também.
Me lembro do Natal passado e da fortuna que gastei com presentes. Fortuna angustiada, por que quase todo mundo da minha familia faz anos no final do ano e portanto, mais e mais presentes, festas. Muita obrigação diante daquilo que poderia, de fato, ser comemoração. Uma vez li um texto do Carlos Drummond bendizendo a pesoa que criou essa marca, esse finalizar de ano e recomeçar, onde se renovam esperanças e tudo mais. Mas o fato é que Drummond estava num dia inspirado- como sempre- e feliz da vida, sei la se sempre, para dizer isso.
Ao comum dos mortais as vezes é muito chato mesmo no dia 31 de dezembro fazer um balanço forçado do ano que passou , traçar metas para o que virá, estourar uma champangne, abraçar todo mundo na hora h, fazer qualquer coisa que seja- como eu acho qu estava expressando a Clarinha- repetitiva a exaustão sem reflexão, banalizada ao máximo, copiada -por que o outro está vivendo então tenho que viver tambem.
Aí lembro que no trinta e um de dezembro passado eu tomei uma batida de côco -otima- mas que subiu para minha cabeça mais rápido do que fogos de artificio por que eu estava com fome esperando a tal ceia- e por isso meia-noite em ponto tive um pensamento "premonitório e bébado " tétrico para este ano e que graças a Deus não se realizou. Muito pelo contrário, literalmente. Foi o oposto daquilo que pensei naquele exato instante da passagem do ano, passagem que aliás, como comemorou Drummond, nada mais é que uma convenção. Assim como a data dos nossos aniversários. Sendo assim, podemos também bendizer que tudo não passa de uma convenção e desde já nos sentirmos mais jovens, uma vez que essa idéia de 12 meses e la vai mais um ano para o meu RG e para a minha identidade é uma bobabem, cada um tem a idade que se permite ter, tanto no sentido mental quanto fisico.
Os anos tambem não precisam passar rápido ou se arrastar a partir do ano novo. Mas a vida se renovar atraves dos nossos planos realizados ou sonhados, a partir daquilo que a gente se determina. Assim como não precisamos fazer um empréstimo bancário para viver um Natal. Se escrevessemos um cartão para cada pessoa querida com um carinho e nao uma cifra suada, seria muito mais proveitoso e acolhedor. Já tive essa experiencia- mas não consegui que ela não fosse acompanhada de um presente- escrevi cartões no power point com aquilo que sentia pelas diversas pessoas que estavam presentes na festa familiar , no caso. Sobre as aspirações delas, de como eu as via realizando e por ai vai. Foi o suceso da noite. Muito mais que qualquer tre-lele de grife. Então me junto ao desabafo da Clarinha para me fazer uma proposta - bom, agora ja gastei uma grana com as obrigatoriedades- parece aquela coisa de "obrigação para o santo", como se alguma maldição fosse se abater sobre nós se nao seguirmos a risca não só o calendario mas os ritos mais impositivos- quem impôs?- atribuidos a ele.
Me ´proponho a mudar isso tudo. A dar de fato um abraço gostoso em cada pessoa no Natal- agora nao da para fugir da festa, mas quem sabe viajo ano que vem. A nem sonhar com uma festeca de "reveillon" e sim fazer o que quiser, até dormir cedo se sentir vontade. E não me achar mais velha no meu aniversário nem me espantar com a idade de ninguém. A Feiticeira- é eu assistia- tinha uns 1000 anos e era uma mocinha. Jeannie é um genio idem, tinha mais de 4000 anos e era objeto de desejo de todo menininho na puberdade. Portanto o que é a idade, o calendario e finalmente esse monte de obrigações que nos faz carneirinhos e cada ocasião? Vamos deixar disso por favor.
E sintam-se abraçados em todos os momentos, autenticamente, com grande carinho e sem nenhuma obrigação. Todos vocês que estiverem lendo. Obrigada a Clarinha por me fazer pensar nesse reme-reme que a gente cria ou se submete.Me presenteio, me incluindo fora dessa a partir de agora, já. Até daqui a pouco, amanhã ou depois. O que importa mais esse calendário?

9 comentários:

  1. Anônimo08:12

    Caramba! Havia acabado de ler o texto da Clarinha quando entrei aqui para ver as novidades, lá eu quase perdi o fôlego, aqui acabei de perder o que ainda havia!!!
    Que linda reflexão! Parabéns!
    Também fico incomodado com essas "convenções" que obrigam as pessoas a serem hipócritas e fúteis.

    Um abraço!

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  2. Anônimo08:56

    Cam! Bela reflexão..muito verdadeira! Até parece q a gente vira "máquina" nessa época.
    Eu gosto de Natal...troca de presentes (sem exageros)...ceia...mas passagem de ano eu não gosto. Acho td tão bobo, tão sem sentido. Não fa§o balan§os pois geralmente a gente só olha o lado negativo..o q deixou de fazer durante o ano q está findando.
    Sabe como gosto de passar o Reveillon?
    DORMINDO!!E assim tenho feito nos meus últimos anos...me sinto super bem e em paz.
    Beijos e bom final de semana p vc

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  3. Anônimo11:53

    Acredito nas datas como marcos da vida. Assim como também existem as horas que embalam e ativam a nossa consciência etérea do tempo da vida.
    Bom fim de semana! Beijus

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  4. Anônimo12:33

    Ei!!!
    Você fez uma reflexão muito boa mesmo sobre toda essa obrigação que os outros e nós mesmos traçamos. A gente pode e deve refletir sobre todas as coisas em todos os momentos e não somente agora no Natal, ano novo ou mesmo no aniversário. E um ano a mais na carteira não faz diferença quando nos sentimos bem conosco.

    Beijos!!!

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  5. Anônimo14:41

    Minha flor, aceita meu abraço, uuuuuuuuupa! pois é disso que sou movida e quero mover o mundo pelos abraços apertados, pelo beijo estalado, pelo presentear leve como o sorriso, como o olhar agradecido pelo simples fato de olhar.Não me importo que digam que ando a distrubuir risos e canto aos quatro cantos como é bom amar, não..não me importo que me vejam sonhadora e escrevinhadora de ilusões, eu sou, mas das minhas em particular. Obrigada por esse ano ter feito parte dos meus amigos e que no aninho que está por vir possamos estreitar laços e discutir idéias e quem sabe? mudar valores, né? Lindo dia,flor, beijossssssss

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  6. Anônimo16:43

    Porquê temos este hábito maluco de comemorar datas específicas, até dia de funeral?
    Porquê deixamos de comemorar as datas inespecíficas que as vezes são tão mais marcantes em nossa história de vida?
    Porquê a gastança em presentes que nos causa estresse e bolsos vazios?
    Natal hoje é mais que festa cristã, Natal é dinheiro circulando.
    (Porque (talvez) a economia do mundo é movida pelo fluxo de caixa que por sua vez faz funcionar a sociedade. E isto gera empregos, impostos arrecadados, para necessidades 'básicas' como educação e saúde pública.)
    Talvez o fim de ano ou o aniversário seja o momento de comemorar a nossa garra em atravessar as dificuldades de 365 dias.
    escrevi em 01/01/2006...
    "Porquê o dia hoje amanheceu daquele mesmo jeito inquieto que eu estava ontem?"...
    Também quero dar e receber abraços gratuitos.
    Mas sei também que não posso fugir a uma realidade prática, por mais sonhadora que seja.
    Talvez tenhamos de equilibrar esta balança, pois assim caminha a humanidade...

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  7. Anônimo01:47

    CAMILLE RESPONDE:
    Penso que saco vazio não fica em pé. Ou seja, somos estruturados com marcas e marcos nas nossa vidas. O que não dá é para ficar sofrendo com elas. Pelo menos não com as marcas festivas. Por que se assim for, é preferivel suprimi-las. Já que outras estão marcadas com ferro e brasa e é impossivel retirá-las. Por isso ou a gente curte as festinhas ou muda o jeito de curtir as festinhas ou não tem as festinhas e não sofre com elas. Simples. A gente complica muito não é? Bjos e obrigada pelso comentários. Se o blog for um espaço para dialogação como vem sendo ele estara cumprindo sua mais nobre missão. Tricotagem a gente faz com o vizinho...e com o blog tambem, mas nao só isso.

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  8. Lindo texto Camille, me fez parar e pensar no meio desse dezembro agitado. Obrigada.

    beijos querida e parabéns.

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  9. Muito bonito o teu texto. E como qualquer pai, que tem um décimo terceiro, visado o ano inteiro, fô ferrado. Na contagem, como todo ele é sacrificado com presentes e presenças, entra o pouco do outro passado, e assim, contando bem resta-nos onze salários.

    Quer ver faz as contas.

    Um abraço

    Naeno

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