CORPO
A Metafísica do Corpo
Carlos Drummond de Andrade
A Sonia von Brusky
A metafísica do corpo se entremostra
nas imagens. A alma do corpo
modula em cada fragmento sua música
de esferas e de essências
além da simples carne e simples unhas.
Em cada silêncio do corpo identifica-se
a linha do sentido universal
que à forma breve e transitiva imprime
a solene marca dos deuses
e do sonho.
Entre folhas, surpreende-se
na última ninfa
o que na mulher ainda é ramo e orvalho
e, mais que a natureza, pensamento da unidade inicial do mundo :
mulher, planta, brisa, mar, o ser telúrico, espontâneo,
como se um galho fosse da infinita árvore que condensa
o mel, o sol, o sal, o sopro acre da vida.
De êxtase e tremor banha-se a vista
ante a luminosa nádega opalescente,
a coxa, o sacro ventre, prometido
ao ofício de existir, e tudo mais que o corpo
resume de outra vida, mais florente,
em que todos fomos terra, seiva e amor.
Eis que se revela o ser, na transparência
do invólucro perfeito.
Sempre acreditei que essa poesia tenha sido feita inspirada em uma escultura, linda por sinal, de Sonia von Brusky. Ela e o poeta eram amigos. Mas uma amizade assim muito distante. Foi o que eu ouvi toda a vida. Essa é a primeira vez que leio essa poesia com olhos de mulher. E me dá a sensação de que não foi inspirada só na escultura. Mas na mulher Sonia.
A Metafísica do Corpo
Carlos Drummond de Andrade
A Sonia von Brusky
A metafísica do corpo se entremostra
nas imagens. A alma do corpo
modula em cada fragmento sua música
de esferas e de essências
além da simples carne e simples unhas.
Em cada silêncio do corpo identifica-se
a linha do sentido universal
que à forma breve e transitiva imprime
a solene marca dos deuses
e do sonho.
Entre folhas, surpreende-se
na última ninfa
o que na mulher ainda é ramo e orvalho
e, mais que a natureza, pensamento da unidade inicial do mundo :
mulher, planta, brisa, mar, o ser telúrico, espontâneo,
como se um galho fosse da infinita árvore que condensa
o mel, o sol, o sal, o sopro acre da vida.
De êxtase e tremor banha-se a vista
ante a luminosa nádega opalescente,
a coxa, o sacro ventre, prometido
ao ofício de existir, e tudo mais que o corpo
resume de outra vida, mais florente,
em que todos fomos terra, seiva e amor.
Eis que se revela o ser, na transparência
do invólucro perfeito.
Sempre acreditei que essa poesia tenha sido feita inspirada em uma escultura, linda por sinal, de Sonia von Brusky. Ela e o poeta eram amigos. Mas uma amizade assim muito distante. Foi o que eu ouvi toda a vida. Essa é a primeira vez que leio essa poesia com olhos de mulher. E me dá a sensação de que não foi inspirada só na escultura. Mas na mulher Sonia.
Na própria poesia foi inserida a dedicatória. Por que pensou que fosse inspirada em uma escultura?
ResponderExcluirPor que foi a explicaçao que eu recebi. Lembra daqueles blogs? Eu conheço essa artista da dedicatória e a vida inteira entendi a poesia por essa explicação.
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