17 outubro 2009

Suavidade.

São 7.40h da manhã e passa um carro com alto falante: "alô galera de cowboy, alô galera de peão". Hoje é sabado e acordei bem antes do barulhão com outros barulhinhos que permeiam a vida nesse lugar para o qual retornei após a separação. Para este apartamento que voltei a chamar de lar.

Aqui, nos próximos parágrafos eu escreveria sobre uma lista de problemas, mazelas, lamentos, perdas. Vou pular essa parte. Estou cansada até do cansaço que tudo isso me causou. Então vou direito ao que interessa: a suavidade.

Dizer que a vida em geral é fácil, tranquila e extremanente divertida não seria verdade não. É só olhar nos jornais. É só estar desperto que se percebe justo o contrário. Mas é possivel tentar e até conseguir, driblar a confusão. Com a força da suavidade.

Há quase dois anos, quando viemos para cá, tive essa conversa com minha filha que já vai fazer nove anos. Ela foi um bebê bravo, daqueles que choram e berram quando querem alguma coisa e são contrariados. Uma menininha pequena, daquelas espoletas que dão um canseira no melhor dos atletas. Mas ao crescer foi se suavisando. Nem tanto. Tinha umas discussões comigo, daquelas de irritar muito. E acabava levando grandes broncas. Até o dia em que percebi que a melhor palavra para definir um estado de espírito mais gratificante para nós duas, é a suavidade. Comecei a falar sobre isso com ela, sobre a capacidade que temos de falar calmamente o que queremos. Saber conversar, saber ouvir, saber calar. Respeitar. Respeitar-se.

Tomar banho com calma e relaxar, vestir uma roupinha gostosa, curtir o ficar cheirosinha. Brincar sem pressa, como se tivesse que daqui a pouco fazer outra coisa. E tantas outras maneiras de driblar a ansiedade.

Sim, foi o que percebi, que diante do caos do mundo, é preciso cuidado, preservação. A vida tinha acabado de nos dar uma surra. E precisavamos ainda de mais cautela para não cairmos de boca no frenesi que acontece em cada esquina. Saber nos juntar a tribo que quer a mesma coisa que passamos novamente a buscar.

Penso que, mesmo de volta ao apt barulhento e poluído. Sinusites frequentes e necessidade de mudança a parte, estamos conseguindo. Tivemos que deletar algumas pessoas e temas da nossa vida. Tirar muitos excessos de brinquedos, roupas, questões, para caber de novo aqui. Tirar problemas, para sobreviver bem. Deixar o barco mais leve, para que não afundasse.

Hoje eu e minha filha não levantamos mais a voz uma com a outra, nosso carinho ficou mais evidente. Ficamos suaves entre nós. E percebo que ela ampliou essa suavidade aos seus amigos e colegas da escola. Sabe olhar com muita precisão a gangorra emocional de algumas meninas da turma. Brincamos sobre a "fila" do Dr "Castanho". Um personagem psiquiatra da novela Caminho das Indias.

Estamos no furacão que é a vida. Mas estamos aprendendo, eu e ela, a reerguer a "Fortaleza de Salomão", uma metáfora que considero boa como qualidade de vida e como lembrança constante de que um ambiente equilibrado, uma convivencia boa consigo mesma e com quem nos cerca é importante e fundamental. É isso, que não chama fraqueza e nem censura, mas estratégia de sobrevivência.

Aqui na blogosfera, eu olho para os blogues Saia Justa e o Luz do Sol na Suécia, e percebo essa força nas suas donas. Uma mora na Alemanha e a outra na Suécia. Ah, lá parece mais fácil? Com certeza. Mas elas encontraram o canto delas. Ali souberam construir o que lhes faz bem. Desconheço suas guerras internas, por que ninguém disse aqui que o ser humano vive em paz. Isso já é um patamar talvez para monges. Vivemos em luta, mas o importante é que alguma coisa benéfica à nossa saúde mental e física sempre vença, ou na maior parte do tempo, vença.

Intuo que no blogue Meu Jeito de Ser também se esteja buscando, com persistencia, essa força. E se digo o nome dos blogues e não o de suas donas´, é para vocês poderem dar uma clicada ali ao lado. Fora do que para mim é virtual, no meu mundo real, também encontro pessoas assim, famílias, amigos. Ainda bem. Escolho esse caminho. E que sigamos em frente.

Beijos e bom final de semana para todos nós.

23 comentários:

  1. Oi Camille.
    Exemplar a tua perserverança diante das vicissitudes da vida.
    Estimulante a sabedoria que - assim evidenciam tuas palavras - adquires enquanto trilhas o teu caminho.
    Terna a relação com a tua filha.
    Bonito o teu jeito de viver.

    Um beijo suave.

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  2. Lindo o texto. Também acredito e pratico a Suavidade no meu dia-a-dia.

    "Deixar o barco mais leve, para que não afundasse."

    Linda essa frase, singela, linda e suave. Parabéns! É sempre um banquete para a alma ler o seu blog.

    Bjs

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  3. Imagino que não é fácil administrar perdas, mudanças, mas a vida pegue seu rumo.
    Achei bárbaro sua relação com sua filha, tenha certeza que esses valores ela nunca esquecerá.
    Realmente vocês são uma fortaleza.
    Importante olhar sempre para frente.
    Bom fim de semana
    Divirtam-se
    Bjs

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  4. Cam, eu tive uma pessoa muito especial na minha infância que dizia repetidas vezes "Calma e elegância". E essas duas palavrinhas sempre aparecem nos meus pensamentos quando estou diante de situações difíceis. É nesta hora que ao invés de contar até cinco, coloco no repeat "Calma e elegância" mesmo que isto seja irritante aos outros, àqueles que esperam uma reação raivosa.
    E acredito que na vida só temos dois caminhos a seguir - o certo e o errado - cabe a nós fazermos a distinção, escolhermos, se queremos continuar no sofrimento ou não. Mas lógico, isto não vem pronto! A vontade de melhorar a nossa vida, as nossas relações, a nossa paz interior e outras coisinhas, é que nos dá impulsão para enxergar o lado bom da vida e tirar dela o melhor proveito!
    Gostei muito de saber um pouco mais sobre você! Beijus

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  5. Acordar com um carro tocando isso, já arruinaria o meu dia!

    Ow, posso te perguntar uma coisa?
    Tem orkut?

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  6. Cam, a suavidade. Muitas vezes, ela nos vem do nada.Assim como some do mesmo jeito.
    Gostod e seus textos.
    Sonoros e carinhosos.
    bjs e dias felzies

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  7. Mas, votlando aoa ssunto....CAM, RECOMECAR..NEM SEMPRE É FÁCIL. Mas podemos vencer os desafios.
    Quantoa viver no exterior..eu creio que, todo mundo, inicialmente, tem seus desafios. E els sao maiores ou menores dependendo do tempo que se está vivendo.
    Para se encontrar a calmaria noe xterior...leva-se anos. Mas isso é outra história que dar um post.

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  8. São situações de mudanças e perdas q descobrimos a força que habita em nós.
    Big Beijos

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  9. Belo post, fico feliz que deixe de lado o peso. Eu estou tentando tb :)
    É bom tomar banho, pasar um creme, tomar um suco de hortelã- acabo de tomar, com maçã- e ouço a Tv "Norma", adoro ópera- e assim a vida segue.
    Ah! eu tb adoro um vestidinho, mas de vez em qd uma calça comprida tb seria bom- mofam- tenho q lavar de vez em qd :)
    Bjão p vc e sua filhota e boa sorte.
    Elianne-laura(sempre torcendo por vc)

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  10. Há anos que eu tento trazer um pouco de suavidade pra minha vida, mas antes preciso encontrar um lugar para chamar de meu, sabe? Ainda não achei, mas estou procurando, rs
    Beijos

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  11. Vcs são lindas as duas, ela não conheço tb, mas vc é lindo, inteligente, suave e sensível, sempre me passou a sensação de uma pessoa boa para se conviver!
    Ah, e vc também é uma mulher forte, enfim admirável.
    Lindo post, mandei um e-mail para vc que espero seja entregue =).
    beijos minha amiga.

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  12. gostei do jeito q vc falou d encontrar essa suavidade e driblar a ansiedade
    parabens pelo texto,´hoje em dia vc está a beira d um colapso

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  13. Camille querida:
    Essa força que você busca, você encontrará sim, com toda suavidade.
    As dificuldades e o sofrimento nos fazem fortes, sem contudo perdermos a suavidade. Nos tornamos uma rocha, principalmente quando o que está em jogo, é a felicidade de nossos filhos.
    Dividimos com ele nossas alegrias, nossos medos, e nos aproximamos e nos tornamo cúmplices deles nesses momentos.
    Dia virá, em que você olhará para trás, e sentirá orgulho de ter agido como agiu, de ter conseguido atravessar o furacão, de estar viva, e de ter ensinado sua filha viver com suavidade. É ela que ameniza nossas dores.
    Muito carinho prá vcs duas.
    Beijos.

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  14. Oi Camille!

    Os ventos fortes vem e vão: o importante é a gente acreditar na nossa força interior e enfrentá-los.

    A suavidade cria o caminho ideal para ultrapassar essas barreiras.

    Bom saber um pouco mais de você minha querida. Fiquem bem, você e filhota.

    beijo grande e boa semana.

    PS: Os versos daquele post das crianças são meus. Obrigada pelo doce comentário.

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  15. verdade.
    esta palavra precisa ser incorporada no mundo de hoje.

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  16. Nossa, que situação chata :/
    Realmente, orkut expõe mto a pessoa.Tenho mesmo pra manter contato com amigos.

    Então vc mora em SP, né?!
    Pretendo morar aew em alguns anos.

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  17. EU ADORARIA FAZER TERAPIA,MAS TA MEIO CARO,E EU NÃO POSSO ARCAR COM DESPESAS NO MOMENTO,O BLOG É UMA FORMA D ME AJUDA E D TROCAR EXPERIENCIAS E VER Q NAO SÓ EU Q TENHO PROBLEMAS,E AS PESSOAS DÃO CONSELHOS É MUITO BOM.
    NÃO EU NÃO SOU D SAO PAULO MORO NO MATO GROSSO EM RONDONOPOLIS FAÇO O 1 ANO D PSICO NA UFMT,MAS TIPO KUANTO AO LINK EU TBM NÃO SEI NADA D TECNOLOGIA RSRSRRS

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  18. olá, muito bacana o teu texto!!!! pois é, situações como essa sempre acontecem!!! t+

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  19. E a suavidade pode e deve estar em tudo, assim como esteve aqui na simplicidade linda deste texto.

    Parabéns.
    Bjs
    Ká Montone

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  20. Cam, querida!
    Q texto lindo e suave.Vc aqui mostrou toda suavidade e for§a de sua alma.
    Obrigada por citar meu blog. Gostei de ler:"Ali souberam construir o q lhes faz bem." Pois é...falaste bem ..."construir". A gente constrói o q existe de bom ou de ruim dentro de nós. Cada um escolhe o "caminho e as ferramentas" de sua "constru§ão". Eu escolhi a leveza, a paz, a suavidade.
    Tenho sim minhas "guerras internas", minhas saudades, meus momentos difíceis estando longe dos meus e morando num país com cultura tão diferente da minha mas nem por isso preciso mostrar e passar fluídos pesados e negativos a quem me ler.
    Uma vez fui "atacada" na blogosfera q mostro um "mundo cor-de-rosa" q não existe. Talvez não existe p quem vive nas trevas, olhando negativamente a td q está a seu redor e sem puder ver uma luz de esperan§a e positividade. P esses "seres" dou meu desprezo e sinto pena pois são seres sem crescimento espiritual. E eu continuo vivendo a vida da cor q me trás alegria,leveza e positividade.
    Bjosssss

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  21. PARABÉNS! O SEU BLOG É DESTAQUE NA GAZETA DOS BLOGUEIROS. VENHA RECEBER O SEU TROFÉU. ABRAÇOS!!

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  22. PARABÉNS! O SEU BLOG É DESTAQUE NA GAZETA DOS BLOGUEIROS. VENHA RECEBER O SEU TROFÉU. ABRAÇOS!!

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  23. Cam,

    essa suavidade, que descreves tão bem deveria sempre permear nosso caminho. Sou ansiosa, não consigo esperar as coisas acontecerem e isso me trás sofrimentos grandes. Estou tentando aprender, me reciclar para evitar novas dores. Vou voltar mais vezes aqui pra te ler pq posso aprender muito contigo.

    Beijos carinhosos

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