06 setembro 2011

Amar é bom que dói.




EU ESCREVI UM POEMA TRISTE

Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!
Mario Quintana - A Cor do Invisível

Em determinadas situações da vida, estamos tão sensíveis quanto a pele do bebê que acaba de nascer. Até o ar arde. São momentos em que nos desnudamos, e vamos aos poucos reciclando nossa penugem e todas aquelas etapas de renovação para estarmos mais fortes na existencia.
Nessa embolaçao de processos, de procurar evoluir para alcançar um novo patamar afetivo, regredimos também ao caos mental do recém-nascido que ainda nem sabe pensar. Ao mesmo tempo em que, como estamos bem crescidinhos ja conhecemos um repertório vasto de defesas.
A pele do bebê arde com o ar. E ele é totalmente indefeso. Com algum tempo de convivência com a ardencia, irá se acostumar e a dor dessa fragilidade repentina, da saída do utero materno, irá se extinguindo.
Já o adulto regredido em um momento de início de relacionamento por exemplo, quando se vê obrigado a sair de seu casulo, de sua zona de conforto para aceitar, acolher um outro ser junto de si pode correr o risco de, para não sentir a dor do medo do desconhecido e e da dúvida em dar ou não um novo passo rumo a um outro tipo de renascimento( como encucamos com qualquer palavra atravessada não é?), aplica as defesas velhas conhecidas ao invés de acostumar com a "ardencia". Assim, a cada retorno ao ar de fora do casulo protetor, haverá nova ardencia e dor. Um ciclo vicioso. Por que? Isso cada um de nós terá que descobrir. Eu é que não vou contar. Por que embora conheça a matéria, se for comigo, também acho dificil arder até sarar.
(imagem encontrada em busca no google)

5 comentários:

  1. Cam,

    Na sua metáfora linda, o medo - sempre tão triste e doído - ficou belo e confortável. Trabalho lindo: imagem, Mário Quintana e você.

    Girassóis nos seus dias.
    Beijos

    ResponderExcluir
  2. Camille
    Cheguei aqui através do blog da Celina e adorei.
    Lindo o poema do Quintana e muito lindo e profundo o que escreveu.
    abraços

    ResponderExcluir
  3. O poema do Quintana é lindo, e suas palavras o fecharam com chave de ouro.
    Quando vc diz "Em determinadas situações da vida, estamos tão sensíveis quanto a pele do bebê que acaba de nascer..." é a mais pura verdade, adorei esss post, parabéns!!!
    Beijos =)

    ResponderExcluir
  4. Camile, não encontrei seu e-mail para lhe enviar meu agrqdecimento ao seu comentário. Mas está lá. Obrigada sempre.

    Girassóis nos seus dias.
    Beijos

    ResponderExcluir
  5. Camille, é assim mesmo e todos nós já passamos por momentos delicados como este que descreve, no entanto, temos a capacidade de renovar tudo, até mesmo a sensível pele.
    bjs cariocas

    ResponderExcluir


COMENTE, DÊ A SUA OPINIÃO. Você é a pessoa mais importante para quem escreve um blog: aquela que lê, que gosta ou não gosta, e DIALOGA.
Bem vindas. Bem vindos. Você pode comentar, escrever seu nome e para facilitar, clicar na opção "anonimo", ou pode se inscrever e comentar. Acho a opção, que se coloca o nome e uma forma de contato, + a opçao anonimo, VALIDA. Grata e aguardo seu comentário.

A eutanásia da cachorra. O quarto ao lado. A morte nas cores de Almodóvar.

          Se teve uma situação que me comoveu muitíssimo, me entristeceu e também me tranquilizou, foi quando durante a pandemia, minha fil...