Por que "A Garota da Capa Vermelha" tem um lobo tão grande?

É para te assustar melhor minha audienciazinha!
Com a tecnologia disponível e todos os downloads, é muito mais fácil ser crítico de cinema. Não há condescendecia com a telona por que foi assistir com o namorado, a pipoca está gostosa ou o ingresso foi caro. Você está em casa, quer ver alguma coisa inteligente e só vai deixar rolar se o filme de alguma forma cativar. Do contrário, existem dezenas de outros atrativos.
Hoje comecei a assistir "Água para elefantes". Logo no comecinho, achei a cara tábula rasa do "ator" Pattinson, indecente. ( Me desculpe Sra Culler L'Amour...) Pensávamos que aquele rostinho de mármore era coisa de vampiro. Nada disso. O moço ainda tem muita mordida para levar e dar, antes de se tornar razoável.
Passei então, desconfiada já, para "A Garota da Capa Vermelha"dirigido por Catherine Hardwicke de "O Crepúsculo". Apesar de saber que a quase estrela Amanda Seyfried, em carreira mais do que meteórica depois dos bem-sucedidos Mamma Mia, Cartas para Julieta e O Preço da Traição não ia se meter em qualquer porcaria apenas para ficar com o papel-título. Pois a menina sabe onde põe seu chapéuzinho.
O filme começa em uma improvável aldeia solitária no pico de uma grande montanha, rodeada por uma forte e fantasiosa neblina. Um ambiente mágico, para avisar a você sem demora, que ali vai acontecer um conto de fadas e não um filme de terror de quinta. Ah que bom, então vamos lá.
São poucos atores, alguns figurantes e um cenário resumido. O que já é um grande mérito. Detesto filmes que precisam de muitos artifícios para contar uma história.
Amanda Seyfried cumpre com sua beleza angelical e talento de atriz que veio para ficar, a função da ambiguidade necessária para não sabermos até o final, onde de fato se está pisando. Todo mundo pode ser o vilão, inclusive a mocinha.
Gary Oldman aparece como um padre estranho, nos remetendo com sua figura a alguns filmes de terror bem sucedidos, como o Drácula sensacional em que fez par com a também bonitinha- meio esquisita Winona Rider. Julie Christie, já bem idosa, - o tempo não poupa ninguém. Nem a exuberante Lara do clássico Dr Jivago. - faz a vovó e continua bonita, misteriosa, como uma bruxa cheia de encantamentos e segredos. Poderosa e terna. Mas que também pode ser a malvada da trama.
Parece que todo mundo tem uma faca escondida na bota, pronta para atacar. Chapéuzinho passeia com sua capa vermelha, que mais parece um véu de noiva, um rastro de sangue no meio da floresta cheia de neve branquinha. E a gente vai até o final, se entretendo. Parando um instantinho para colocar o cobertor na filha que ja foi dormir. Elocubrando se aquele ator, pai da protagonista, não está parecido demais com um Stephen King mais jovem. Será que é de propósito? Será que é um filme cheio de referências, para os iniciados? Assim, no estilo Kill Bill de Tarantino? Taí, será que o aparente excesso de referencias então homenageia Tarantino e sua coragem de expor o medo sem medo de ser feliz? Não é tanta coisa, é só um filminho bem feito e sem maiores pretensões. Recontando Chapéuzinho Vermelho quase ao pé da letra. Eu é que ando assistindo tanta porcaria, que qualquer ventinho me refresca as idéias. Ainda assim, posso dizer que gostei. E recomendo. Vale o seu ingresso. ( Amanda Seyfried, em foto para divulgação do filme. Busca no Google)