23 março 2014

Todo dia é dia das mães. Comemore desde já, mesmo que teus filhos ainda estejam chegando.

  Outro dia uma moça deixou um comentário longo e muito sincero, quase um desabafo,  em um post mais antigo, sobre as inúmeras possibilidades que uma mulher tem,  para se tornar mãe. Ela dizia que eu estava sendo  realista, dentre outras coisas, e que jamais alguém havia sido tão realista com relação ao tal assunto, que diz respeito a todos nós: botar filhos no mundo, criá-los, ou criar os filhos do mundo, que outros botaram e não tiveram assim tanta coragem ou possibilidade, de seguir em frente. Agradeço, como já agradeci no lugar do comentário, a franqueza, a confiança em compartilhar. E afirmo mais uma vez para quem quiser, que estou longe de ser dona de qualquer verdade. Até por que a verdade não tem dono. E nem consegue ser total, mesmo na mais ínfima afirmação. Sempre haverá alguma coisa que não foi  dita ou percebida e assim, teremos sempre uma fração e uma falta, com relação a verdade. Esse substantivo abstrato que tantos querem tornar concreto,  a todo custo. Então,  cada um que fique e  contente-se  com a sua versão do que é legítimo, real ou acreditável. Verdadeiro.

Mas é claro que na incerteza do que a verdade é e produz, podemos ter um consenso sobre algumas questões. E também um bom senso. Senso- do sentir. Envolvermo-nos nas afirmações, nas situações com aquilo que chamamos de "coração". E assim fundamentarmos nossas  verdades com sentimento, além da reflexão,  principalmente aquelas com as quais traçamos o  norte de nossa conduta, convivência, ligação, como seres humanos.

E assim volto ao assunto mãe: o que é ser uma boa mãe?  Essa pergunta tem centenas de respostas, muitas delas bem verdadeiras, principalmente se estivermos cientes de que cada cultura pensa de uma forma. Cada pessoa tem um jeito singular de olhar... Mas... e se estivéssemos em um congresso de mulheres do mundo inteiro, e precisássemos chegar a uma fórmula mais ou menos aceita por todas, o que sairia?
                                                    (  foto 1) Educar, educando-se.

-Mãe boa é aquela que alimenta a criança quando tem fome. -Sem chegar a empanturrá-la; Ha de haver uma medida.

-Mãe boa é aquela que faz a criança ir dormir na hora certa. Que hora é essa? A hora perto do sono? De preferencia sempre a mesma, para criar o hábito. E se  a criança não tiver insõnia...são tantas variáveis....É preciso também uma medida para cada um.

-Mãe boa é aquela que ama seus filhos. - Desde que não os sufoque, que não os queira só para si, que não imponha condições a esse amor do tipo- meu filho é a minha cara... Filhos não são espelhos, nem receptáculos de todas as nossas esperanças. É,  a tal medida..

-Mãe boa é aquela que educa seus filhos. Sem dúvida. Deixá-los para serem educados pelo mundo é fragiliza-los, expô-los a humilhação. É preciso situar-se , entender em que mundo estamos, abrir mão de uma série de verdades que já caíram por terra e abraçar novas versões, para educar um filho que consiga entender-se  e entender o outro, da porta para fora, assim como dentro de casa.

-Mãe boa é aquela que não espanca seus filhos, que não os humilha ela mesma. E portanto busca atender suas próprias necessidades para não sobrecarregar a criança com sua carga mal-resolvida a esse ponto, se for o caso. .

Será que precisaria haver um congresso para discutir o que é ser uma mãe boa?
São tantos itens que envolvem uma relação tão visceral, que cada caso vai ser um caso. Desde que haja, só para começar, um imenso respeito ao que a criança é , agora, e não ao que virá a ser- o idealizado. E um imenso respeito dessa mãe, ao ser humano que ela própria,  é-e não aquilo que imagina como a perfeição.

É claro que está faltando respeito no mundo. Quando falta comida na África está faltando respeito as necessidades básicas de mães, filhos e pais.  Quando nos falta água está faltando respeito a essa Mãe Terra , que tudo nos provê desde que não a liquidemos,  na fantasia de que sempre produzirá mais. Que entendamos que seu amor pode ser  infinito. Mas seus recursos, são limitados. Assim como os nossos.

Portanto é preciso criar recursos, multiplicar recursos, encontrar recursos para ser uma mãe suficientemente (e não exageradamente) boa. Apoio, carinho, alimento, conforto, realização, também para si. Ser mãe não deveria ser a finalidade de ninguém. Por que os filhos crescem,  e ai?  Viver é a nossa sina. Ter filhos faz parte dela.  Cria-los é uma escolha saudável ( e nesse Brasil cheio de discrepâncias sócio/politicas/econõmicas/culturais , quase um privilégio). E vê-los crescer com saúde física e mental, é uma questão de cuidado, mas também do acaso. Imprevistos podem acontecer e  é preciso ter forças em estoque,  para dar o melhor de si nesses casos  também. Mas não dar tudo o que tem. Há que sobrar uma reserva, nem que seja um tantinho,  para sua própria sobrevivência.  Olha de novo aquele exemplo do oxigênio no avião. Está sempre valendo: coloque a máscara em você e depois na criança. Não há como cuidar, sem vida. Não morra no paraíso,  por favor. Ali é o lugar de quem já morreu e mereceu a redenção.

Fique por aqui mesmo, com os pés na terra, nessa Terra.  De preferencia sem enfiar os pés pelas mãos,  se preocupando com o que os outros estão pensando da sua maternagem, em termos de julgamento de si. Mas de orelhas em atenção,  ao que se diz por ai: vai que produziram uma nova chupeta mais anatômica e que não entorta os dentes, mas acalma um berreiro daqueles? Vai que descobriram uma substancia natural que substitui o leite( não o materno) , muito melhor do que simplesmente o leite sem lactose? Vai que criaram um novo método de estimulação precoce, para crianças que podem ter um desenvolvimento um pouco mais lento? Vai que existe,  existirá, ou existiu e poderíamos recuperar...recursos novos e especiais, modos de fazer. Como tudo na vida, maternidade é também uma questão mesmo de  olhar e ver , e entender de que forma é preciso dar de si, para ter resultados. Que nesse caso,  é ver seus filhotes bem.

Então estou aqui numa manhã de domingo, procurando conversar comigo mesma, com você que por acaso esteja lendo. Sem tocar em nenhuma teoria, mas passando por elas, claro. E  tirando da caixinha, apenas a minha própria experiência de ser mãe.

Reparou que até agora não tinha falado  nenhuma vez em biologia, adoção, ou fertilização in vitro? Para ser muito franca, o que percebo com a vida, é que de onde vem e como vem o rebento, não faz diferença. Na hora em que estiver em seus braços e sob a tutela do seu amor, é filho. Vai ter que dar conta . E vai dar, se for esse o teu querer: filhos. Isso é bem verdade. Quase indiscutível. Seja a criança parecida com você, com a moça da revista, com a sua avó, seu marido, seu pai, sua amiga que mora do outro lado do mundo. Toda criança nasce com a própria cara e algumas semelhanças. E vai se tornando parecida com quem cria. Deixa com a babá o tempo todo para fazer uma experiência... Não!!!!! Com filho não se faz essas  experiências de" laboratório". Mas reconheça que existe essa genética: a do amor.

Com eles,  se experiencia mais da vida. Num colorido muito especial. Pelo menos é  verdade, que eu acredito, sentindo. Se a sua for parecida, seja criativa, curiosa e  pesquise as infinitas maneiras de vir a ser mãe.
                                              (foto 2)  Vibrar de alegria, faz parte.

      Beijos para todas as mães. E comemoremos o dia, hoje,  sim.  Como assim,  não é "O" dia das mães?  Sério?! Larga teus pimpolhos sem seu cuidado, ou o cuidado de arrumar quem os cuide para você dar a si mesma um carinho, um cuidado, um objetivo seu,  e cuidar deles melhor ainda, para sentir se todos os dias não é dia das mães....
Vamos a luta? Está na hora de ser feliz:? Cansou de tentar métodos para engravidar? Mãos à obra:  prepare-se . E Abra seus a-braços.

                                        foto 3:  O mundo está repleto de crianças lindas esperando
                                           a sua mão e o seu abraço. E quando você
                                           olhar para esses rostinhos, vai saber que pode,
                                                        e sempre pôde,  ser Mãe.




Agora que Sinto AmorAgora que sinto amor 
Tenho interesse no que cheira. 
Nunca antes me interessou que uma flor tivesse cheiro. 
Agora sinto o perfume das flores como se visse uma coisa nova. 
Sei bem que elas cheiravam, como sei que existia. 
São coisas que se sabem por fora. 
Mas agora sei com a respiração da parte de trás da cabeça. 
Hoje as flores sabem-me bem num paladar que se cheira. 
Hoje às vezes acordo e cheiro antes de ver. 

Alberto Caeiro, in "O Pastor Amoroso" 
Heterónimo de Fernando Pessoa

















Foto1: site Bomcaminho.com  foto2: Revista Crescer. foto 3: encontrada no Google, não sei a origem.


OBS: o lay-out desse blog está sendo reformulado aos poucos. Estamos testando cores, e formatos. Assim ainda está meio híbrido. Com um pouco do antigo, e um tanto dos experimentos. Preferi deixar aberto, a fechar para obras. Agradeço a sua compreensão. 

2 comentários:

  1. Ainda não sou mãe e espero ser um dia, mãe não vem com manual de instruções, a vida vai mostrando como criar um filho e mesmo assim, por mais que a mãe se esforce, nem sempre acerta e quando acerta, muitas vezes tem filhos ingratos e isso é muito dolorido ter um ser que vc gerou seja biologicamente ou filho do coração, repudiar sobre as mães.
    Muitos só dão valor quando perdem, o que é mais triste.
    Quero agradecer todo o apoio e incentivo que me dá no blog, isso é tão bom, tão gratificante como blogueira ver leitoras como você torcendo pelo sucesso a cada dia.
    Obrigada.
    Hoje tem três posts novos esperando por vc.
    Big Beijos
    Lulu on the sky

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  2. Cam, eu achava que tinha deixado um comentário neste texto... Apareceu por aí? Tive problemas para enviar.
    Bjs

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