02 fevereiro 2012

Tadinho do cachorrinho. Já imaginou se fosse gente?

  Hoje não consegui fazer Pilates, tão importante para mim por todos os motivos de saúde que uma pessoa possa ter. Mas foi justamente uma dor de cabeça, daquelas bem brabas,  que me impediram de ir. Já estou pronta para dormir. Terminaram as férias escolares  da minha filha e assim toda a casa dorme cedo. Por que embora ela esteja  no turno tarde, agora na sexta série é preciso criar um hábito de pelo menos duas horas de estudo diário. Antes de qualquer outra rotina na vida dessa família.

Mas não era sobre isso que eu ia falar. Vamos ao ponto. Fiquei com remorso de ter escrito o post do tubarão.  Sabe por que? Tem pessoas que vivem na insegurança, no pânico e  no desespero todo o tempo. E ai botar mais um tubarão no tanque é demais não é? Mas acredito que todo mundo tenha entendido a mensagem: o "tubarão" só é "indicado" para quem está pra lá de acomodado a sua vidinha de comer, beber e dormir, e entre uma coisa e outra, trabalhar, sem maiores desafios ou expectativas. Só o din-din certo no final do mês e nada mais. Aí vale a pena levar uma corrida para ver se "pega no tranco" sim. Para colorir mais o viver. O tempo é curto para ser desperdiçado.
  
Quanto à ameça constante... Vou contar uma história que ouvi há anos atrás em uma aula de Psicologia Experimental. Não sei como anda a legislação com relação a experiências com animais. Eu pelo menos, só aprendi  a fazer um rato com sede encontrar água, apertando uma alavanquinha. Nada que fosse uma crueldade com o bichinho. Mas ouvi muita coisa, bizarra até. E uma das mais  interessantes foi a experiência  do  "desamparo aprendido". Assim: cientistas colocavam cachorros em uma jaula divida em duas partes. 

-Davam choque no lado que os cachorros estavam ocupando e eles fugiam para a outra parte. 
-Quando os cachorros estavam  naquela outra parte  tranquilos e "salvos", davam choque lá também,  naquele lado, e os cachorros pulavam então de volta para a parte que estavam antes. E assim sucessivamente. 
-Até finalmente darem choque nas duas partes da jaula, e os animais sentirem que não tinham mais  para onde ir. 

Sabe o que acontece no final? Os bichinhos perdem o critério, a vontade de fugir do perigo, se entregam. A partir daí podem levar choque a vontade que não vão mais tentar escapar. Doííiiiído, não é? É. Agora imagina com gente. 

Essa professora gostava muito de dar exemplos com crianças, citava os próprios filhos para explicar situações. Tem pai e mãe que dá presente,  o filho merecendo ou não. Qual é a lógica desse ganho para a criança? Eu posso obedecer as regras da família ou não, eu posso tirar nota boa ou não, eu posso fazer o que eu bem entender, que vou ser presenteado. Sabe o famoso "filhinho de papai"? É a também famosa "síndrome do desamparo" ou até coisa muito pior. 

E o oposto também vale: uma criança vai para o castigo quando faz uma malcriação. Ah ela aprendeu que malcriação não é coisa que se faça. Mas aí um dia o pai chega nervoso em casa, a criança sobe em cima dele para dar um abraço e... o pai sái berrando e bota o filho de castigo por que... Por que? Ah por que ele está nervoso, descarrega e inventa um motivo: ... "por que voce amassou o meu terno"... A criança aprendeu o que ali? Confuso..."eu fui dar um abraço no meu pai e fiquei de castigo.....Ué." 

Passam os dias, os pais estão discutindo em casa, a criança está assustada e  saindo para o colégio. A mãe pára tudo para se despedir, mas o filho se nega a subir no colo dela para dar um beijo. O pai berra: "beija a sua mãe menino!!! Não vai beijar? Então vai para o castigo."..Aí a  criança entendeu que se não subir no colo para beijar, é castigada. Mas se  subir... também. Fazer o que ? .
  
Num exemplo bem "simplinho" assim a gente vê como os pais, as vezes sem querer, só por que são "estressados", criam filhos inseguros para o mundo. Sem a menor noção do que é certo ou errado. Como se comportar ou não. O que fazer para se defender. Sair disso depois, na vida adulta, só com muito esclarecimento, terapia, compreensão do que se passou na sua infância.

E evidentemente, que existem casos, que começam na vida adulta também. Pessoas que foram torturadas   e assim  entraram nesse desamparo aprendido. Ou  muitas vezes aquelas que para agradar um parceiro ou uma parceira, numa relação afetiva, se desdobram e nunca são reconhecidas. Ao contrário, são criticadas, culpabilizadas, segregadas por tudo de inesperado, ou de ruim , ou de complicado que acontece, também podem desenvolver uma sindrome do desamparo. E por "amor" ficam nesse buraco por muito tempo, até o dia em que fazem terapia e caem fora. Ou dão um outro jeito qualquer de se livrar: as vezes até desenvolvendo uma doença e...Ninguém merece não é?

Nos tratemos bem. Muitas vezes é antes só do que mal-acompanhado(a) sim. E chega de carências mal-resolvidas povo. Vamos caminhar. Endorfinar. Quer tranquilidade? Mesmo que ele já esteja aí desde que você se entende por gente, tire o tubarão do seu tanque. Pronto, falei. Que alívio.
foto encontrada no google só para ilustrar o exemplo. Nada que ver com a tal experiência.
Já ia deixar passar: hoje é 2 de fevereiro, dia de Iemanjá. Que lindas as nossas tradições. Que tal um bom banho de mar?








6 comentários:

  1. Bom Dia, Camille!
    Nossa, terrível essa do cachorrinho levando choque de um lado e de outro.
    São coisas assim que me fazem desacreditar na raça humana.
    Tens toda razão, vamos amar mais e cuidar de nossos filhos com lógica e sensibilidade, pois eles não vão entender nada se um dia a gente afrouxa demais e no outro baixa o sarrafo. kkkk
    um abraço carioca

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  2. Anônimo13:46

    É isso mesmo Beth, voce entendeu a lógica direitinho.
    Bjao

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  3. Nada de ficar com remorsos nao, Cam. Dar uma saculejada no povo que tá inerte faz muito bem, rs.

    O tempo é mesmo curto para ser desperdicado como vc escreveu.

    Ah, que judiacao para se chegar a esta conclusao.

    Aqui em casa a lei é dureba. Eles ficam sem o Play Station uma semana se nao fizerem os deveres de casa, ficam sem receber os amiguinhos, deixam a té de ir a algum aniversario dos amiguinhos deles se a coisa for braba.

    Se dermos tudo pra eles sempre eles perdem o interesse pela vida, perdem o interesse pra buscar suas próprias realizacoes porque sabem que de uma forma ou de outra recebem.

    Nossa Cam, isso é muito mais profundo do que se imagina.

    Principalmente com pais que trabalham o dia todo e ai pensam que podem substituir esse vácuo com presentes...

    Bjao e bom fim de semana

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  4. Cam...
    Esse post mexeu muito comigo. Não como mãe, mas como filha...
    É muito triste, no meu caso, chegar uma época da vida, época em que já poderíamos estar estabelecidos, e ver que todo o dom, todo a inteligência que sempre tivemos, não nos serviu pra nada... tudo por conta de uma insegurança de infância, de uma falta de chão, de uma base em que confiar...
    Mais difícil ainda, pessoas que convivem com vc, acharem tudo isso normal... e que essas doenças que aparecem (depressão, pânico), não passam de frescura.
    Não sei onde arrumei forças pra superar tudo isso e dar a volta por cima. Acho que alguém lá de cima, Deus, me ama muito. Só pode ser isso....
    Fiquei muito emocionada mesmo, ou seja, estou escrevendo e chorando...

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  5. Anônimo19:18

    Oi querida,
    Ja te respondi ta?
    Entra em contato comigo quando puder.
    Bjos

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  6. oi querida.
    saudade.
    Camille, eu sei bem o que é levar choque pra tudo o que é lado.
    ter que aguentar os destemperos dos pais, as incoerências não é fácil
    eu acumulei as doenças, estou me libertando delas graças a Deus.
    mas não é um processo simples porque nosso inconsciente nos arma situações bem difíceis.
    Ninguém dá o que não tem, mas é preciso saber improvisar.
    tento não devolver esta raiva contida pra meus filhos.
    Isso tem me ajudado.
    beijo querida....
    bom dia....

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