Tudo bem que o mundo esteja tão globalizado, tão blogalizado... que é natural um país decidir clonar a cidade X
do outro país, descontextualizando -a completamente de sua história, criada por seus moradores, os viventes
que ali constituíram familia e descendência,
carreira,negócios,comércio, e deram
aquele lugar uma “cara” , sua marca registrada.
Ah, a marca. Que nesse espaço público chamado
mundo, deixa de ser a impressão, aquilo
que distingue X de Y e singulariza alguma coisa ou alguém. Para torna-se um bem –
ou mal- ou nem bem nem mal, tanto faz- comercializável, adquirível , expressão
do espírito do agora - muito mais do que
simplesmente, no caso da cidade austríaca, o
espírito de um lugar.
Por que a época, o tempo,diz
muito mais do que o lugar-espaço, nesse
preciso momento? Por que “time “
é ”money” ? Também. A
pitoresca cidadezinha austríaca custou caro. E com seus milhares de visitantes, está
fazendo montões de dinheiros
- um negócio da China. Mas o tempo ainda é soberano para essa
compreensão da coisa toda, pelo nada
simples fato de que : por que
não antes? Walt Disney já pensava nessas
clonagens com seu criativo e visionário “Small
World” há 50 anos atrás. O que vem a ser
o multicultural replicante Epcot Center e para além?
Entre quatro paredes tudo é possível? Exatamente. Walt Disney criava parques temáticos. Realidades entre aspas, mundos de
fantasia. Agora -e não antes, a proposta é semelhante, mas se ampliou tremendamente: eu compro uma franquia
da sua marca, e planto-a, onde eu bem entender.Se eu quiser colocar no quintal da minha casa, tudo bem.
E se quiser enfia-la na Conchinchina também. Estou pagando por ela. É minha . Só não posso denegrir ,como em todo sistema
de franchising que se preze, o seu nome.
A exemplo do Zhang Lafitte, réplica do famoso Chateau de Maisons-Lafitte do século XVII,
que hoje em Beijing século XXI, abriga
um hotel de luxo, um espaço de
convenções e um museu de
vinhos. Ula-la-la. Tudo tem que
funcionar direitinho, de forma inclusive a enaltecer o original parisiense, a marca.
De preferência até “com
alguns melhoramentos”, como diz Mr Zhang
o idealizador que nomeia o projeto:
“eu quis mostrar como Beijing está correndo para
alcançar o mundo”.
Pode ser. Um jeito bem peculiar de entender o fenômeno- como um similar de progresso. Aceitável como bom, em um tempo- o nosso agora- em que o virtual
salta da tela do computador, para tornar-se real, num vice-versa infinito. Real
mesmo, ou artificial? Chamemos
então de realidade. Aquela coisa lotada de imaginário, que a gente acredita
tanto. E ainda chama de louco que está fora dela. Mesmo assim, não é progresso, é
só similar. Quem se importa?
Isso me faz lembrar uma longínqua cena, de um dia em que cheguei na faculdade,com uma autentica “Burberry”
a tiracolo-por sinal, comprada não em
Londres, mas no “El Corte Ingles”, numa dessas rebajas- e uma colega perguntou:” é de verdade?” De verdade é: pega
nela , respondi. Como também seria de
verdade, se eu a tivesse comprado na 25 deMarço, nossa Canal Street, nossa
China Town ...Mas acho que você está querendo saber se é original, autentica,
da marca Burberry, é isso? Sim, é autentica,afirmei . “Uau!!! Adoro uma bolsa de griffe
de verdade. “ disse a guria.
Ok, você
venceu: propriedade de marca = verdade. Eita mundo surreal.
Então recaptulando: construir uma cidade austríaca, ou replicar o Chateau
Lafitte na China é progresso,como quer
seu criador? E usar uma Louis Vuitton da
25 de março, vai tornar você mais
requintada ou mais rica? Não vai. Ainda assim, aos olhos de outros, você poderá
parecer e até se passar por mais abonada
do que é. E o castelo igual ao francês, dará aos
chineses mais "savoir faire" ou quem sabe, “liberdade, igualidade, fraternidade? “. Também não.
Você pode
comprar a marca registrada ou a marca fake . O que não compra é a história original
de um povo, cujo o conjunto de valores num determinado tempo, fez surgir uma dada ... realidade. Aquela,
lotada de imaginário, de um momento
histórico e não de outro. Mas.... quem sabe o “chateau”,
além de atrair muito dinheiro pela curiosidade, poderá dar a Beijing alguma
coisa a mais:uma conexão maior com a
cultura francesa, uma vontade de conhecer aquele também
velho, mas diferente mundo?
Lá é melhor? Não sei. Mas pelo
menos está mais perto do “igual a todo mundo”. Igual a todo mundo, com um diferencial especial:
além da Torre Eiffel, da Chanel, do ideário daquela revolução em que a realeza perdeu a cabeça, os
castelos estão lá para mostrar que um pouco de noblesse embeleza a paisagem.
Marca registrada de uma história que, essa sim, não é possível
adquirir. Mas parecer que a ela pertence. Ao
estar Linked in à França, à Austria, ao
que bem entender, sentir-se com
mais potencia, e menos por fora desse tempo.
Qual tempo?
Se pensarmos bem, o tal Mr Zhang está certo
em sua construção: com cópias e fabulosos implantes, a China está
correndo para alcançar o mundo, não o velho mundo europeu. Sua civilização é muito mais antiga e sua História é também rica e fascinante. O que se quer é o admirável mundo novo, circular, onde tudo parece possível pela mão do homem e seus
instrumentos mágicos. Esse parecer tão poderoso -e “fake”- quem somos nós além de
meros porqueirinhas?- é a marca
registrada do nosso tempo.
Fonte de informação e consulta: o super poderoso Google.
Fonte de informação e consulta: o super poderoso Google.
Eita mundão! Globalizado demais para o meu gosto. Está tirando as caracteristicas gostosas da nossa terra e criando mundos paralelos e iguais! Assusta! Adorei o post!
ResponderExcluirBeijos
Adriana
Pois é Adriana, essas criações todas vão tirando o pé do chão e fica dificil imagnar o daqui para frente quando tudo pode ser mexido. Era mais bonito quando tudo não passava de "reinações de Narizinho" ou os projetos da Emilia. Era tudo mais gostoso mesmo. Beijos e obrigada pelo comentario.
ExcluirOi, Cam!
ResponderExcluirPor mais rica e milenar que a China possa ser, essa história fez lembrar uma senhora que voltou toda empolgada pela primeira vez que foi à Paris e quis colocar a réplica da Torre Eiffel no centro do seu jardim. Ela me perguntou o que eu achava e respondi: Que tal o Cristo Redentor?
Ela caiu em si que estava sendo ridícula e até hoje damos boas gargalhadas com essa história. Mas não sei a intenção. Talvez queira agradar os compatriotas. Alguma coisa do tipo: "Se Maomé não vai a montanha, a montanha vai a Maomé"
Beijus,
Nossa, entao existe uma pessoa que queira colocar uma replica no seu jardim!!! Hehehehehe. Realmente.... Você tem razão quanto a quererem agradar a populaçao sem condições de dar um ´pulinho logo ali. Mas que tb pouco tem para comer.... Talvez atenda a graça dos grandes milionarios que existem por la, apesar da revoluçao..... Bjos e boa semana!! ( preciso falar com voce)
ExcluirÉ, a China está dominando o nosso país, também!! 80% dos meus clientes, no momento, é de origem chinesa. Isso me assusta!! Parabéns pelo texto, sempre muito bom!!
ResponderExcluirImagino mesmo. É um mundão de gente. Cheios de expectativas com relaçaõ ao restante do planeta que agora podem abraçar. Vamos tratar de tomar conta do que é nosso no sentido de aproveitar, antes que os aventureiros lancem mão. Mas também são bem vindos!!! O mundo virou um tudo de todos mesmo. Bjoss Herminia. ( acho que é seu o comentario)
ExcluirExcelente texto Pauline. Com a globalização o mundo virou quase um no todo informatizado. Por um descuido do real nos encontramos no irreal da vida dentro da
ResponderExcluircaixinha. Ainda podemos brincar de faz conta fora dela.
Muito grata Marilene. Vindo de voce o elogio fica mais enobrecido. Ilustre escritora/ jornalista ( meu avô falava assim "ilustre causidico, brincando ou sério). Tb estou brincando e falando serio quando se trata do ilustre com relação a você. Estar no mundo é absolutamente espetacular nesse momento em que podemos visibilizar nossas ideias. O Brasil esta realmente demosntrando de modo bem real, o despreparo ainda do buraco negro que foi a ditadura. E por outro lado, que o ser humano para valer alguma coisa precisa de um certo polimento, senao estamos ali no meio da selvageria da grana solta. Venha ter um blog Marilene. Ja tivemos uma comunidade bacana por aqui. Tem um lugar esperando por voce.Vamos reerguer esse espaço. Bjoss e obrigada por vir ler.
ExcluirAmigo, o teu blog sempre foi o mais lindo,o mais profissional, informativo, engraçado, divertido.Alias voce é divertido em todos os batcanais. Multimidia mesmo. É que o blog é um espação,uma comunidade que criamos. Nos afastamos dela, mas podemos voltar. Cada um de nos inspirava o outro.Voce ficou muito mexido com a morte das suas amigas. Mas é a vida. Bjoss e obrigada pelo comentario.
ResponderExcluirAcredito que eles (enorme China) simplifiquem a todos o que poucos podem possuir.
ResponderExcluirQuanto ao nosso mundo dos blogs, eu cansei, mas os proprios amigos me incentivaram a desistir.
Bjs
Acredito, por que os blogueiros foram sumindo. E escrever para nao ser lido,a gente faz um diario nao é? Sinto muita vontade de reabilitar os blogs, todos, comunidade. Quem sabe? Bjoss querida. Bom final de semana! Des- canse.
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