Minha filha diz que quer ser cineasta e outro dia me peguei
dizendo a ela:é bacana. Mas aqui no Brasil é feito ser escritor. A pessoa quase que paga para trabalhar. A menos que seja roteirista de televisão ou faça filmes
publicitários. Dá para fazer.
Eu por
exemplo, fiz muito roteiro publicitário, fiz peça, mas nunca nem ousei
imaginar, ser cineasta. E ao ouvir a
minha filha,e não só isso, perceber sua vocação, nas coisas que cria com
recursos de computador, pensava: pra onde essa mocinha vai , se quiser mesmo, estudar cinema?
Gosto de
alguns filmes brasileiros. Mas essa toada de favela, sertão ou gente na praia,
tem que ser tremendamente criativo para a coisa não ser mais uma. Tipo: Urubus e Aspirinas. Um super filme
contemporâneo, cuja paisagem e parte do tema, é o sertão. Enfim, devaneios de quem acompanha com interesse
o desenvolvimento do cinema... argentino. E fica com um olho comprido,
espiando. E esperando o dia em que teremos essa soltura. Essa
possibilidade de simplesmente falar de
gente, de um jeito atual ou
atemporal, mas numa universalidade de
temas, para não falar – num tema universal e rimar mais uma palavra.
Mas é isso
mesmo. Sinto falta do tema universal. Daquilo que se aprende no colégio, em literatura: esse tema é
local ou universal. Por que? E a gente começa a entender isso. O que qualquer
pessoa poderia sentir em qualquer canto do
mundo ocidental. Querer mais ,é querer demais. Mas até é possível que
alguns temas despertem um sentir comum à
espécie humana, além do medo da morte. Mas até a morte é sentida de maneiras muito
distintas em cada povo, tirando o pé do mundo ocidental e burguês.
Voltando: o cinema argentino. Queria um pouco do que o filme argentino consegue, para o
nosso cinema. E hoje assisti um filme brasileiro que me deixou animada:
“Entre Nós”.
Filme com atores amadurecidos na televisão e nem por isso menos atores. Gostei
da atuação de todos eles. Da iluminação.
Do roteiro como um todo. Do argumento simples, talvez nem tanto original: como em “A Idade da Razão” onde uma menina de
7 anos escreve cartas para ela mesma ler
aos 40, “Entre Nós” conta a história de
um grupo de amigos , num sítio, que resolve escrever uma carta cada um, para ser lida em 10 anos.
poster de divulgação
Dez anos
depois estão eles lá, mais maduros, mais amargos, menos inocentes, mais eles mesmos com 10 anos
a mais, de trajetória na vida. Muito bem.
Diferente de conhecer o enredo, me agrada o como. Como ele é contado,
mostrado, representado?. Essa é a obra do diretor, que no caso, é também o roteirista. Transformar alguma coisa, dar vida a um
roteiro, de forma singular.
Já assisti
filmes, com alguma semelhança: amigos que voltam a se encontrar anos depois e
expõem seus dramas. Me lembro de um filme inglês excelente, em que os amigos se
reúnem em função do enterro de um deles.
Que sejam
referências ou não para o diretor Paulo Morelli, não importa. A gente vive de
referências. Bacana é conseguir pegar todas elas e fazer alguma coisa de bom. Ele fez. Esse filme é emocionante. A câmera a maior
parte do tempo, é bem focada no rosto dos atores e sua expressão. E definitivamente aquela iluminação, traz um novo ar, para nossos filmes tão
naturalistas na fotografia, que parecem, as vezes, que estamos vendo novela no telão. Não, esse não é novela. Nem nada na televisão. É cinema.
Buscando uma linguagem, que não seja aquela, a de sempre.
Elenco de Entre Nós. Imagem de divulgação
encontrada no Google.
Do mesmo
diretor já tinha visto: Cidade dos Homens e Vips. Gostei mais desse, muito mais.
É possível
que daqui a uns 10 anos o Brasil tenha uma bem estruturada escola de cinema, que
ofereça uma opção de futuro brilhante. De talento,
técnica, e incentivo à criação de novas linguagens. E tomara que existam verbas em abundancia, para
patrocinar belas produções. Que nem precisam ser mega. Mas possam contar uma
história, com distinção. Como faz o "Entre Nós".
Valeu.
eu quero muito ver esse filme. fiquei triste que saiu dos cinemas e só estavam eu um único bairro em são paulo infelizmente. nem li pra não saber detalhes. beijos, pedrita
ResponderExcluirPena mesmo, filme brasileiro nao dura no cinema, tem pouco publico, pouco incentivo Pouca distribuiçao tb acho eu, As casas de cinema não investem,,,
ExcluirPodia ter uma sessão dupla ne? Assista um americano e um nacional pelo preço de um.... Tb quem vai querer fazer isso? Sei la, é uma ideia. Bjosss
Que legal!
ResponderExcluirQro assistir ^^
É minha primeira visitinha aqui no Blog... E Vou voltar! Haha
Já tô seguindo :))
Se der me faça um visitinha, comente e siga
http://francielebazan.blogspot.com.br/
Bacana Fran. Vou visitar o teu sim. Bjos e obrigada pela visita.
ExcluirCam